Lua Nova em Libra – Aceita o desafio?

A Lua Nova em Libra de hoje (04/10/2013, 21h34min, Brasília) vem fazer algumas perguntas impertinentes e lançar um desafio difícil de ser ignorado, dadas as configurações presentes no céu nos tempos atuais.

Libra é o signo da harmonia por excelência. Da busca do equilíbrio e da beleza na vida. É um signo social, orientado para o relacionamento, não o relacionamento das trocas emocionais profundas, como é o caso dos signos de água, mas das trocas e afinidades intelectuais mais altas, dos debates filosóficos civilizados. Em Libra o Eu encontra um Tu, assim, diplomacia, conciliação e estratégia, qualidades tipicamente librianas, fazem um contraponto à rudeza, impaciência, impulsividade e à frontalidade de Áries.

Uma Lua Nova em Libra nos propõe então uma reflexão sobre a necessidade de equilíbrio na vida e nos relacionamentos. Sobre achar o ponto certo de harmonia entre o “eu” e o “nós” em detrimento do meramente individual. Sendo Libra um signo Cardinal, é necessário que ações sejam efetivamente adotadas nessa direção, ao invés de ficarmos somente no discurso.

Porém, essa Lua Nova ocorre como parte de uma configuração em Cruz com Plutão em Capricórnio e Urano em Áries e cada vez que a configuração Urano-Plutão é tocada, seus temas onipresentes são realçados de forma especial. Além disso, essa Lua Nova em contato com Urano-Plutão é particularmente importante para a geração que nasceu nos anos 70, quando Plutão e Urano trafegavam o signo de Libra.

Urano tem ação radical e extrema e representa o princípio da rebeldia e do inconformismo. Uma de suas expressões possíveis é rebelar-se contra os ideais do signo em que trafega, e no mínimo, ele vem questionar e propor mudanças radicais na forma como os temas relacionados ao signo em questão são vivenciados, em nível individual e coletivo.  Plutão, por outro lado, representa poder, crises, destruição, morte, eliminação, purgação e reciclagem de tudo aquilo que não está funcionando, mas que vem sendo escamoteado, jogado para debaixo do tapete. Sendo um símbolo da sombra coletiva, ele traz à tona aquilo que ficou escondido, por um motivo ou outro, obrigando-nos a olhar para o que está errado, propondo uma destruição da presente forma para que uma reestruturação profunda possa ocorrer. Então, Urano e Plutão trafegando Libra nos anos 70 simbolizaram, entre outras coisas, o fim dos ideais de perfeição nos relacionamentos, um questionamento quanto à indissolubilidade do casamento, a despeito de sua hipocrisia e falácia.

Com o advento da pílula contraceptiva nos anos 60, veio a revolução sexual e a mulher já não ficava tão à mercê dos ritmos biológicos de seu corpo, podendo também entrar no mercado de trabalho e ser mais financeiramente independente do homem, tornando-se mais livre para fazer suas escolhas de forma mais genuína. Sue Tompkins diz: “Plutão em Libra expôs a desigualdade entre homem e mulher, o que fez surgir os movimentos feministas no ocidente e mudanças quanto a um maior equilíbrio de poder entre os sexos.” De fato, as relações de poder entre homem e mulher começaram a mudar de forma definitiva naquela década – No Brasil, por exemplo, o divórcio foi instituído oficialmente em 1977, e até então, o desquite colocava fim à convivência e à sociedade conjugal, mas o vínculo matrimonial permanecia.

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Em resumo, Urano e Plutão trouxeram à tona o fracasso dos modelos de relacionamentos vigentes até então, fracasso esse que já perdurava há muito tempo, mas que não era discutido. Esse fracasso foi particularmente difícil de encarar pela geração adulta de então, nascida entre 1942 e 1956, a geração nascida com Netuno em Libra, que representava um ideal de perfeição nos relacionamentos afetivos impossível de alcançar e obviamente sujeito a desapontamentos. Por outro lado, a geração que nasceu com Urano e Plutão em Libra, cresceu assistindo à falência do casamento de seus pais e a destruição do modelo de família tradicional que se tinha na época. Essa geração cresceu sem grandes ilusões quanto a esse tema, sabendo que os “laços sagrados do matrimônio” nem sempre são indissolúveis.

Pois bem, essa geração nascida nos anos 70, com Urano e Plutão em Libra, passa atualmente pela crise que dá início à famosa crise de meia idade: a quadratura Plutão-Plutão, somada com a oposição Urano-Plutão, Urano-Urano seguida depois ela quadratura Netuno-Netuno, a crise que representa um divisor de águas em nossa caminhada, quando somos obrigados a confrontar nossos sonhos de juventude e o que fizemos com eles, com o que de fato realizamos na vida. Para a geração Plutão em Libra relacionamentos funcionam como catalizadores de transformação pessoal e precisam ser vividos com honestidade ou então estamos fadados a sair de uma crise ou relacionamento destrutivo só para entrar em outro logo ali à frente. E um dos questionamentos trazidos então pela tal crise de meia idade, inaugurada pela quadratura Plutão-Plutão, que ocorre entre os 36 e 38 anos, é exatamente como estamos vivenciando nossos relacionamentos.

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A Lua Nova de hoje vem fazer perguntas especialmente pertinentes, ou melhor dizendo, muito impertinentes,  para essa geração, que teve que lidar desde cedo com as desilusões e desapontamentos das relações humanas e sua conseqüente falibilidade: Como exercemos o equilíbrio entre o dar e o receber dentro dos nossos relacionamentos? Como balanceamos (Libra) necessidades de liberdade e expressão individuais (Urano em Áries) versus o desejo de relacionamentos (Libra) estáveis e duradouros, porém honestos e verdadeiros (Plutão em Capricórnio)? Como administramos e lidamos com nossa vontade de poder pessoal e com as questões de poder dentro do relacionamento? Como harmonizamos o conflito entre a necessidade de honestidade dentro da relação e a busca por harmonia e paz? Essas perguntas são ainda mais cruciais porque Vênus, regente de Libra trafega Escorpião, exigindo profundidade, verdade e honestidade no escrutínio. Considerando que Mercúrio e Saturno também estão em Escorpião, isso torna-se mesmo dever de casa diário.

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Lovers – Van Gogh

De fato, essas são perguntas mais que impertinentes. Mas para além dos questionamentos, essas perguntas, se levadas a sério, tornam-se desafios, porque sendo cardinal essa Lua Nova exige que saiamos do blá-blá-bla e mudemos, de fato, de atitude. O desafio proposto é construirmos relações cada vez mais honestas e transparentes, honrando nossas necessidades individuais de vínculos duradouros sem nos mutilar em função desses vínculos (Sol-Lua em Libra);  ter uma relação saudável com nosso poder pessoal para que não precisemos manipular o outro como conseqüência de nos sentirmos impotentes interiormente (Plutão); ter coragem de confiar em si e no outro, desenvolvendo interesses fora da relação, que preservem a individualidade e respeitem a necessidade de liberdade de cada um, mas que também enriqueçam o tempo de viver a dois (Urano). Sobretudo, o desafio mais difícil de todos: ter coragem de acreditar que relações duradouras e honestas ainda é um sonho possível, questão dolorosa e difícil de lidar para a geração adulta de hoje, essa geração Urano-Plutão em Libra, que nasceu nos anos 70. Mas acreditar nesse sonho não quer dizer ser ingênuo e entrar cegamente nas relações. Antes, é estar ciente da vulnerabilidade e falibilidade humanas, as suas e as do outro. É estar ciente de que o relacionamento se constrói todos os dias um pouco, sob a vista constante de anjos e demônios, e que por isso, exige que vigiemos permanentemente tanto o cenário interno pessoal quanto o cenário exterior do relacionamento e exige também cuidado e investimento constantes, no próprio desenvolvimento interior e no enriquecimento diário da relação.

E então, aceita o desafio?

Nota: Urano entrou em Libra em outubro de 1968, retrogradou a Virgem rapidamente em meados de 69, permanecendo em Libra até setembro de 1975, já Plutão entrou em Libra em outubro de 1971, retrogradou a Virgem por um período bem curto em 1972 para voltar em seguida a Libra, ficando neste signo até meados de 1983/1984.

Lua Nova em Libra 2013
Lua Nova em Libra 2013, 04 de outubro de 2013, 21h34min, Brasília

mariaeunicesousa

Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

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