Lua Cheia em Gêmeos – A solidariedade que nos salva

A Lua é Cheia hoje, 25/11/2015, às 20h44min no horário de Brasília e às 22h44min no horário de Lisboa. A Lua Cheia é a culminação de um ciclo de 28/29 dias, o ciclo mais rápido de todos os ciclos astrológicos e que conta como os ciclos maiores se desdobram no dia a dia na Terra. A Lua Cheia, por ser a culminação do ciclo, é a colheita de tudo o que foi plantado na Lua Nova, assim, é um estágio de celebração pelas recompensas de todo o esforço empreendido no período, ou, no caso contrário, é um momento de fracasso e desolação em que se constata que as sementes não eram boas, houve pragas ou inundações que comprometeram os resultados, de modo que em lugar de celebração há choro e lamento. Como culminação, é também o começo do fim e sugere um momento de crise e polarização, de divisão e de reorientação da energia e dos objetivos. Mas e neste ciclo em específico, celebramos ou lamentamos? Olhemos para nossa própria vida e para o mundo ao redor: temos motivos para celebrar?

lua nova esc
Lua Nova em Escorpião – 11 de novembro de 2015, 15h47min – Brasília-DF

Este ciclo se iniciou em Escorpião, na Lua Nova do dia 11 de novembro. Uma Lua Nova sobre a qual não escrevi, porque estava “prostrada” – a Lua caiu em pontos nevrálgicos do meu mapa, simbolizando um momento de desnorteamento e debilidade. Mas resumindo muito, na Lua Nova ocorrida a 19°00 de Escorpião, Lua, Sol e Mercúrio estavam em sextil a Júpiter em Virgem e os três em quincunce a Urano, tornando-o foco de um Yod-Dedo de Deus, sugerindo um ciclo de muita instabilidade, mudanças abruptas pessoais e coletivas, rupturas em que o individuo ou grupos se rebelam e ainda traz uma qualidade fatalista, como é o característico de Yods.

lua cheia em gemeos
Lua Cheia em Gêmeos, 25 de novembro de 2015, 20h44min – Brasília-DF

Já o mapa da Lua Cheia, levantado para Brasília (25/11/2015, 20h44min, Brasília DF), traz a Lua a 03° de Gêmeos, em oposição ao Sol, Saturno e Mercúrio em Sagitário, todos eles em quadratura a Netuno, que é ponto focal de uma T-Square Mutável. T-Squares mutáveis sugerem muita dispersão de energia, inquietude, ansiedade, nervosismo e vacilação. Todavia, o mais dramático neste mapa é observar que a Lua Cheia acontece a menos de 12 horas antes da quadratura partil (exata) entre Saturno e Netuno, e como sabemos, lunações são momentos em que a energia fica mais volátil e potencializada e podem funcionar como gatilhos para a manifestação das configurações lentas. Leia sobre a atual configuração Saturno-Netuno.

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Oswalda Grigas – Reprodução de Wikimedia Commons

Além da oposição a Saturno e quadratura a Netuno, a Lua ainda faz sesqui-quadratura a Vênus e trígono a Marte em Libra, que por sua vez, está em quincunce de menos de um grau a Netuno, adicionando irritação e inconsistência a essas energias. O eixo Gêmeos-Sagitário,  como eu dizia em outro artigo de Lua em Gêmeos, é o eixo do conhecimento, aprendizado, viagens, educação, comunicação,  o micro versus o macro, análise versus intuição, a árvore versus a floresta. Em Sagitário miramos alto, apontamos para o infinito, buscando elevar nosso espírito acima dos limites humanos. Em Sagitário filosofamos, buscamos significado, voltamo-nos para o futuro e o projetamos, auspicioso e alvissareiro. Em Sagitário somos a águia da montanha que sobrevoa a amplidão e tudo vê com sua visão de longo alcance. A visão é macro, é a visão do todo.

Mas em Gêmeos descobrimos que precisamos integrar aquilo que antes ignorávamos ou talvez até desprezávamos: os detalhes, o “como fazer”, a realidade imediata em contraponto às projeções de futuro; em Gêmeos percebemos que a visão macro é importante, é vital, mas não funciona sozinha, pois vai deixar escapar detalhes que também são essenciais e que não são visíveis lá de cima, é preciso se estar perto para percebê-los. Gêmeos avisa a Sagitário que se não prestamos atenção aos detalhes, ao aqui-e-agora, ao “como fazer” bem feito, estamos fadados a repetir erros que podem culminar em calamidades porque escolhemos ignorar os tais detalhes que antes pareciam “insignificantes”, em função da visão maior, que no final das contas fica comprometida. Gêmeos-Sagitário também é o eixo da informação e propagação de notícias, enquanto Gêmeos coleta as informações, Sagitário as espalha/distribui. E que notícias e informações a Lua Geminiana vem coletar? Infelizmente, notícias nada alvissareiras. Essa Lua Cheia salientando a quadratura Saturno-Netuno vem enfatizar seus temas e vem nos obrigar a lidar com eles, a deixar que finalmente a “ficha caia”. A Lua Cheia vem escancarar a crise política, social, econômica e ambiental ainda mais, de modo que todos possam entrar em contato com ela e de modo que se possa refletir, no detalhe, sobre as implicações maiores do momento em que vivemos.

Um ponto de atenção é que a Lua Cheia, além de destacar Saturno-Netuno, cai em quadratura minguante à Lua do mapa do rompimento da Barragem da Vale/Samarco. Talvez muitas notícias venham à tona nos próximos dias, referentes ao desastre. Considerando-se que Mercúrio está em quadratura a Netuno, é muito difícil se ter clareza sobre o acontecido, é muito difícil saber o que é verdadeiro e o que é engôdo, mascaramento ou maquiagem dos fatos. Mercúrio é muito importante aqui, por ser o regente da Lua Cheia. E ele também joga luz extra sobre tudo isso ao fazer conjunção a Saturno e quadratura a Netuno – muitas informações vindo à tona e sendo reveladas de forma muito espalhafatosa e infame, notícias duras de assimilar e digerir. O dia, aliás, começou com notícias bombásticas sobre um senador, um banqueiro e um advogado sendo presos sob alegação de atrapalhar as investigações da Lava-Jato. Na mesma operação a Polícia Federal apreendeu documentos – também assuntos de Gêmeos/Mercúrio – diversos no Congresso Nacional em Brasília.

Mercúrio, regente da Lua Cheia, está em oposição a ela e envolvido na mesma configuração Saturno-Netuno, indicando grande dificuldade em assimilar emocionalmente todas as informações que nos chegam, ou, ainda um problema na comunicação daquilo que sentimos, a tarefa complexa e ingrata de digerir notícias difíceis, que causam desalento. Além disso, Mercúrio está em recepção mútua com Júpiter em Virgem – Mercúrio rege Virgem e Júpiter rege Sagitário, então, ambos como que “trocaram” de casa – e Júpiter está em oposição a Quíron em Peixes, sugerindo que não temos para onde correr, para onde olharmos veremos as feridas abertas da falta de controle e de limites e da irresponsabilidade criminosa. O Sol Sagitariano olha o macro consternado por uma visão que mesmo seu mais largo otimismo não consegue superar e a Lua Geminiana lhe replica que não adianta lastimar-se sobre cuidados que não foram tomados, é preciso se ater aos fatos e detalhes, concentrar-se no aqui e agora, para evitar que outras tragédias tomem lugar e que as más notícias, as fraudes e a lama, literal ou figurativa, se propaguem ainda mais – sabe-se, por exemplo, que as barragens de Germano e Santarém, ambas sob administração da Samarco, também correm risco de rompimento e devem ser monitoradas cuidadosamente para que não tenhamos um desastre ainda maior.

O Símbolo Sabiano do grau 04 de Gêmeos (03°20’) traz uma imagem que acena com otimismo e perspectiva e que ajuda a aliviar a atmosfera pesada: “O azevinho e o visco trazem o Espírito do Natal para uma casa”. O símbolo nos fala claramente de celebrações e festas em família, com pessoas que nos são caras e íntimas. Lynda Hill, analisando este Símbolo, diz que ele também fala “da necessidade de nos reconectarmos com entes queridos, ou, num sentido mais amplo, com a humanidade; de descobrir os pontos fortes e as alegrias que vêm dos laços culturais e religiosos que nos mantém juntos. Mesmo que vivamos nossas vidas como entidades separadas, estes laços servem para fortalecer a cada um em particular. Lembrar-se uns dos outros ajuda a manter as conexões fortes e reforçar nosso espírito de pertencimento”. O símbolo fala ainda do valor da comunidade, dos gestos simples de generosidade de uns para com os outros. Por outro lado, ela diz – como tudo tem um “outro lado”, especialmente em se tratando de Gêmeos e sua dubiedade – há o risco de se utilizar truques ou artimanhas superficiais para se atingir os objetivos ou a felicidade, além do risco da negligência para com aqueles que nos são caros e ainda o risco de resvalarmos em atitudes e mentalidade mesquinhas – olha aí de novo o potencial de “maquiagem” da verdade.

Assim, este Símbolo vem nos lembrar que nem tudo está perdido; que em tempos difíceis ou em tragédias, precisamos fortalecer os laços afetivos, fortalecer a fé uns nos outros, buscar o apoio e o abraço que nos faça sentir que pertencemos a uma comunidade. O senso de comunidade também é salientado neste símbolo e aqui lembramos que é na dificuldade que o ser humano muitas vezes mostra o seu melhor. Assim, precisamos recorrer a esse espírito de comunidade humana e nos solidarizar com aqueles que atravessam vicissitudes, seja através de orações e vibrações de amor e compaixão, seja através de ações concretas, por menores que sejam. Por mais desoladores que sejam certos acontecimentos, não podemos deixar que eles moldem nossas perspectivas de maneira excessivamente sombria. Precisamos olhar o passado e aprender com ele, para não repetirmos os mesmo erros indefinidamente.

E, respondendo à questão inicial, embora sempre tenhamos muito a agradecer, a começar pelo fato de estarmos vivos, temos pouco a celebrar. Podemos refletir e nos sintonizar com uma nova consciência, que com sorte, será despertada a partir dos eventos nefastos deste ciclo; e temos a agradecer a solidariedade de todos os que se prontificam a ajudar, de longe ou de perto, algo que não nos deixa perder a fé no ser humano. Em lugar de celebrações, precisamos prestar nosso apoio e solidariedade àqueles que perderam tudo, a outros que perderam entes queridos – e aqui eu falo de todas as vítimas de guerras, da Siria, da Nigéria, da violência em qualquer lugar, guerras oficiais ou não e de todas as vítimas de desmandos humanos – e prestar reverência aos que se foram e à própria Natureza devastada, porque, em tempos como estes, é a solidariedade que nos salva do abismo e do absurdo. Mais do que celebrar, a Lua Cheia sugere que meditemos profundamente sobre os acontecimentos e repercussões deste ciclo, buscando assimilar seus aprendizados.

mariaeunicesousa

Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

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