Lua Nova e Eclipse Anular do Sol: É o que é e não o que você gostaria que fosse

A Lua é nova nesta quinta-feira, dia 1° de setembro às 06h03min no horário de Brasília e às 11h03min no horário de Lisboa. Esta lunação é também um Eclipse Anular ou Anelar do Sol, um eclipse que é total, mas devido ao fato de a Lua estar no seu apogeu, ou seja, no ponto mais distante da Terra, não cobre totalmente o círculo do Sol, ficando uma espécie de anel de fogo, magnífico, fascinante e ao mesmo tempo, assustador, ao redor da Lua daí o nome anelar ou anular.

Este é um eclipse bastante tenso, porque ocorre no mesmo dia em que o Sol faz quadratura exata, ou seja, ocorre em quadratura a Saturno em Sagitário e também em oposição a Netuno em Peixes, acionando mais uma vez essa configuração que tem estado ativa nos céus desde 2014. Saturno faz uma quadratura minguante a Netuno, uma quadratura que vai fechando o ciclo iniciado entre os anos de 1989 e 1990. Essa configuração simboliza um momento de grande depressão coletiva, de desalento e desânimo coletivos em relação à economia, à política às questões religiosas e espirituais; há uma sensação de grande desapontamento e desilusão no que tange a esses assuntos e esse aspecto está relacionado à depressão econômica. Também é associado a mortes nos cenários artísticos, musicais e de entretenimento em geral. Para entender melhor os significados dessa configuração, leia este texto.

Lua Nova e Eclipse Solar em Virgem - 1° de setembro de 2016, Brasília, 06h03min
Lua Nova e Eclipse Solar em Virgem – 1° de setembro de 2016, Brasília, 06h03min

Então, Lua e Sol fazem oposição a Netuno, um aspecto também bastante próximo, de pouco mais de um grau e fazem quadratura a Saturno, aspecto de menos de um grau. Como se não bastasse, Marte está envolvido na equação, tendo iniciado um novo ciclo Marte-Saturno na semana passada e ambos, Marte e Saturno são o ponto focal da configuração de Cruz T ou T-Square que nasce da oposição Lua-Sol-Netuno. Esse eclipse vem acionar grandemente os temas da configuração, como eu já disse várias vezes, uma semana antes de a última quadratura exata entre Saturno e Netuno ocorrer. A partir de outubro essa configuração vai se desfazendo e as coisas começam a ficar um pouco mais leves. No mapa do eclipse levantado para Brasília, essa grande configuração cai exatamente nos ângulos: Sol e Lua no Ascendente, Netuno no Descendente e casa 7 e Marte-Saturno caindo no IC, Saturno vindo da casa 3 e Marte já na casa 4. Há um tom básico muito claro a respeito dessa configuração: Caia na real! Os véus caem e agora finalmente podemos ver o que de fato está em jogo, agora enfrentamos nossas ilusões e fantasias tolas e vãs e não há para onde correr, ou enfrentamos e crescemos ou crescemos e enfrentamos. Há uma sensação de dor e lamentação diante de uma realidade que é muito fria e muito dura, mais do que podemos suportar, mas não tem jeito.

Por outro lado, Sol e Lua estão conjuntos ao Nodo Norte, que representa o futuro e a direção que devemos tomar. O Nodo Norte em Virgem nos diz que devemos empreender um esforço consciente para discriminar as informações, para trazer um senso de ordem ao nosso cotidiano, para darmos adeus às ilusões infantis de esperar que um salvador ou uma mãe boazinha venham tomar conta de nós e resolver nossos problemas. Sol e Lua junto ao NN nos apontam a necessidade de desenvolvermos autossuficiência, realismo, discriminação e seleção criteriosa dos fatos. Netuno está conjunto ao Nodo Sul, sugerindo esse desejo, esse anseio de salvação e de continuar vivendo no engodo, porque é mais fácil: prefiro continuar vivendo essa mentira dourada a ter que lidar com essa realidade cinzenta… prefiro não saber, prefiro continuar na névoa… Mas, sinto muito, não vai dar! Não vai dar, não! The game is over! Se insistimos em não ver, seremos patrolados pela vida, por essa realidade que está aí e a cada round a coisa se tornará mais e mais difícil, portanto, a hora de crescer é essa! Nos últimos dois anos viemos lidando com isso: com uma aterrissagem forçada na terra das duras realidades; caindo do mais alto dos céus, no mais duro dos chãos, expulsos do paraíso, sem chances de retorno, sem apelação.

Mercúrio, regente da Lua Nova e do eclipse, está no fim de Virgem, retrógrado, começando sua descida trimestral ao Mundo Inferior; começando sua recapitulação do processamento de informações dos últimos três meses. Mercúrio retrógrado em Virgem sugere um período em que precisamos rever nossos métodos e nossa técnica, a forma como trabalhamos e como nos comunicamos na esfera do trabalho; a maneira como organizamos nosso cotidiano e como cuidamos do corpo e da saúde; como selecionamos o que é útil e o que não é na nossa vida… Tudo isso passa por uma grande revisão e reavaliação e essa retrogradação dá ênfase ao eclipse – ou seria o eclipse que dá ênfase à retrogradação? É um caso de retroalimentação, na verdade. Porque eclipses sinalizam conclusões e encerramentos na área de vida em que ocorrem, um momento em que podemos tomar atitudes e nos liberar de atavismos e comportamentos ocos e sem sentido e se Mercúrio já está fazendo uma revisão geral sobre tudo isso, então, aproveitamos a chance! É unir a fome com a vontade de comer! Felizmente para nós Mercúrio está enquadrado neste mapa por Júpiter e Vênus, os dois queridinhos chamados de Grande Benéfico (Júpiter) e Pequena Benéfica (Vênus). Essa configuração de enquadramento em que se encontra Mercúrio talvez queira nos dizer que no fim, isso é para um Bem Maior, por mais doloroso e amargo que o remédio seja agora – Mercúrio também faz oposição a Quíron em Peixes – o resultado final é positivo, ou seja, lá na frente talvez percebamos o porquê de tudo isso, e talvez as coisas façam sentido, mesmo que isso não ocorra agora.

Visibilidade do eclipse - não será visível no Brasil, a não ser, parcialmente, em João Pessoa, segundo algumas fontes.
Visibilidade do eclipse – não será visível no Brasil, a não ser, parcialmente, em João Pessoa, segundo algumas fontes. Esta imagem é captada do site da Nasa.

Como já sabemos, eclipses não acontecem de maneira fortuita, saídos do nada. Eles pertencem a famílias, as chamadas Séries Saros e analisar a família à qual o eclipse pertence adiciona mais pistas sobre seus temas e possíveis manifestações. Este eclipse pertence à Série Saros 135 na nomenclatura da Nasa (Série Saros 19 Norte, na nomenclatura da Dra. Bernadette Brady, astróloga estudiosa de eclipses da Inglaterra). O primeiro eclipse desta série ocorreu em 5 de julho de 1331, no Polo Norte. E olha só – é por isso que eu adoro astrologia! – como as coisas se repetem: neste mapa do primeiro eclipse, Netuno está também conjunto ao Nodo Sul, só que desta vez, em Capricórnio! Há também uma T-Square Mutável que tem por base Vênus e Júpiter em oposição, desembocando em Saturno em Virgem (o eclipse desta quinta faz conjunção a este Saturno!). Saturno e Netuno estão em trígono bastante próximo e poucas semanas antes houve também uma conjunção Marte-Saturno, uma vez que Marte está em conjunção ampla, de 9 graus, e separativa a Saturno. Se consideramos Quíron em Peixes, temos formada, na verdade, uma Grande Cruz Mutável, pois Quíron está em oposição a Saturno – lembra que no mapa do eclipse atual Quíron também está proeminente recebendo a oposição de Mercúrio? – quer dizer, os temas são muito parecidos! Embora haja alguma diferença nos cenários e nos figurinos, os atores são os mesmos! A Dra. Bernadette Brady, em seu livro The Eagle and the Lark, diz que esta série de eclipses fala de “realismo, uma volta à realidade. O indivíduo se torna consciente de uma situação antiga e a percebe como ela é, ao invés de como ele/ela achava que era. Esse pode ser um momento construtivo de enfrentar a verdade”. Então, o tema principal desta família de eclipses é o enfrentamento da realidade; o fim de ilusões seguido de novos começos baseados na verdade. Situações antigas têm grande potencial de serem esclarecidas e finalizadas. E o resultado é a liberação e a leveza.

Série Saros 135 - 5 de julho de 1331, 19h45min, horário de Brasília
Série Saros 135 – 5 de julho de 1331, 19h45min, horário de Brasília

Pessoas que têm planetas ou ângulos entre os graus 4 e 14 dos signos mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes) sentem mais fortemente as energias deste eclipse. Vale a pena desacelerar, fazer exercícios de ancoragem e aterramento, porque em períodos de eclipses tendemos a ficar mais irritadiços, tensos e há propensão às coisas saírem do nosso controle, porque é uma energia que não se controla. No final texto geral sobre eclipses há uma parte sobre os efeitos dos eclipses nas casas do mapa natal – dê uma olhada. Além disso, você pode também verificar o que estava acontecendo na sua vida em 1° de setembro de 1997, que foi a última vez que ocorreu um eclipse no grau 9° de Virgem. Outra data que vale a pena checar é 22 de agosto de 1998, a última vez que ocorreu um eclipse da Série Saros 135, que traz esses mesmos temas de agora. Não necessariamente você precisa lembrar do que ocorreu no dia exato, mas sim no período, semanas antes e depois. Os temas certamente estão interligados.

A temporada de eclipses é aberta com este Eclipse Solar na quinta-feira e é encerrada com o Eclipse Penumbral da Lua no dia 16 de setembro, a 24° de Peixes. Durante este período de duas semanas, precisamos ser mais cautelosos porque estamos mais suscetíveis. É um tempo estranho, em que parece que transitamos entre mundos, o tempo adquire uma qualidade diferente e o ar fica mais denso. O eclipse solar nos predispõe a agir de forma mais inconsciente e instintiva, visto que é o Sol que é eclipsado e o Sol representa a consciência, enquanto a Lua é a reatividade e a instintividade. Portanto, se pudermos nos poupar de estresses e pressões desnecessários, fazemos muito bem. Precisamos fazer o que nos é requerido: encerrar o que precisa ser encerrado, enfrentar o que deve ser enfrentado. Lidar com as coisas como elas são, sem tentar encobri-las ou dourar a pílula, porque por mais tensos que estes eclipses sejam, eles trazem um momento de crescimento e maturidade no nosso processo evolutivo. “Aceita, que dói menos”, diz aquela frase e é assim que precisamos encarar este momento porque há coisas que são maiores do que nós e resistir e lutar contra elas só irá nos desgastar e convenhamos, é insanidade. Precisamos também ser humildes e lembrar que somos apenas uma gotinha no oceano que logo irá se evaporar e nem rastros deixaremos para trás… Então, percebamos tudo como um grande processo de evolução e aprendizado para nós como seres humanos, mas principalmente, percebamos que o universos é muito maior do que nós e não podemos ter a pretensão de entender o que acontece na faixa de tempo  de uma mera vida humana, quando a vida em si mesma é infinita e trata de ciclos milenares. Encarar nossa pequenez e insignificância nessa escala de coisas também é parte desse enfrentamento. E, por incrível que pareça, torna tudo mais leve. Como deve ser. Basta de adicionarmos peso extra desnecessário. Cuidemos do que os cabe, do que é da nossa alçada. Se nos responsabilizamos por nós e nossas escolhas, por sermos mais íntegros, já estamos a meio caminho andado. O resto, vamos aprendendo no que sobra do caminho! Busquemos a leveza, simplifiquemos a vida. Aceitemos essa realidade, porque só assim seremos capazes de mudá-la!

Veja o significado dos próximos eclipses por casa no Mapa Natal
Veja o significado dos próximos eclipses por casa no Mapa Natal – Clique na imagem para ampliá-la

Feliz Novo Ciclo para você! Que seja leve e que traga as liberações e amadurecimentos necessários!

mariaeunicesousa

Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

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