Lua Cheia em Áries: Entrando no ringue!

Neste domingo, 13 de outubro, temos a Lua Cheia acontecendo no signo de Áries, às 18h08min no horário de Brasília e às 22h08min no horário de Lisboa. A Lua fica plena a 20°13′ de Áries, em quadratura de menos de meio grau a Plutão em Capricórnio. Esta lunação nos coloca mais perto de 2020, uma vez que ocorre nesta quadratura exata a Plutão.

Quando o Sol transita por Libra, nós refletimos mais sobre as nossas relações e sobre os temas referentes à casa em que temos Libra no nosso mapa natal. Libra fala da alteridade, da importância e do espaço que o outro ocupa na nossa vida; das relações e parcerias e da relação com o público; da busca de equilíbrio e harmonia, beleza e simetria, justiça e equidade – isso para resumir em poucas palavras os temas mais básicos de Libra. Agora, com a Lua em Áries, voltamo-nos para o eu novamente; nos lembramos da nossa individualidade e interesses pessoais, depois de ter olhado por muito tempo para fora, para este ‘outro’.

No mapa da Lua Cheia, Lua e Sol fazem quadratura exata a Plutão em Capricórnio – de menos de meio grau – além de ainda estarem em quadratura também a Saturno – esta, já à distância de quase seis graus, separativa. Este é um chamado peremptório para olharmos nossas relações sem disfarces e verificarmos a maturidade e verdade desses vínculos. É provável que no processo de peneirar tais relações, muito possa nos ser tirado, às vezes brutalmente, para que percebamos o que havia de errado e, há muito, morto. Se tivermos sorte, ou melhor, se houver algo que valha a pena salvar, talvez isso nos seja dado de volta, lá na frente, porém numa versão completamente transformada, renovada, algo novo! Essa é uma reflexão que deve ser feita no âmbito coletivo: como nos relacionamos uns com os outros, como humanos? como vivenciamos essa alteridade no dia a dia? o quanto nossas interações ainda se baseiam em expectativas infantis e irreais sobre os outros e até sobre nós mesmos? Se essa configuração afeta o mapa natal individual, particularmente se Plutão e Saturno estão fazendo aspectos a planetas pessoais natais, a crise também se torna bem pessoal e inescapável.

Essa configuração em que ocorre a Lua Cheia vem questionar em que nível essas relações acontecem, especialmente as afetivas e eróticas. Todas as relações se baseiam inicialmente nas projeções. O homem projeta na mulher amada, a imagem da sua anima, a imagem da mulher ideal que carrega dentro de si; e a mulher projeta no amado o animus, a imagem do homem ideal que também carrega internamente. Na fase do enamoramento, o casal não se relaciona realmente com a pessoa real do outro, mas com aquilo que vê de si mesmo. Depois, numa fase posterior, ambos começam a se enxergar mutuamente, as pessoas reais, e é quando muitas relações se desfazem, porque havia muito pouco para sustentar, para além dessas projeções. Contudo, se há algo mais, a partir daí, há a chance de começar a relação verdadeira, em que ambos começam a se conhecer de fato.

Isso pode ocorrer tanto numa relação específica, quanto no próprio processo de desenvolvimento individual da pessoa, na forma como ela vive suas relações. Para o homem, ele talvez se canse de procurar apenas a satisfação meramente suxual/carnal, numa parceira após a outra, porque a satisfação proveniente de tais intercursos se torna efêmera, superficial, artificial, pobre, em que a mulher não é apenas objeto sexual, mas um mero invólucro/recipiente da projeção dessa anima, e quando essa mulher se revela incapaz de corresponder a todas as suas expectativas, ocorre o desapontamento, porque ele não está pronto para se relacionar de verdade com a mulher real. É apenas um menino em busca da imagem feminina interna. Para a mulher, além de essa projeção ter a ver com animus como imagem do príncipe encantado, o parceiro também pode ser confundido com o filho-amante: “o desejo da mulher não é somente satisfazer suas necessidades sexuais, mas também pode tomar a forma compulsiva de fazer o objeto amado servir ao seu instinto maternal”, diz a analista junguiana M. Esther harding, no livro Os Mistérios da Mulher. Este desejo não é realmente amor pelo objeto como tal, diz ela, mas é o amor porque ele lhe traz uma satisfação pessoal. A partir daí, essa mulher se desdobra para agradar o filho-amante, abrindo mão de si mesma excessivamente,
incapaz de dizer ‘não’, de modo aparentemente altruísta e abnegado, algo que pode se aplicar não apenas à relação com o amante ou co o filho, mas a várias outras relações, quando ela não suporta ver ninguem com dificuldades que já toma para si a responsabilidade de lidar com os problemas do outro. Porém esse altruísmo é um egoísmo disfarçado e revela a sua incapacidade de lidar com as dificuldades da própria vida.

Muitas relações se baseiam nesse modelo e podem durar anos a fio, sem que as pessoas suspeitem de sua própria imaturidade emocional e relacional. Contudo, chega um momento em que tudo se esvazia de sentido, porque as coisas não “progridem”, não se aprofundam, não evoluem, não amadurecem, ambos e a própria relação, permanecendo sempre na superfície… Se ambos estão prontos a dar este salto, a relação pode, de fato, se aprofundar depois da constatação inicial de insatisfação. “O homem pode ser compelido a reconhecer que a mulher é alguma coisa mais que o recíproco da sua necessidade” e a mulher se recusa a servir-lhe de mãe ou a moldar-se a essa imagem da ânima ditada pela expectativa infantil dele, ou ainda, para de esperar que ele a salve dos perigos do mundo ou de si mesma – embora estejamos falando aqui de homem e mulher, essas dinâmicas se aplicam igualmente a relações homossexuais.

Nessa Lua Cheia, Lua (feminino) e Sol (masculino) são desafiados a encarar a brutal necessidade do amadurecimento, e levar a cabo o enfrentamento das projeções infantis, talvez tolas e até desrespeitosas para com o outro diante de nós – são as exigências representadas por Plutão, para que a relação possa ser transformada e renovada ou então ela poderá ser destruída, talvez de forma chocante, cruel e bem dolorosa. Esse “recado” é duplo, quando vemos que Vênus, planeta das relações, e regente do Sol, está em oposição também próxima a Urano, um planeta desagregador e radical, que também fala de independência e rupturas, quando as relações nos impedem de viver plenamente nossa individualidade.

Plutão, em tal posição de destaque nesse mapa, sugere que talvez precisemos fazer um sacrifício voluntário, aberto, soltando e abrindo mão daquilo a que estamos super apegados, antes que nos seja arrancado à força. Onde há Plutão, também há uma frustração, uma negação e se ela não é consciente, mais dolorosa se torna, porque nos sentimos vitimizados pela vida, tendo negado nosso desejo mais caro.

Mundanamente, para Brasília, vemos que o Sol – o poder estabelecido, o governante – está na casa seis, conjunto ao Descendente, uma posição de dependência do olhar externo, o Sol em queda, duplamente debilitado, pois o Descendente é onde o Sol desce, morre, devorado pelo dragão noturno. Enfrenta a Lua belicosa de Áries – o povo, zangado e independente (a Lua representa o povo/opinião pública, assim, como as mulheres, na Astrologia mundana), no Ascendente, vindo da casa 12 e ambos quadrando Saturno e Plutão no Meio do Céu: há grandes reviravoltas à vista! Muitas pedras sendo reviradas no governo nas próximas duas semanas!

O Símbolo Sabiano para o grau 21 de Áries (20°13′) traz a seguinte imagem: “Um pugilista entrando no ringue”. Este símbolo não poderia ser mais claro e fala alto sobre a Lua Cheia em Áries em quadratura exata a Plutão: é hora de entrar no ringue e lutar por aquilo que acreditamos e queremos. É hora de lutar, de enfrentar os medos, quaisquer que sejam eles, seja o tamanho e a habilidade do oponente ou nossas próprias limitações! E Lua-Plutão, definitivamente, não foge da luta, ao contrário, corre para cima! Um pugilista é alguém preparado para lutar por ou defender seu cinturão; é algém que “briga” por algo em que acredita, a começar, por si mesmo! Contudo, a luta ocorre no “ringue”: qualquer que seja a causa, a luta precisa ser travada de forma limpa e justa, seguindo um corpo de regras estabelecidas e aceitas socialmente. Não é um “vale-tudo” desonroso e vil! é necessário estarmos atentos ao cumrpimento das regras, da nossa parte e também do outro lado.

Este símbolo fala de um momento precioso, favorável à auto-afirmação, à assertividade, a brigar pelo que queremos, de forma limpa e justa; de não nos contentarmos com injustiças ou com aquilo que não estamos gostando. É um momento oportuno de brigar com confiança, pelo que é direito! Nas relações pessoais, nos alerta para a necessidade de nos afirmarmos com confiança e clareza – será que a relação chegou ao ponto em que parece que o outro é um adversário? Cartas na mesa, luvas nas mãos e… toca o sino para o primeiro round! E serão muitos rounds, daqui para 2020, portanto, é importante termos um boa estratégia traçada!

Concluindo: essa Lua Cheia nos chama a levar nossas relações para um nível mais profundo de maturidade e inteireza; de sermos capazes de lidar com a realidade do outro, assim como com a nossa, ao invés de continuarmos na expectativa fantasiosa e infantil do sonho dourado. Essa lunação também já nos dá um bom chacoalhão para os enfrentamentos, mudanças e transformações que vem por aí, sejam no âmbito da nossa vida pessoal, seja no coletivo! Porém, as chances estão a favor daqueles que estão dispostos a lutar com verdade e justiça e que estão dispostos a fazer o que tem que ser feito, voluntariamente!

Uma ótima Lua Cheia para você!

mariaeunicesousa

Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

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