LUA NOVA EM AQUÁRIO – No seu ou no meu?
Publicado em 10 Fevereiro 2013
A Lua Nova em Aquário desta madrugada (10/02/2013, 04:20, Cuiabá) traz à tona um dilema antigo, conhecido do homem desde que este começou a ter consciência de si mesmo como indivíduo separado: o dilema entre intimidade e liberdade individual.
Além do Sol e da Lua, Vênus também está em Aquário. Aquário é o signo da liberdade individual por excelência. É um signo aéreo, desapegado, mental e extremamente analítico, para quem os sentimentos são coisas alienígenas, porque uma de suas principais qualidades é a capacidade de distanciamento, de sair da situação e olhá-la de fora com tamanha objetividade que é quase como se não fizesse parte da cena. (OBS: Não estou dizendo que aquarianos não têem sentimentos. Estou me referindo aqui ao arquétipo puro de Aquário, e nenhum ser humano é um arquétipo, menos ainda um arquétipo puro, nem ninguém tem um único signo no mapa de nascimento).
A dicotomia se dá porque além dessa poderosa influência aquariana, há quatro planetas em Peixes. Peixes é o signo que sucede Aquário, e de modo geral um signo é a antítese do seu predecessor. Assim, ao contrário de Aquário, Peixes anseia por fundir-se e tornar-se um com o outro e voltar à Unidade, quando todos éramos um. Soma-se a essa equação Saturno em Escorpião, que leva muito a sério todo tipo de compromisso. O dilema é então, entre razão e sentimentos, entre mente e coração, que é realçado pelo fato de Saturno discordar profundamente dos valores de Vênus em Aquário, e os planetas em Peixes também estarem dissonantes de Júpiter em Gêmeos.
Como resolvemos esse dilema dentro de nós?
De modo geral, a maioria das pessoas tende a identificar-se com um lado da polaridade e relegar a outra ponta à escuridão, surpreendendo-se depois quando a encontra lá fora, num parceiro excessivamente grudento ou demasiadamente desapegado e alérgico a compromissos. Oscilamos entre a frieza glacial do Abominável Homem das Neves e sentimentos viscerais e asfixiantes, que nos engolfam ameaçando nos afogar num pântano sem fundo. Às vezes vivenciamos esses dois opostos alternadamente, em relacionamentos diferentes.
Os planetas, os deuses, são símbolos de energias da psique, e todos desejam e buscam expressão. O ideal então, é que achamos meios de integrar os dois opostos dentro de nós, e de honrá-los a todos em nossa vivência. Como diz Fernando Pessoa, através de Álvaro de Campos, “em cada canto de minha alma há um altar para um deus diferente”.
Quando vejo esse tipo de dilema em um mapa, geralmente aconselho a pessoa a conscientizar-se de sua necessidade de espaço, liberdade e privacidade, como também de seu anseio por intimidade e troca afetiva, pois como já disse, Idealmente, devemos achar tempo e lugar para vivenciar esses dois opostos. Um arranjo que pode funcionar numa configuração como esta, por exemplo, é o modelo de relacionamento em que o casal dorme em quartos separados, preservando-se do estrago causado pelo excesso de intimidade cotidiana. Assim, estão juntos porque e quando realmente desejam estar e não apenas por mera obrigação conjugal ou por costume.
Se não achamos meio de conciliar essas diferentes forças em nós, tendemos a favorecer a uma ou a outra, e qualquer que seja o lado com o qual nos identificamos, estaremos nos alienando de uma parte vital de nós mesmos, podendo chegar a uma auto-mutilação, ficando inteiramente à mercê dessa energia nos momentos em que ela cobrar seus tributos e irromper inesperadamente causando, às vezes, estragos irreparáveis. Então, achemos o altar adequado em nossa alma para essas partes de nós aparentemente irreconciliáveis, mas que desejam apenas integração.
E então, no seu ou no meu?
Por maria Eunice Sousa – Todos os direitos reservados.
