Obesidade e Repressão dos Sentimentos
Já se discute há muito que sobrepeso e obesidade, em muitos casos, estão relacionados com auto-proteção. Inconscientemente o indivíduo defende-se de um perigo identificado no mundo, através das camadas de gordura ao redor do corpo, e às vezes, o objetivo inconsciente é mesmo tornar-se não atraente para o olhar do outro, como é comum no caso de vítimas de abusos sexuais.
Mas acredito que em algumas situações o sobrepeso também esteja ligado à não vivencia dos sentimentos e emoções. Classicamente indivíduos que têm pouca ou nenhuma Água no mapa natal tendem a ter dificuldades em lidar com os próprios sentimentos, especialmente quando há uma ênfase acentuada no elemento Ar. Os signos de elemento Ar são sabidamente mentais e cerebrais, identificando-se mais facilmente com seu lado racional e lógico e jogando a função do Sentimento para os porões do inconsciente. Com alguma freqüência essas pessoas são mesmo acusadas por parceiros, família e amigos de serem insensíveis e frias, o que não é verdade. O que ocorre é que o reino dos sentimentos pode ser visceral e primitivo demais para essas pessoas, chegando mesmo a ser aterrador, e a sensação freqüente é de afogamento, de se estar afundando nas profundezas de um mar sem fundo. Normalmente essas pessoas ficam tempo demais reprimindo suas emoções, ou racionalizando-as, analisando-as excessivamente, sem efetivamente vivê-las, e acabam, muitas vezes, por chegarem a tal estado de dissociação dos próprios sentimentos que tornam-se anestesiadas, alienadas de si mesmas e conseqüentemente, alienando-se daqueles com quem convivem.
Tenho visto em mapas em que há esse conflito Ar-Água, razão versus sentimentos, mente versus coração, que com certa freqüência a pessoa reclama de problemas com a balança e vive numa luta constante para perder peso. Acredito que esse peso excessivo relaciona-se com as emoções e sentimentos não admitidos, não vivenciados e não expressados. No caso da retenção de líquido o caso fica ainda mais evidente, pois sendo o líquido e a água os símbolos dos sentimentos, não se está retendo líquido, mas antes se está retendo emoções. Os sentimentos ficam então estaganados no corpo. Assim, o indivíduo guarda-se, economiza-se emocionalmente e isso se faz sentir no corpo, em seu peso e forma.
Rudiger Dahlke, em seu livro A Doença Como Símbolo também diz algo nesse sentido. No plano sintomático o autor relaciona a obesidade ao preenchimento e abundância exterior (corpo) ao invés de interior. “… pôr-se em pé de guerra com o princípio do gozo (…) busca de dedicação, amor e proteção; a necessidade não vivenciada de amor e gozo é posta na comida: satisfação na substituição, compensação pela comida; comer como substituição ao sentimento de unidade e a um coração transbordante”. Ele ainda acrescenta a imagem do isolar-se em seu próprio castelo de proteção e lembra que nada isola melhor do que a gordura, ou seja, “quase não se perde calor, mas também não entra nenhum”. Dahlke vai além e associa o problema com o esquivar-se da sexualidade, e diz que na gordura o indivíduo carrega a carga não vivida em outros planos, que eu relacionaria com os sentimentos.
Obviamente obesidade não é um tema simples, ou não seria hoje um problema de saúde pública em muitos países. Mas acredito que em muitos casos a possível solução para o sobrepeso – quando isso é um problema para o indivíduo – passa pela aceitação, reconhecimento e vivência da função Sentimento. Permitir que as emoções fluam, dar vazão ao amor, à compaixão, à sensibilidade. Se isso parecer ameaçador demais, a pessoa pode buscar ajuda terapêutica profissional que ofereça a contenção adequada no trabalho e enfrentamento dessas questões. E, Dahlke sugere, “aprender a proteger-se por outros caminhos, que não o do isolamento pela gordura (…) aprender a aceitar e digerir a vida”.
OBS: Obesidade é um tema complexo e não tenho a pretensão de colocar que suas únicas causas são as relacionadas acima. Minha intenção é provocar uma reflexão a partir das observações que faço no meu trabalho com Astrologia.
Citações tiradas do livro A Doença como Símbolo, de Rudiger Dahlke, Ed. Cultrix.