Lua Nova em Gêmeos – Nem tanto ao Mar nem tanto ao Ar

Lua Nova em Gêmeos 08 de junho de 2013 às 12:56 (hora de Brasília)

A Senhora Lua completou mais uma de suas longas viagens e recolheu-se para sua fase escura. Descansa. Está Negra. Guarda-se no quarto de dormir com seu marido, o Senhor Sol.

Que sementes esta Lua vem plantar? Com quatro planetas no cerebral signo de Gêmeos (Marte, Sol, Lua e Júpiter) favorecemos a lógica, a razão, o intelecto, tudo que corresponde ao lado esquerdo do cérebro.Então plantemos novas idéias, novos conceitos, novos paradigmas. Porém há no céu desses dias um Grande Trígono em Água, Vênus em Câncer fazendo aspecto harmonioso com Saturno em Escorpião e com Netuno em Peixes. Uma configuração  que sugere sentimentos profundos e duradouros, porém contidos pela severidade de Saturno. Essa configuração nos pede que também achemos  tempo e espaço para reverenciar nosso lado mais sensível, mais compassivo, mais denso e primitivo, como sugerido pelo elemento Água.Temos então, de novo, a dicotomia mente-coração estabelecida. Mas humanos que somos, modernos de mente cartesiana, temos dificuldade em acomodar dentro de nós elementos tão opostos quanto lógica e sentimentos, como simbolizados por Ar e Água. Sentimo-nos divididos, num cabo de guerra entre nosso lado racional e o nosso coração.

Uma vez que aparentemente 98% dos humanos utiliza muito mais o lado esquerdo do cérebro, eu diria que a mente geralmente ganha essa parada. Disparado. O que é triste, porque não se devia favorecer nem um lado nem a outro, mas sim achar maneiras de honrar as duas funções dentro de nós, afinal, as duas são necessárias, essenciais à nossa expressão de seres instintivos mas que também pensam e analisam.

Um outro dado chama a atenção. Há somente um planeta em Fogo, o elemento da visão, da fé e da intuição. Considerando que Júpiter, o planeta significador daquilo em que acreditamos  e de como procuramos nos expandir também está no racional signo de Gêmeos, eu diria então que há uma forte tendência a priorizarmos a mente em detrimento do coração ou da intuição.

Nosso deus torna-se a razão, os fatos, a ciência. E quando supervalorizamos uma função na psique, a outra conseqüentemente vai para o andar de baixo, suprimida. Urano, como único tom em fogo pode então irromper em momentos inesperados, quando o ego está de guarda baixa, e nos tornamos tão fanáticos em nosso ceticismo quanto o mais devotado místico. E já que grandes trígonos às vezes não se manifestam porque já os temos por garantidos, é muito possível que a energia aquática das emoções também seja suprimida e torne-se um inimigo a ser combatido veementemente, mais uma vez, fanaticamente. Recusamo-nos a verdadeiramente SENTIR nossas emoções mais difíceis e menos nobres, escamoteando-as sob uma máscara de leveza e de permanente bom humor e quando menos esperamos, caímos em depressão profunda. Aquilo que reprimimos ou com que  não temos coragem de lidar acaba por tornar-se um monstro a nos assombrar. Quanto mais longo o tempo, maior e mais feio é o monstro.

É oportuno aqui nos reportarmos a Pessoa, que diz: “em cada canto de minha alma há um altar para um deus diferente”.  Fiquemos atentos. Construamos e cuidemos de nossos altares interiores. Nesse caso, não precisamos escolher entre isso ou aquilo. Podemos nos voltar para dentro de nós mesmos e pelo menos tentar olhar para nossas diversas facetas, e com compaixão, aceitá-las sem necessariamente atuá-las no mundo, reconhecê-las como parte integrante da nossa psique e dar-lhes um lugar no nosso coração.

Parafraseando aquele outro ditado antigo eu diria, nem tanto ao Mar, nem tanto ao Ar. Ou, dizendo de outra forma, tome aquele barco e encare a profundidade das Águas Oceânicas e dos seus sentimentos, de vez em quando, para variar.

The Boat / O Barco – Odilon Redon