Lua Nova e Eclipse Solar em Escorpião – Destino e Livre Arbítrio

Este fim de semana de eclipse veio com sentimentos e emoções paradoxais e contrastantes. Minha família reuniu-se desde ontem e irmãos que não se viam há mais de 10 anos puderam se reencontrar e festejar esse reencontro (o eclipse cai na casa 4, a casa da família, no meu mapa solar). No meio disso tudo, minha pressão arterial, que estava controlada ultimamente, subiu muito a ponto de causar preocupação (o eclipse fez quadratura exata com meu Mercúrio, um dos regentes da circulação sanguínea), talvez resultado da excitação, euforia e ansiedade do encontro… E hoje, ao voltar para casa recebo a notícia tristissima e chocante do falecimento de uma conhecida, por suicido. Situações tão díspares, tão contraditórias e todas elas podem ter funcionado como manifestação concreta da simbologia de um eclipse. Um dia formidável! Belo. Feliz. Ansioso, tenso e angustiado. Triste. Trágico. Tudo a um só tempo. Um dia realmente atípico, o de hoje.

Mas o eclipse de hoje (03 de novembro de 2013, 10:49, horário de verão, Brasília) aconteceu como “cereja do bolo” de um período estressante, angustiante, sobrecarregado de ansiedade e incertezas. Como já havia enumerado antes, vivemos um período de várias semanas com configurações tensas, uma após a outras, obrigando-nos a olhar para aquilo não pode mais ser escondido ou evitado.

Assim como os períodos de retrogradação dos planetas, eclipses não são raros, e na verdade todos os anos acontecem pelo menos quatro deles, dois lunares e dois solares, sendo constantes na sua ocorrência, embora seus efeitos variem de intensidade e de significado e simbolismo. Num eclipse solar, a consciência, representada pelo Sol, fica temporariamente escondida e submersa nas sombras da Lua, simbolizando que estamos em sintonia muito mais com nossos sentimentos e instintos do que com a consciência solar. Num tal contexto, ficamos mais suscetíveis às emoções e ao nosso lado mais irracional e podemos nos achar presas do medo, da ansiedade, da raiva, da inveja, do ciúme, do instinto de sobrevivência, ou simplesmente de nossas próprias sensibilidades, uma vez que a consciência solar, ou ego, está dormente ou temporariamente adormecido, incapaz de mediar tais impulsos ou pulsões. E mesmo o mais prevenido e “zen” dos seres sente essas variações energéticas.

 

Eclipses são lunações superpotentes que podem iniciar ou terminar a manifestação de trânsitos e progressões (técnicas astrológicas utilizadas para ver como o mapa natal de desdobrou e em que ponto do próprio desenvolvimento o indivíduo se encontra) e que simbolizam mudanças, que podem ser favoráveis ou não, mas ainda assim necessárias, de acordo com os aspectos que fazem no mapa natal. Sua manifestação até hoje ainda tem um “quê” de fatalístico e simboliza um ponto de sincronicidade onde a alma faz uma espécie de “conluio” com eventos externos para a mudança necessária ocorra.

Nos últimos dias testemunhei situações e ouvi relatos diversos a respeito da tensão e ansiedade no ar. Uma amiga falava que se sentia prestes a “surtar”, outra sentia uma inquietação inusitada e não definida, eu própria me sentia como se uma bomba fosse explodir a qualquer momento… Felizmente, o fato de este eclipse fazer parte de uma série mais tranqüila apaziguou um pouco seus efeitos, e muitas pessoas talvez se beneficiem dele. Mas houve também eventos nefastos, ou pelo menos assim os vemos, por não conseguirmos compreender o alcance de sua totalidade.

O certo é que nesses tempos extremos em que vivemos, mudanças se fazem não só necessárias, mas urgentes. Algumas são empreendidas por nós, outras caem sobre nossas cabeças e somos obrigados a lidar com suas conseqüências.

 

Pessoalmente acredito que uma parte de nossas vidas é resultado do “destino”, ou do trabalho das Moiras: aquelas escolhas que, se considerarmos somente esta vida presente, teoricamente teriam sido feitas à nossa revelia, como a família em que nascemos, a cor dos nossos olhos, a estrutura do nosso corpo, as condições sociais, o país de origem, etc. Ao longo da vida vamos fazendo escolhas, diárias e cruciais, que acabam por direcionar nosso futuro e nossa atuação nesta vida. Gostamos de pensar que essas escolhas se dão por livre arbítrio absoluto. Mas será? Mais uma vez, pessoalmente acredito que há um equilíbrio delicado entre estar “nas mãos de Deus” ou nas mãos do “destino” e fazer nossas escolhas conscientemente… Às vezes temos potência e vontade suficiente para moldar nosso destino com nossas mãos, e às vezes somos guiados e levados por uma força estranha e incompreensível, um tanto às cegas talvez, mas lá na frente percebemos que tudo parecia fazer parte de uma teia, de um plano maior.

Nossa modernidade, com seu raciocinar positivista, gosta de pensar que tem sempre o controle de tudo e que o sucesso é apenas uma questão de vontade. Sempre. Falta-lhe humildade para reconhecer sua insignificância e ignorância diante da vastidão e incomensurabilidade da vida e do que há depois dela.

Em Astrologia é possível ver que há indivíduos que de fato parecem ter mais poder de decisão e de se “fazerem na vida”, enquanto outros parecem que têm que lidar muito mais com as circunstâncias que lhe são dadas. Fatalismo? Favoritismo? Não, talvez apenas as lições específicas e individuais que cada um veio aprender, atribuídas pela inquestionável sabedoria da vida.

Escorpião vem nos fazer refletir nessa dualidade entre a vontade pessoal e a rendição à vida e seus ciclos. Porque embora seja um signo famoso pela determinação e obstinação na busca de seus objetivos, Escorpião, com sua ligação profunda com os ciclos da natureza e com a vida instintiva da psique, sabe também quando algo chegou ao fim e precisa ser deixado para trás. A área da vida em que essas transformações ocorrem são mostradas pelo eixo de casas em que os eclipses ocorrem no mapa natal. Os eclipses destacam uma área específica de vida por 12 ou 18 meses, para que nos demos conta de que ali é preciso uma limpeza cíclica e de que os assuntos daquele eixo de casas demandam mais reflexão e atenção. Quando ocorrem no eixo  das casas 1 e 7, por exemplo, é a relação eu x o outro; quando são as casas 4 e 10, é o equilíbrio entre vida privada e pública, ou entre lar e carreira, e assim sucessivamente. O fato é que a cada ano, queiramos ou não, a vida dá um jeito de colocar na nossa frente aquilo que precisa ser trabalhado e repensado.

Com Sol, Lua e Nodo Lunar em Escorpião, além de Mercúrio retrógrado e ainda Saturno também trafegando este signo, e mais Urano e Plutão digladiando-se no céu, esses tempos extremos que vivemos vêm pedir que estejamos atentos e observemos o modo de ser de Escorpião; que observemos o que precisa ser eliminado, icinerado e destruído em nossa vida  e que vida nova precisa ser trazida à luz da nossa consciência e cultivada para frutificar mais à frente; que observemos com cuidado esse equilíbrio delicado entre as mudanças e transformações com as quais precisamos nos engajar e implantar na vida e no mundo e aquelas que aparecerão pelo caminho na forma de eventos, pessoas, perdas, dificuldades, problemas, ganhos, boa sorte… Eventos estes, atraídos e autorizados por nossa alma, na sua ânsia por totalidade e inteireza. E ser humildes e reconhecer que sabemos muito pouco diante do Todo e que mesmo assim, precisamos acordar todos os dias e seguir em frente, com determinação e humildade, sabendo a hora de exercer um e o momento de exercer o outro. Eclipse em Escorpião 2013

mariaeunicesousa

Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

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