Lua Nova em Gêmeos: Pelo Quê Você se Deixa Enganar?

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Lua Escura – Reprodução

Hoje, 28 de maio, temos a terceira Lua Nova do ano astrológico às 15h40min (Brasília). A Lua Nova ocorre a 7°21’ do signo de Gêmeos, que representa o terceiro estágio evolutivo do zodíaco.

Os únicos aspectos que Sol e Lua formam são um trígono a Marte em Libra e uma quadratura exata a Netuno em Peixes. Mercúrio, o regente da Lua Nova está fora de curso, também em Gêmeos. Seu último aspecto foi um sextil de Vênus, o segundo em questão de poucos dias. Isso porque no momento, Vênus extraordinariamente se move mais rápido que Mercúrio, que já desacelera para estacionar no dia seis de junho. Um planeta fora de curso é vazio de propósitos, e sua ação tende a ser imprevisível e errática. Além disso, sua declinação está Fora de Limites da eliptica 23°28′, o que quer dizer que não escuta nem obedece a ninguém, faz o que bem lhe der na telha, ou seja, comportamento de extremos.  Ora, Mercúrio já é, em si mesmo, imprevisível e impossível de segurar, fora de curso e Fora de Limites então, sabe-se lá o que pode acontecer. Aliás, Vênus e Mercúrio estão também em graus críticos, o grau 30 (29) de Áries e de Gêmeos, um grau dito de expiação, o grau de finalização de uma fase que leva ao início de outra, quando os planetas estão para atravessar o portal entre estes dois estágios.

Mas primeiro eu gostaria de explorar o Símbolo Sabiano para o grau 8 de Gêmeos (7°21’), que traz uma imagem muito pertinente para o atual cenário social do Brasil. Em tradução livre, o símbolo diz:

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Grevistas – Reprodução

“Ao redor de uma fábrica fechada, grevistas, desafiadoramente, promovem agitação”

Será que isso nos lembra alguma coisa? Sem querer ser pessimista, não é nada animador ter a Lua Nova que abre o ciclo astrológico no qual acontecerá a maior parte da Copa do Mundo ocorrendo num grau com esta imagética. Copa do Mundo, cujo início se dará por ocasião da Lua Cheia, o ápice deste ciclo, no dia 12 de junho. Estes são elementos ainda mais preocupantes tendo em vista que os ânimos já estão mais que alterados Brasil afora, com greves de categorias diversas acontecendo, além de manifestações contra os desmandos da corrupção e o vandalismo generalizado.

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Imagem alquímica – Reprodução

O signo de Gêmeos é o signo do duplo, dos irmãos complementares claro e escuro, bom e mau. O signo da dualidade, da ambivalência. É muito comum nativos de Gêmeos terem, de fato, nascido gêmeos e o par geralmente vivencia estes opostos de maneira evidente na vida: um irmão é mais efusivo enquanto o outro é mais tímido; um é mais artístico e sensível, enquanto o outro é mais mental e objetivo e por aí em diante. Quando o nativo de Gêmeos não tem seu duplo de fato, ou seja, não é metade de um par de Gêmeos, o duplo é vivenciado através de outros irmãos, ou amigos, ou colegas de trabalho, ou parceiros afetivos… Situações de triângulo também são possíveis e mesmo filhos únicos encontram seu duplo oposto, geralmente num rival, cuja relação reverbera das dinâmicas vividas com pai e mãe ainda na primeira infância. Como tendemos a nos identificar muito mais com a luz, sobra para o rival personificar tudo o que identificamos como o não-eu: o lado pérfido, sombrio, egoísta; ou muito emocional ou muito racional. A questão primordial que geralmente escapa a Gêmeos é que não há um outro “lá fora”, um rival a eliminar ou derrotar. Ele mesmo é um duplo, dois habitando um só corpo, sem que um se dê conta da presença do outro. Similar àquele ditado: uma mão não sabe o que a outra faz.

Fiz questão de recuperar esse tema Geminiano porque ele é muito adequado ao momento que vivemos, em que ocorre um “racha” social e político no país: os de esquerda x os de direita; os pró copa versus os contra copa, uma divisão que não é apenas temporária, mas permanente e fundamental na alma do povo. Isso porque o Brasil tem a Lua em Gêmeos, e essa Lua Nova ocorre em conjunção exata com a Lua Natal do Brasil, a 7°12’ do signo do duplo (mapa de 7/9/1822, 16h58min, São Paulo) – essa Lua natal explica essa nossa dualidade histórica, de projetar sempre o lado podre para fora, de ver somente nos políticos, os dilemas de integridade partilhados pela maioria. Assim, vivemos o tema da cisão permanentemente: ricos x pobres, políticos x povo, esquerda x direita, patrão x empregados… E esta cisão está, no momento, mais exacerbada do que nunca, sendo isto visível nas redes sociais. Ser “a favor” ou “contra” a copa do Mundo é só um reflexo da cisão maior que opera na alma do povo.

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Lua Nova em Gêmeos para Cuiabá-MT

Pois bem, iniciamos um novo ciclo que enfatiza esta cisão e que acorda o tema natal de forma bem aguda (conjunção com Lua natal do Brasil). Para complicar um pouco as coisas, Sol e Lua estão  completamente enredados com Netuno, fazendo quadratura exata ao Grande Confundidor, o Senhor da Névoa. Toda a objetividade e racionalidade de Gêmeos ficam comprometidas pelo efeito sorrateiro de Netuno; a sensação de divisão se acentua e já não se sabe se se confia na lógica ou nos instintos e sentimentos, podendo alienar-nos de um lado ou de outro; mais ainda, Netuno adiciona insegurança e dúvida a respeito de talentos e limitações, a respeito dos propósitos, além de trazer possibilidades de grandes desapontamentos e decepções quanto aos projetos idealizados e plantados nesta Lua Nova; Sem falar que acrescenta também uma qualidade de martírio e sacrifício à cena. Em resumo, a Lua Nova traz uma promessa de renovação de ideias e projetos, de planos imaginativos e muito criativos, mas traz também uma promessa de ideias desencontradas e incoerentes, de comunicação solta, de projetos que não se concretizam ou que trazem apenas decepção, de confusão e caos, gerados principalmente por divisões e ambivalências e ainda de sacrifícios. Se estas promessas se cumprirão, é outras estória, mas quando lembramos que Netuno está conjunto ao Fundo do Céu (as raízes, o lar, a pátria) no mapa de abertura da Copa, isso nos deixa mesmo de orelhas em pé.

movimentSol e Lua também fazem um trígono a Marte em Libra, simbolizando o potencial de assertividade, confiança e a habilidade de reconhecer oportunidades e ir atrás delas, além da capacidade de liderança, liderança que é exercida através da cooperação, diplomacia e costura de parcerias, muito mais do que pela vontade individual. Mas esse potencial só é possível de ser alcançado depois de termos lidado com a confusa, enganosa e perturbadora influência de Netuno. E como lidar com Netuno de forma positiva e criativa? Em primeiro lugar estando sempre ciente de que, com Netuno, não se controla nada e o caos pode estar logo ali na esquina; segundo, honrando esse mesmo caos como parte intrínseca e necessária da vida, da mesma forma que a ordem o é – quando aceitamos e permitimos que algo exista, ele deixa de ser compulsivo; depois, tentando ver além dos véus ilusórios e enganadores da percepção, tentando perceber nossa própria ingenuidade e capacidade para a auto-ilusão, a necessidade de dourar a pílula, de acreditar em mentiras e meias verdades, quer sejam contadas por outros, ou de nós para nós mesmos; e ainda, inebriar-nos do divino e no meio do caos, ver a divina imanescência naquele que parece personificar tudo o que detesto e contra o quê luto desabridamente.

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Jackson Pollock – One: Number 31, 1950. MOMA Nova York – Reprodução

A tarefa é difícil, árdua, espinhosa: deixar-se seduzir conscientemente pela magia e anarquia Netunianas, sem se contaminar, sem se identificar com elas; apreciar a alegria e festividade dos eventos sem se deixar alienar pelo ôba-ôba ufanista que acha que ganhar uma copa é suficiente para levantar a auto-estima tão combalida do país; permanecer sóbrio (principalmente de álcool) no meio da turba ébria de ódio ou euforia.

Sim, é tempo de plantar novos planos e projetos. De renovar a mente e as idéias. De abrir-se à comunicação, às letras, à palavra. De abrir, sobretudo, ouvidos, para escutar mais do que falar. Mas estando atentos à criação de projetos fantasiosos e a idéias que são verdadeiras “viagens na maionese”; estando sempre muito cientes do potencial de engodo que o verbo contém; de nosso anseio regressivo e alienante de que políticos salvadores tomem conta de nós e de nossas necessidades; de nossa propensão a enganar e a deixar-nos enganar – com copa ou sem copa. Aqui cabe uma pergunta muito pertinente: Pelo quê você se deixa enganar? Promessas? Parceiros? Amigos? Políticos? ideologias? Religiões? Drogas? Ou o  pior de tudo: por você mesmo?

Sobretudo, é preciso entrar este novo ciclo dispostos a olhar os fatos lembrando que nem tudo é o que parece. Favorecer a objetividade sem desautorizar a sensibilidade, nem ignorar o sentimentalismo manipulável das massas, nem a possibilidade sempre iminente do caos. E de forma mais pessoal, alinhar, afinar a objetividade fria da mente lúcida e as sensibilidades e sentires da Alma e do Coração. 

Fiquemos atentos!

afinando cabeça e coração
Autor Desconhecido – Reprodução

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Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

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