Domingo Astrológico
DOMINGO ASTROLÓGICO – 2 de Novembro, dia de Finados
A Lua cresce em Peixes, enchendo-se das águas primordiais dos sentimentos do mundo. Esteve conjunta a Netuno durante todo o dia ontem e hoje faz trígono ao Sol e a Vênus em Escorpião e sextil a Plutão em Capricórnio. Mercúrio faz uma sesqui-quadratura a Netuno em Peixes e Vênus está em quincunce a Urano em Áries. Mas a principal influência do dia vem da conjunção a Quíron e, já na madrugada da segunda, a Lua faz trígono com Saturno.
As águas primordiais dos sentimentos do mundo invadem, ruidosa ou silenciosamente, nosso coração, nossa alma, nosso dia, nossas relações, e talvez até o nosso corpo. Entramos em contato, de novo, com aquela saudade antiga de um não sei o quê, um não sei onde. Mas junto com a saudade vem uma mágoa, uma dor, uma falta. Um sentir de forma aguda, que não importa quão plenos possamos estar, ainda haverá uma ferida a sarar, uma dor a curar, um desvalido a socorrer. Ao tentar socorrer o desvalido, damo-nos conta de que ele é nós, sob outra pele, sob outras condições e circunstâncias.
Interessante termos essa conjunção doída no dia de finados. O dia dos mortos é um significador perfeito para a conjunção Lua-Quíron em Peixes. Funciona como um lembrete da mortalidade, da finitude da vida. Um lembrete de que, não importa quão importantes, poderosos, ricos ou inteligentes sejamos, em algum momento teremos que nos render à decrepitude, à falência orgânica do corpo, à degeneração da vida que reclama sua matéria de volta. “Do pó vieste, ao pó voltarás” – e, embora essa sentença soe terrível, assombrosa em muitos momentos da vida, no contexto dos tempos e das eras, ela é, na verdade, uma bênção e um alívio – Se você duvida, arrisque perguntar ao moribundo no leito do hospital…
Quíron, assim como Saturno, simboliza aquele “porém”, aquele “mas”, que a despeito de parecer maléfico, revela-se, com o passar dos anos, um freio benfazejo para a natureza humana tão cega, pueril e arrogante. Com estes freios e suas conseqüências, ainda assim, a humanidade paira hoje à beira do precipício da extinção, tendo degradado o planeta a um ponto sem volta, encarando hoje um futuro mais do que incerto para todas as espécies. Não fossem estes freios, sabe-se lá a quantas eras já não teríamos desaparecido da face da Terra…
Não é um tema agradável para um domingo, quando todos querem dormir o sono dos justos, e bancar a família feliz e unida ao redor da mesa de almoço. Mas é um tema necessário e inevitável, como inevitável é a morte, a nossa e dos outros.
Para evitar o desespero da falta de sentido e buscar um alívio – já que não há cura possível para a ferida humana mor, a morte – podemos voltar-nos para o bálsamo que tudo alivia e tudo abranda: a fé. A busca e o estabelecimento de uma relação verdadeira e profunda com o Divino podem, não só propiciar esse senso de significado e de perspectiva espiritual além-vida, mas também ampliar a compreensão da natureza humana, trazer serenidade e aceitação e, por que não, a felicidade confiante do rio que sabe que corre para o mar!