Lua Cheia em Sagitário: Anunciação

A Lua foi cheia em Sagitário hoje, dia 02 de junho às 12h20min no horário de Brasília e às 16h20min no horário de Lisboa, Portugal (11h20min para Cuiabá-MT). Novamente temos a Lua Cheia do eixo (Sagitário) ocorrendo antes da Lua Nova (de Gêmeos, que só acontecerá no dia 16 de junho).

A Lua Cheia, como sabemos, fala da busca de equilíbrio, de balancear as energias masculina e feminina, de achar um meio termo entre as qualidades dos signos em questão, no caso, Sagitário e Gêmeos. Cheia em Sagitário, a Lua aponta para um tempo de expansão da vida, alegria, aventura, exploração de novas possibilidades, novas fronteiras e ambientes exóticos, estrangeiros, visão de futuro e busca de sentido e significado, em contraponto à energia Geminiana que fala do aqui e agora, dos detalhes, do ambiente imediato e corriqueiro, da informação por si mesma, se lhe atribuir sentidos maiores.

Tudo bom, tudo muito bem. Exceto pelo fato de o pico dessa lunação ocorrer no meio do ciclo de retrogradação de Mercúrio (regente do Sol Geminiano) e tendo Netuno como ponto focal de uma T-Square mutável (Cruz T) originada da oposição Lua-Sol. Então, com o senhor das ilusões envolvido nada é o que pareça, assim como nada é totalmente negativo ou totalmente positivo. Mas então, o que fazer para nos alinharmos com a expressão mais criativa e positiva destas configurações e não resvalarmos na sua expressão maníaca e exagerada? Usar a imaginação, deixar-nos inspirar por sonhos maiores do que nós, sair da esfera meramente mental e alinhar coração e intuição com a imaginação e a magia.

O mapa da Lua Cheia mostra o Sol em Gêmeos ladeado por Mercúrio retrógrado de um lado e seu embaixador Marte do outro. Todos recebem a oposição da Lua Sagitariana e todos, Mercúrio, Sol, Marte e Lua estão em quadratura a Netuno em Peixes, formando a Cruz T da qual Netuno é a saída ou foco. A Lua Sagitariana nos convida a equilibrar a razão com uma boa dose de intuição; a ver além dos fatos, da realidade imediata aparente; a nos projetar no futuro e visionar aonde nossos pensamentos, propósitos e ações atuais irão nos levar se nos mantivermos neste caminho… Essa “visão” é agradável ou nos angustia? Quais são seus significados maiores? Queremos nos manter neste caminho e direção? Netuno, como ponto de saída de todas essas energias (e Mercúrio retrógrado quadrando a este Netuno reforça esta idéia) demanda que deixemos dissolver quaisquer idéias rígidas, pré-concepções limitadas e limitantes que não abarquem a totalidade do ser, da experiência humana; que percebamos quando nossas ideias e mente ficaram engaioladas, carecendo de amplitude e audácia; Netuno pede que nos movamos rumo à transcendência destes conceitos restritos e pobres da dimensão terrena, que só consideram o que é visível – deixemos a postura de Tomé do “ver para crer” e ousemos perceber mais longe com os olhos da alma, que simplesmente “sabe”, sem necessitar de provas quaisquer.

Por transcendência não quero dizer alienar-se do corpo, do mundo instintivo da experiência humana, um dos grandes dilemas do Centauro; por transcendência quero dizer – independente dos conceitos filosóficos – mover-se em direção a uma integração, abrir mão da visão “compartimentalizada” da vida, ir além da dimensão Tempo-Espaço e perceber que há outras dimensões possíveis, mesmo que elas não sejam visíveis ou palpáveis. Elevar-se às grandes alturas. Buscar a redenção da dimensão meramente racional, percebendo que ela até gostaria, mas não é soberana – aliás, um dos grandes problemas da modernidade reside na insistência da soberania da faculdade da razão. Como dizia albert Einstein, “a mente intuitiva é um dom sagrado da qual a mente racional é um servo fiel. Criamos uma sociedade que honra o servo e esqueceu do dom sagrado”

O risco sinalizado por essa T-Square é claro: ideais vazios ou ilusórios que levam a lugar nenhum e apenas nos fazem desperdiçar tempo, recursos e a nos perder numa névoa enganosa de discursos grandiloqüentes e fantasiosos; escapismo, que pode inclusive se manifestar através de abuso de substâncias ou mesmo de seguir guias espirituais duvidosos; exageros, hipocrisia e falta de verdade, autenticidade interior; falta de substancia: fala-se muito, mas não se diz nem se realiza nada.

Além dessa T-Square ou Cruz T Mutável, há ainda duas outras configurações importantes no mapa da Lua Cheia: a primeira é um Yod-Dedo de Deus formado por Marte e Júpiter na base tendo Plutão de foco (fica ativo de 29 de maio até 06 de junho, mas o Sol adiciona peso a partir do dia 03 de e ativa a configuração até o dia 08 de junho). Essa configuração sugere que nossa vontade pessoal seja incendiada pela verdade e por significado, uma vontade que se expanda para transformar a vida, ao invés de apenas idealizarmos como ela poderia ser – Marte misturado com Netuno pode criar uma ponte para o infinito.  Aliás, Plutão sendo o único planeta em Terra, torna-se ainda mais crucial na materialização destes nobres ideais – se não tomamos cuidado, tudo pode virar uma massa de ar quente que incomoda muito, mas que (de novo) não efetiva nada – e ficamos a reclamar de seus efeitos.

A segunda configuração é um Grande Trígono formado pela Lua Cheia, mais Júpiter em Leão e Urano em Áries. Esse Grande Trígono desemboca em Marte em Gêmeos, que está de braços dados com Urano de um lado e Júpiter do outro. Então, a Lua é a base de uma Pipa e Marte é seu foco. Novamente a intuição é acionada e nos compele a olhar o futuro em busca de novidades, a explorar novos sentidos e paradigmas, a apontar nossa seta para o alto e mirar o infinito. Imbuídos de tal energia podemos agregar novo sentido aos fatos (Gêmeos) e colorir nossa vontade e ação de mais fé e entusiasmo (Marte) proclamando boas novas nascidas desta visão intuitiva.

O Símbolo Sabiano para o grau 12 de Sagitário (11°49’) nos fala também de anúncios: “Uma bandeira se transforma numa águia; a águia torna-se um galo saudando a alvorada”. Conforme Dane Rudhyar, este grau pertence ao Segundo Hemiciclo, que trata do Processo de Coletivização e também ao Terceiro Ato deste hemiciclo, que se refere à Integração de Grupos. Rudhyar “destrincha” deste símbolo nos lembrando que uma bandeira é um símbolo da uma nação e carrega com ela conceitos e aspirações que vão além do que as palavras podem traduzir, a própria noção de pátria. Já “a águia é símbolo da vontade do espírito, por voar alto e acessar altitudes não acessíveis a outros pássaros, remetendo-nos à mais alta possibilidade de consciência e propósito. Por voar tão alto, segue Rudhyar, a águia é o primeiro pássaro a perceber o Sol nascente. Ao percebê-lo, ela o anuncia e proclama, daí a associação com o galo saudando a alvorada, que tinha convencido a si mesmo de que ele era o responsável pelo nascer do sol e o despontar de um novo dia.”

A águia é um dos símbolos de Zeus-Júpiter regente de Sagitário e além da visão de altitude, nos fala também de idealismo, de uma visão nobre e espiritual, para além das mesquinharias que sobrecarregam e embotam a vida lá embaixo na terra. Por sua visão arguta e de longo alcance, a águia é um animal que olha para o futuro, daí sua relação com Júpiter-Sagitário.

Concluindo, a Lua Cheia em Sagitário nos conclama a buscar essa visão maior e transcendente, a autorizar a intuição a ser a base da nossa ação, só para variar um pouquinho, “urge-nos a trazer nossos ideais mais nobres (Sagitário) para a vida real (Gêmeos) através do poder da vontade espiritual” (Lua – Sol-Marte – Netuno). Há grande energia de mudança à nossa disposição, assim como há motivação para buscar novos caminhos. É questão de aproveitarmos tal energia e fazermos algo com ela, tornamo-nos agentes ao invés de assistirmos passivamente a o galo anunciar mais um dia, sem fazer nada que valha a pena com ele. 

Feliz Lua cheia para você! Celebremos e realizemos estes nobres ideais!

OBS: Pessoas com planetas entre os graus 5 e 20 dos signos Mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes) são mais afetados por esta lunação.