Lua Nova em Gêmeos: chegando à essência

A Lua é nova hoje, 16 de junho, às 11h05min no horário de Brasília e às 15h05min no horário de Lisboa. Uma Lua Nova que vem propiciar abertura e movimento, depois de muitas semanas de entraves, atrasos e dúvidas diversos. Gêmeos é o signo do “aqui e agora”, onde nos percebemos inseridos num ambiente e habilitados a interagir com ele, seja através da fala, do movimento, do toque ou de qualquer outra forma de comunicação, outra área regida por ele. Gêmeos é também um signo mental, que busca aprendizado constante e está sempre querendo saber mais, de tudo um pouco, até correndo o risco de ficar assoberbado com o excesso de informação. Assim, uma Lua Nova em Gêmeos chama nossa atenção para a realidade imediata e nossa interação com ela, como a alteramos e como somos influenciados por ela. Como lidamos com a informação e administramos os fatos que se apresentam diante de nós.

O mapa da Lua Nova traz quatro planetas em Gêmeos: além de Sol e Lua, temos também Marte e o regente de Gêmeos, Mercúrio, já movendo-se direto. É muita energia mental à nossa disposição, indicando que é hora de renovar idéias, conceitos, intenções, hora de renovar a própria mente e a maneira como ela funciona. Renovar para iniciar nova semeadura. Talvez haja grande necessidade de analisar, falar, mover-se, inclusive fisicamente, mas muitas vezes esta fala pode levar a um desgaste da energia. Ar certamente é o elemento que domina esse mapa, indicando, de fato, grande atividade mental, atividade rápida e frenética. A maior parte dos planetas também se concentra em signos mutáveis, sugerindo grande versatilidade, flexibilidade, mas também propensão à distração e dispersão de interesses e recursos. Muitos desses interesses podem ser fugidios, efêmeros. Outra coisa interessante é que de novo, como tem acontecido em muitas lunações, Plutão é o único planeta em Terra e junto com Urano são os dois únicos em signos cardinais. Isso requer grande atenção de nossa parte porque há grande potencial de dispersão e de ficarmos somente na elucubração vazia, seguindo vários impulsos mentais, idéias díspares, sem necessariamente chegar a algum lugar. Projetamos muita coisa, mas realizamos muito pouco porque talvez nossos projetos careçam de substancia e nós carecemos de iniciativa.

Realização torna-se tema importante, visto que Sol e Lua estão numa conjunção muito próxima, de menos de um grau, com Marte. Marte é um dínamo que acelera e energiza tudo o que toca, adiciona energia de ação, vontade, decisão e direção. E capacidade de realização e execução. Mas novamente, Marte em Gêmeos é incendiado por idéias, mas se há idéias em excesso fica difícil ter foco e definir qual delas é a melhor e merecedora de nossa energia executiva, especialmente porque Marte está atualmente Fora de Limites, interessado somente em suas próprias coisas, um estado selvagem e rebelde. Urge então ter clareza do que é mais importante, do que é, de fato, essencial. Outro aspecto que não podemos ignorar é a quadratura a Quíron em Peixes que, embora separativa, ainda se faz sentir. Quíron simboliza uma dúvida que talvez nos desestimule antes mesmo de começarmos, por medo do fracasso, de não darmos conta de superar as possíveis limitações implicadas; mas também pode nos prover um senso de realismo que aceita e que leva em consideração estes mesmos limites, equipando-nos com sabedoria que vê além das aparências.

Mercúrio, regente de Gêmeos, recém voltou ao movimento direto e se aproxima da terceira quadratura a Netuno em Peixes. Netuno pode confundir e adicionar um elemento de fantasia que pode nos iludir e enganar, mas que pode também agregar imaginação e sensibilidade, se conseguirmos manter os pés firmes no chão. Um ajuste é requerido na hora em que fazemos nossas análises e planos, é preciso estar ciente das várias camadas ilusórias que permeiam a “realidade” e para isso a oposição a Saturno, embora ampla, até que pode nos ajudar a manter essa perspectiva mais realista do que está à nossa frente.  Outra coisa interessante é que Mercúrio também está em trígono ao Nodo Norte da Lua, indicando que se tivermos clareza bastante, se conseguirmos filtrar o essencial, temos grandes chances de sintonizar nossos planos com nosso destino e direção básica na vida.

Entretanto, há uma aparente contradição em tudo isso: o Símbolo Sabiano para o grau da Lua Nova sugere espera. A imagem deste símbolo é esta: “Ávores cobertas de geada contra o céu de inverno”. Ora, o inverno é um tempo de espera, de dormência e hibernação. O verão passou e com ele o tempo da colheita, agora a terra descansa e se refaz. No Hemisfério Norte as árvores ficam nuas, perdem as folhas, restando apenas o tronco, sua essência. Todos os “excessos” são deixados de lado para que a energia seja poupada e otimizada. A terra e seus viventes voltam-se para si mesmos em busca de regeneração e descanso do excesso de atividade simbolizado pelo período da colheita. Rudhyar nos lembra, ao analisar este símbolo, de como “a natureza ciclicamente nos ajuda a alcançar este estado da nua realidade, para que possamos alcançar a essência do nosso ser individual, a forma da pura individualidade que é o poder estruturador por baixo de todas as características externas, tudo o que pertence à esfera das ‘folhas’”. Ele resume referindo-se a esta fase como uma de repúdio ascético, mas basicamente de chegar ao que é essencial. Lynda Hill, analisando o mesmo sugere um período de nos sintonizarmos com as necessidades físicas e psíquicas de restauração; para haver crescimento novamente é preciso recarregar as baterias, é preciso preparar-se e organizar-se adequadamente para as novas atividades e projetos. Mesmo que pareça que nada está acontecendo lá fora, sob a terra, na escuridão, a natureza se recompõe e se refaz e o mesmo se dá conosco, ela diz.

E agora, onde isso nos coloca? Vamos ou não vamos? Começamos ou esperamos? Aqui chegamos a um impasse que se resolve de forma muito individual e única: cada um tem o seu tempo e ritmo e o requerimento primeiro é chegar-se à essência do ser, das coisas e dos projetos que são vitais. Com tanta idéia e elucubração voejando em nossa mente é mesmo fácil nos dispersar, permanecer “aéreos” e alheios ao básico, ao primordial. Assim, a Lua Nova sinaliza um novo começo, uma renovação, um tempo de semeadura, mas resta saber se a terra do nosso ser individual está pronta para receber tal semeadura. Enquanto não nos sentirmos devidamente preparados e aptos aos novos desafios, fazemos bem em aguardar um pouco. Quanto é este pouco? Dias, horas? Como disse acima, isso é altamente individual e só você pode saber o momento certo. Para definirmos qual é este momento certo, precisamos nos “aterrar” em Plutão, fazer ancoragem dessa energia mental em ebulição, para conseguirmos chegar ao nosso centro e lá nos alinharmos com este núcleo, o cerne de nós mesmos, nosso melhor conselheiro, a bússola que deve guiar nossos passos e decisões. No núcleo também conseguimos alinhar todas as funções: pensamento, intuição, sentimento e sensação e a intuição precisa ser ouvida, uma vez que temos atualmente Júpiter em Leão formando um lindo trígono de Fogo com Urano em Áries, inspirando-nos a ir além da lógica e ouvir o que a intuição tem a nos dizer também. No núcleo estamos alinhados com a vida. No núcleo somos inteiros e essenciais e por isso mesmo somos leves e temos toda a clareza de que precisamos. Como diz Bert Hellinger, “no centro sentimos leveza” e a leveza é o indicador de quando as coisas estão no lugar. O núcleo nos dará, então, o Norte e o timing de quando e como agir. Viajemos ao centro, viajemos ao núcleo!

Uma linda Lua Nova para você! Que suas idéias se renovem e se traduzam em novas habilidades e oportunidades de crescimento.