Lua Cheia em Touro – O pote de ouro no fim de arco-Íris

A Lua foi Cheia em Touro nesta terça, dia 27 de outubro, às 10h05min de Brasília e às 12h05min de Lisboa. A Lua sendo Cheia no signo de Touro joga luz extra sobre as necessidades de segurança, estabilidade e solidez. Chama nossa atenção também para uma visão mais pragmática e realista da vida – nada de ficar discutindo o sexo dos anjos, vamos no concentrar no que é possível e fazer isso com ação deliberada e cautelosamente planejada. Touro nos lembra de nossos talentos e recursos, que devem ser utilizados de forma criativa, que devem ser colocados em prática para que possam se transformar em ganho material, em prosperidade. E claro, Touro também nos convida a celebrar a vida em toda a sua pujança e fertilidade, a saber aproveitar a vida em tudo o que ela tem de melhor, nos prazeres de uma boa mesa, de um bom sono, da sensualidade e sexualidade e no prazer de simplesmente viver e deixar viver.

A Lua Cheia sempre enfatiza um eixo de signos e casas. Neste caso estamos falando do eixo TOURO-ESCORPIÃO, o eixo da posse, do desejo, do poder. Seja posse e desejo por coisas ou pessoas; poder material ou poder espiritual e metafísico.

Quando o Sol trafega Escorpião ele ilumina os temas representados por este signo, assim, estamos no período de refletir seriamente sobre nossa transformação pessoal, sobre nossos propósitos de poder, de transmutação, de vinculação em nível sexual e em níveis tão íntimos que nem conseguimos traduzir em palavras; também falamos dos processos cíclicos da vida: nascimento, morte, ressurreição, renascimento, decomposição da matéria, eliminação do lixo e dos detritos inúteis, destruição das estruturas que impedem o desenvolvimento pessoal, seja material ou psicológico. Contudo, na Lua Cheia temos um contraponto a todo essa vibração. Num ciclo normal, a Lua teria sido nova em Escorpião e Cheia em Touro, sinalizando que, embora precisemos nos dar conta dessa necessidade de eliminação, de rupturas, de destruir o que nos segura e causa estagnação, quando a Lua chega em Touro e reflete a luz solar em cheio, somos alertados para não destruir aquilo que nos dá sustentação, de que nem todas as estruturas são obsoletas e como tal, algumas delas devem ser preservadas. Então, temos um contraponto, exatamente como no símbolo do Tao, nada é totalmente branco ou preto, luz ou sombra; há um ponto preto no todo que é branco, há um ponto branco no todo que é preto; há um ponto de luz na escuridão e há um ponto de escuridão na luz. A Lua é cheia sempre em oposição ao Sol e os dois luminares são pontos primordiais de qualquer mapa. Então, é como se a Lua dissesse para o Sol: “ao formular seus propósitos e sua busca de consciência, não esqueça das necessidades básicas de sobrevivência, segurança e nutrição, do contrário, não haverá propósitos pelos quais lutar, porque não haverá pessoa nem corpo para sustentar essas consciência e esses propósitos“.

Entretanto, neste ciclo, a exemplo de muitos ciclos anteriores, a Lua Nova se deu ainda em Libra, mudando um pouco esse quadro. Em Libra reformulamos nossas intenções de relacionamentos mais verdadeiros e mais honestos, de buscar maior equilíbrio na vida e um melhor balanceamento entre nossos interesses pessoais como indivíduos e os interesses dos outros, sejam eles parceiros afetivos, de negócios, família, amigos, etc. O dispositor dessa Lua Nova, Vênus, estava então em Virgem, em oposição a Netuno em Peixes e quadratura a Saturno em Sagitário, tendo a difícil tarefa de conciliar sonho e realidade dentro dos relacionamentos e dos valores mais fundamentais. Agora que chegamos a Touro, signo regido também por Vênus, deparamo-nos com a necessidade de dar solidez e substância àquelas intenções semeadas na Lua Nova, de estabilizar os relacionamentos e os propósitos, como contraponto ao Sol Escorpiano que deseja destruir e eliminar – daí nos deparamos com a tarefar delicada de separar o que precisa ser solidificado e estabilizado e o que deve ser eliminado e destruído. Vênus, que na Lua Nova estava emaranhada com Saturno-Netuno, obrigando-nos a sonhar sonhos possíveis e a conter nosso desejo por redenção e amor incondicional, depara-se no mapa da Lua Cheia, com desafios não menos complicados: está em oposição exata a Quíron em Peixes e em quincunce, quase exato também, a Urano em Áries. Isso sugere que precisamos encarar nossas fragilidades e que mesmo que tenhamos tido bastante cautela em “sonhar sonhos possíveis”, ainda assim, temos que encarar o fato de que não se pode planejar tudo e de que o imponderável está sempre à nossa frente, ameaçando estraçalhar os tais sonhos como um raio que cai de forma completamente inesperada e abrupta. Vênus-Quíron nos lembra de nossas inseguranças mais arraigadas e mais difíceis de contornar, porque, ao contrário de Saturno, com Quíron não há tarefa que nos faça masterizar as tais inseguranças, então só podemos aceitá-las e aceitar-nos; Quíron nos lembra que podemos sempre nos ferir nesse negócio espinho chamado relacionamento. Urano, por outro lado, chama a atenção para nossas ambivalências e nos alerta para levarmos em conta nossa própria individualidade e independência e para não termos ilusões de fusão absoluta, porque logo nos sentiríamos sufocados e claustrofóbicos, sabotando, de um jeito ou de outro, a relação que tanto nos empolgava. Urano representa ainda, o desejo pela novidade, por mudanças, por uma relação que se reinvente com frequência. Assim, por mais que Touro represente a necessidade de estabilidade, mesmo esse conceito e significado de estabilidade tem que ser revisto periodicamente.

Sendo Vênus significador de valores, além de relacionamentos, como regente da Lua Cheia ela nos pede que consideremos independência, liberdade e autossuficiência como parte desses valores; demanda ainda que, ao invés de olhar com desdém e medo, olhemos para as vulnerabilidades, nossas e dos outros, com carinho, cuidado e reverência, porque, em última instância, é isso que nos faz humanos. No que tange às questões financeiras e de segurança material, Urano sugere ainda que ousemos ser mais progressistas  e menos possessivos quanto à matéria, porque afinal, em última análise, ela não nos pertence, ela apenas nos foi emprestada enquanto vivemos nesta dimensão terrena, porque precisamos estar encarnados num corpo que também é matéria. Já Quíron vem nos lembrar que, por mais que sejamos fortes e bem resolvidos materialmente, não podemos julgar a outros menos favorecidos, rotulando-os disso ou daquilo; pelo contrário, é preciso ter um olhar compassivo – compaixão não é pena! – quanto à incapacidade do outro, que pode ser pontual, de gerar renda e valor naquele momento ou jornada específicos de sua vida. Perceber a vida apenas nessa dimensão dual pode ser bastante limitante e acabamos por nos perceber como o lado forte e salvador enquanto ao outro resta ser o desvalido que precisa de ajuda ou que “enche o saco” por pedir demais, ser fraco demais, incompetente demais, etc. Se não considerarmos Urano e Quíron e suas demandas de forma de consciente, inconscientemente nos sabotaremos lá na frente, porque talvez não nos sintamos merecedores de toda a riqueza e valor que acumulamos e construímos. Essa mensagem se repete ao verificarmos que o Sol também está em sesqui-quadratura a Quíron.

A Lua, por si mesma, faz sextil a Netuno em Peixes – o Sol faz trígono a Netuno – trígono super amplo e aplicativo a Plutão, quincunce exato a Saturno em Sagitário e ainda sesqui-quadraturas a Vênus e a Marte em Virgem. É uma Lua bastante desafiada, que mesmo nos aspectos harmônicos invoca forças desestabilizadoras, que vão contra sua necessidade básica de segurança e tranquilidade. Netuno sugere que se dê espaço para a imaginação e a sensibilidade, em lugar do excessivo pragmatismo e racionalismo; Plutão indica que é preciso estabilizar sem estagnar e para isso, de vez em quando a mudança baterá à nossa porta, nem que seja de forma planejada. Mas o desafio maior vem mesmo de Saturno em Sagitário. Lua-Saturno sempre nos fala do medo de não termos o bastante, do medo da escassez, um medo tão ancestral quanto a própria vida, porque mexe com a sobrevivência, com a ameaça da inexistência e neste caso, esse medo pode facilmente se tornar uma crença difícil de quebrar. E por ser um medo ancestral, é tão arraigado que talvez nem nos demos conta de como ele direciona muito da nossa ação; o quincunce, por não ser direto, é difícil de ser reconhecido e pode se manifestar também de maneira compulsiva. Assim, A Lua Cheia que clama por estabilidade e firmeza, invoca junto inseguranças e receios antigos, que podem acordar em nós apegos atávicos e paralisantes. Os aspecto a Vênus e Marte colocam mais terra sobre esse monte e nos pede atenção quanto às incongruências internas que podem, de novo, se manifestar como auto-sabotagem. Entretanto, todos esses desafios também representam oportunidades e não devem funcionar como desmotivação na busca pela segurança e estabilidade tão necessárias. Estes desafios nos dizem que não estamos sozinhos e que precisamos olhar ao redor, para nossos pares, que podem ter ideias diferentes. Principalmente, nos dizem para não ignorar outras necessidades e desejos tão significativos quanto a segurança material, quanto a riqueza, seja ela de que natureza for. Para conseguirmos ser bem sucedidos em nossa empreitada, conquistando no processo nossas inseguranças, precisamos antes ter um senso de conexão interior, de reconhecimento das harmonias e também das ambiguidades internas e buscar integrá-las.

O Símbolo Sabiano para o grau 4 (03° – 03°59) de Touro fala exatamente disso e é particularmente auspicioso. A imagem que o Símbolo traz é muito pertinente nesse contexto: “O pote de ouro no fim do arco-íris”. Olha que imagem mais linda! Será que nos fala de fantasias irrealizáveis? De mitos, uma matéria ininteligível para o Touro? De sonhos impossíveis? Não. O símbolo nos fala da necessidade de nos movermos por algo mais que a mera subsistência, mai do que meras necessidades de sobrevivência e segurança material. Afinal, para se chegar ao pote de ouro é preciso trilhar o caminho do arco-íris e esse ouro talvez nem seja literal, mas um ouro que representa uma riqueza incomensurável, não traduzível em termos humanos. Lynda Hill, ao analisar este símbolo, diz que ele fala de “conectar instintos interiores com a mente racional consciente, assim se consegue comunicar os sentimentos que se deseja compartilhar. Como o ‘arco-íris’, isso não tem a ver com o elusivo pote de ouro no fim, mas antes, fala do extasiamento que cria por si mesmo, uma vez que o arco-íris cria um link entre céu e terra. Recompensas virão dos esforços criativos, construídos sobre talento aplicado. Coisas boas às vezes caem e acontecem do nada”. Hill diz ainda que o símbolo sugere riquezas em formas diversas, integração criativa, metas e ambições, a busca por uma fantasia, talento e beleza. Por outro lado, em termos negativos, há o alerta para se construir castelos no ar e para o risco de se pegar atalhos ou o caminho mais fácil,  o risco do sucesso sem substancia e até mesmo o risco de se desistir de sonhos que nos são caros.

Assim, mesmo que demande atenção e cuidados com as fantasias irrealizáveis, a Lua Cheia nos convida a celebrar nossos talentos e o prazer de estar vivos; convida-nos tomar posse dos resultados e recompensas pelos nossos árduos esforços, sem no entanto nos esquecer dos vulneráveis ao nosso redor; chama-nos a reconhecer nossas inseguranças e que as façamos nossas amigas, para que elas não fiquem de tocaia lá frente, a nos dar uma rasteira; convida-nos a essa integração do que vemos como realidade e a necessidade de sonhar; e pede que estabilizemos as relações que foram pesadas e reavaliadas lá atrás, mas não em demasia, porque como indivíduos, mudamos todos os dias e relações saudáveis e duradouras acompanham as mudanças individuais. Só assim seremos capazes de gozar de fato, essa vida linda em toda a sua plenitude e abundância, como representada pela Natureza em seu viço e fartura.

OBS: Estou sem internet desde ontem, só agora conseguir um fiozinho de internet para publicar, mesmo assim, a parca velocidade não permite upload de imagens. Grata pela compreensão.

 

mariaeunicesousa

Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

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