As 12 Noites Sagradas – LIBRA, a igualdade nas relações
Hoje é o dia e a Noite Sagrada de Libra e eu me encontro dividida entre várias coisas, querendo fazer todas elas, sem poder. Tenho que escolher, mas como? Na verdade, isso não é algo que me ocorre só hoje. Com a Lua em Libra e Sol na casa sete, casa natural de Libra, isso é uma constante na minha vida (para entender o que são As 12 Noites Sagradas clique aqui).
Do site de Antroposofia Edna Andrade nos fala sobre a Noite de Libra: “Nesta décima Noite Santa, através do portal da Balança – Libra, recebemos dos Dynamis, ou Virtudes, os impulsos espirituais para desenvolver o equilíbrio interior e conseguir conter as forças de dispersão para que tenhamos uma vida coerente e harmoniosa.”
“Nesta noite reconheça quais os pontos de equilíbrio de sua vida. Da região de Libra, os Dynamis, Espíritos do Movimento, trazem a você a capacidade para equilibrar na alma as forças de dispersão e ter uma vida coerente e harmoniosa.” (1)
LIBRA é AR CARDINAL. É Masculino, Ativo, Positivo. Seu símbolo é uma representação gráfica da balança, que, aliás, é como o signo era chamado na antiguidade. Uma peculiaridade sobre este símbolo já nos diz muito sobre a sua natureza: é o único signo do Zodíaco cujo símbolo é inanimado, ou seja, não é um animal, nem criatura de sangue frio, nem criatura humana… Isso nos fala de um signo bastante desapegado do ponto de vista emocional e sentimental; ele tem um distanciamento emocional bastante pronunciado, se diria mesmo, totalmente afastado do Reino dos Instintos. Sim, é o signo dos relacionamentos por excelência, mas isso do ponto de vista racional, até porque ele é signo de Ar. Esse símbolo inanimado, sem associação com animais também nos diz que este é o signo mais civilizado do Zodíaco, e como diz Sue Tompkins (2), isso é a bênção e a maldição de Libra, porque civilidade é algo mais que necessário para se viver em sociedade, por outro lado, o excesso faz com que nos removamos da esfera dos sentimentos humanos, tornando-nos até mesmo, frios.
A balança tem um simbolismo imediato: a necessidade de EQUILÍBRIO, que é a grande tarefa que este signo precisa desenvolver. A balança também é o grande símbolo da JUSTIÇA, e era um dos símbolos da deusa Atena, uma versão mais racional de Afrodite. A balança era usada pelos egípcios para simbolizar o JULGAMENTO a que todas as almas eram submetidas diante de Osiris no Mundo Subterrâneo. Quando alguém morria, sua alma era guiada da Terra dos Vivos para a Terra dos Mortos pelo deus Anubis, uma contraparte do deus grego Hermes. A alma era submetida então a um rito de passagem diante de Osiris. Havia uma balança gigantesca, havia Maat, a deusa da Verdade que pesaria o coração do morto e havia Amemait, o Devorador (um monstro que era parte leão, parte hipopótamo e parte crocodilo), aguardando para devorar o coração dos injustos. Havia ainda várias outras personagens no salão, alguns com cabeça de animal, outros com cabeças humanas, a quem o morto deveria responder quando perguntado sobre ações negativas que teria empreendido enquanto vivo. Então a alma do morto era pesada, colocando-se em um dos pratos da balança o coração do morto e no outro prato a própria deusa Maat ou a sua pena da verdade. Se os dois pratos ficassem em equilíbrio significava que os pecados daquela alma não suplantavam o peso da Verdade, então os juízes emitiam um veredicto favorável. Quando porém o coração pesava mais, ele era atirado ao monstro Amemait, simbolizando a condenação da alma do morto. A Deusa Maat personificava a lei, a verdade e a ordem social, diz Liz Greene (3). Ela era uma espécie de Moira (Deusa do Destino) civilizada, em que o instinto da vingança se transforma na necessidade de justiça e de se seguir códigos éticos e morais. Os temas da Justiça, da Ética e da Moral são, pois, temas muito caros a Libra e não é por acaso que Saturno está exaltado aqui, já que estes assuntos também lhe são preciosos.
A balança nos fala, então, da necessidade de pesar as coisas, de avaliar cada lado de uma situação e tentar chegar uma CONCILIAÇÃO. Porque assim como Gêmeos, Libra precisa aprender a construir pontes, a mediar conflitos e tentar achar um caminho do meio. ACORDO e AJUSTE são outras palavras associadas a este signo, que tenta sempre ser DIPLOMÁTICO e agradável, sempre achando algo positivo para dizer sobre qualquer situação ou pessoa. É também o signo da persuasão e da estratégia, sabendo como ninguém como lidar com pessoas nas mais diversas situações, daí a se tornar manipulador, pode ser um pulo também. Ele tem uma capacidade incrível de persuadir você a fazer o que ele quer, fazendo você achar que é o que VOCÊ quer. Por isso, ele se sai muito bem nas profissões que trabalham na busca de conciliação ou de justiça, como é o caso dos profissionais da lei: advogados, juízes, promotores. Outro meio em que eles podem se sobressair é nas profissões de aconselhamento, por sua incrível capacidade de perceber os diversos ângulos de uma questão e ver as situações de fora.
Libra é o signo oposto complementar de Áries e isso nos diz da sua busca por igualdade nos relacionamentos, pois ele tenta consertar o desequilíbrio criado por Áries, que só pensa em si. Em Libra o Eu encontra um Tu e precisa aprender a ceder, a negociar a própria vontade com a vontade do OUTRO. Eu + Tu = NÓS. Libra vê o OUTRO como um igual e é o primeiro signo a fazer isso, diz Tompkins. Assim, Libra precisa de RELACIONAMENTOS, de todos os tipos: afetivos, de amizades, sociais… Sem o outro, Libra se sente vazio e a vida fica sem sentido. O Outro é seu ESPELHO, do qual ele precisa para aprender sobre si mesmo, pra aprender a se reconhecer. O problema é quando esse espelho se torna mais importante do que o eu, quando só vivo a partir do reflexo que vejo no outro, ou seja, vivendo exclusivamente a partir da projeção ou eternamente dependendo da aprovação e aceitação do outro para me sentir reassegurado e funcionar no mundo.
Harmonia é a sua grande busca, mas por incrível que pareça, ele está sempre metido em grandes conflitos e imbróglios espinhosos, sem entender porque, quando tudo o que ele queria era estar em paz com todos. Ora, Libra é o grande PACIFICADOR, e qual a função de um pacificador? Pacificar! Então, ele vai sempre ser atraído para a guerra e o CONFLITO, para que possa fazer o que faz de melhor. Tanto que, se as coisas estão “certinhas” demais, agradáveis demais, ele pode criar crises medonhas só para se sentir necessário, ou seja, cria um conflito para ele mesmo resolver. Isso é algo que tem a ver também com a necessidade de equilíbrio de que falamos acima: o equilíbrio é algo tão importante, que mesmo sendo associado com a harmonia, Libra pode agir de forma exatamente contrário quando chega num ambiente em que tudo está “agradável” demais. Ironicamente, ele sente a necessidade de criar alguma desavença para que o equilíbrio se estabeleça, paradoxal como possa parecer.
Libra é regido por Vênus, uma versão mais civilizada e racional de Vênus, não aquela mesma que rege Touro, que é mais terrosa. A Vênus que rege Libra é associada também a Urânia e a Atena, a deusa da estratégia e do pensamento racional. É a Vênus que nasceu do sêmen dos genitais de Urano, jogados ao mar por Saturno. Ou seja, daí apreendemos novamente uma qualidade desapegada e mental deste signo.
Espere aí! Mas Libra não é “o signo do amor”? Quem falou, Cara Pálida? Claro que não! Libra é o signo do RELACIONAMENTO. Amor é outra história bem diferente! Libra realmente não é sobre amor, porque amor tem a ver com sentimento também e sentimentos são coisas primitivas e tumultuadas, com os quais os signos de Ar têm grande dificuldade de lidar. Libra está interessado em RECIPROCIDADE, mutualidade, unidade, acordos, e, em última análise, CASAMENTO, PARCERIA. Amor? Não necessariamente.
Sendo regido por Vênus, Libra é, pois, um signo de grande apuro estético, de gosto refinado, charmoso, cortês, elegante e gracioso. Ele sempre sabe como agir de forma conciliatória e educada em todas as situações – a não ser que esteja vivendo a partir da sombra de Áries, ou se tiver ênfase grande em outros signos. De qualquer forma, aqui estamos falando do arquétipo puro e ninguém é um arquétipo. Libra também é um signo que tem senso de simetria e proporção, daí seu gosto pela Beleza, no sentido mais amplo do termo, o que nos leva às artes e ao conceito de Ordem, Estética e Plasticidade, que dá a ele um olho clínico para apreciar coisas de valor – daí vem também sua grande criatividade, da sintonia com a harmonia e se ele mesmo não for artístico, certamente terá gosto estético apurado ou poderá ajudar a promover as artes de forma indireta, sendo marchand, trabalhando em museus ou galerias de arte. Da mesma forma, ele detesta coisas e situações grosseiras, sórdidas, feias e quando precisa fazer algo que “suje suas mãos” ele vai dar um jeito de persuadir alguém a fazer o trabalho sujo por ele.
Assim como Touro, Libra não gosta muito de chutar o balde, porque não é muito afeito a mudanças. Às vezes ele vai se anular, se tornar um capacho, uma maria-vai-com-as-outras para tentar agradar e ser aceito e aprovado; fará qualquer coisa para manter a paz, muitas vezes varrendo a sujeira e o descontentamento para debaixo do tapete, para não ter que lidar com o lado desagradável da vida – mas Escorpião logo em seguida vai levantar esse tapete e mostrar a sujeira que Libra tão arduamente tentou esconder. É que ele realmente não gosta de “estragar” as coisas e assim como Capricórnio, investe muito em manter o status quo, especialmente porque precisa mostrar uma imagem agradável, bonita, correta, simétrica para a sociedade. Está sempre preocupado com “o que os outros vão pensar”, por causa da sua necessidade imensa de aceitação e aprovação. Assim, de certa forma, pode ser um signo bastante conservador.
Uma de suas grandes fraquezas, a INDECISÃO, nasce exatamente da necessidade de harmonia e justiça. Como está sempre pesando as coisas e as situações, ele pode ficar paralisado, incapaz de escolher, porque consegue ver o lado bom e as vantagens de todas as alternativas. Isso também o faz evitar todo tipo de CONFRONTAÇÃO, o que enerva terrivelmente as pessoas com quem ele convive, assim como sua mania de querer agradar a todos, o que só o levar a desagradar a um monte de gente. Por causa disso, Libra é acusado de ser falso, e ele pode mesmo ser, pois morre de medo de ser rejeitado se falar a verdade e o que realmente pensa. Na verdade, diz Tompkins, ele já sabe o que ele quer: e o que ele quer é não ter que escolher, não ter que decidir nada e assim, muitas vezes, deixará a decisão e a escolha a cargo do outro, que vai escolher conforme lhe aprouver, só para ouvir depois de Libra: “mas não era isso que eu queria”. Quem vai entender?
No corpo Libra rege os rins, que a medicina chinesa associa ao medo, medo que é associado com Saturno, que não por acaso está exaltado em Libra. Os rins também nos lembram, de novo, da idéia do equilíbrio, porque são dois iguais, trabalhando lado a lado, como os pratos da balança. “A função dos rins é purificar o organismo das toxinas e substancias nocivas. Quando os relacionamentos se tornam a tal ponto envenenados que você acaba perdendo a cabeça por outra pessoa, é muito provável ocorrer um mau funcionamento dos rins. Quando um intenso desejo de encontrar um parceiro ou companheiro não se realiza num nível externo, manifesta-se, geralmente, uma profunda gulodice por doces, que conseqüentemente estimula o diabetes, doença governada por Libra” (4) A-há!
Essa questão de aprender a escolher nos leva ao principal mito relacionado a Libra: o mito de Páris e Helena, também chamado a Escolha de Páris, do qual trago um resumo e a interpretação de Liz Greene, e que para enfatizar isso, coloco em itálico.
Páris teve que fazer uma escolha que o deixou embrulhado em muitas complicações, que é algo típico do padrão de desenvolvimento de Libra. Páris era filho do Rei Príamo e da Rainha Hécuba de Tróia. Antes de ele nascer, foi profetizado por um oráculo que ele causaria a destruição de Tróia. Então o bebê foi deixado no Monte Ida para morrer, mas ele foi salvo e alimentado por uma ursa e posteriormente criado por um pastor da região do Ida. Ele cresceu para se tornar um jovem inteligente , forte e particularmente bonito e por causa de suas proezas com as mulheres e sua superior capacidade de julgamento, ele foi convocado por Zeus para fazer uma escolha ingrata, pra lá de espinhosa. Ocorre que os deus resolveram dar uma grande festa no Olimpo e chamaram todos os deuses, menos uma, Eris, a Deusa da Discórdia e do Caos, por razões mais do que obvias. Mas ela não se fez de rogada e foi mesmo assim e no meio da festa ela jogou uma maça dourada sobre a mesa do banquete, com os dizeres: “Para a mais bela de todas as deusas”. Hera, Atena e Afrodite se engalfinharam pela maçã, cada uma querendo-a para si.
Nenhum dos deuses era tolo o suficiente para querer arbitrar tal escolha difícil. Então, chamaram Páris, que estava tranquilamente apascentado seu rebanho no Ida. Hermes apareceu diante dele, acompanhado de Hera, Atena e Afrodite e lhe entregou a bendita maçã, solicitando que ele fizesse a fatídica escolha. Ora, Páris não era nenhum idiota e de cara percebeu a confusão em que tinha se metido, sabendo de antemão que escolher uma incorreria na fúria das outras duas. Como bom Libriano, político e charmoso, ele sugeriu dividir a maça entre as três. Zeus, porém não permitiu que ele se evadisse da questão, demandando uma decisão. Ele implorou a elas que não se zangasse com ele depois da decisão e claro, todas prometeram não se vingar, independente do resultado da disputa.
Todas se despiram e então Hera ofereceu a Paris o governo de toda a Ásia e prometeu fazê-lo o homem mais rico do mundo se ele a escolhesse. Porém Paris, sendo Libra, não estava interessado em riqueza e poder, menos ainda na responsabilidade que isso implicava. Atena lhe prometeu vitórias em inúmeras batalhas e que ele se tornaria um guerreiro muito respeitado e honrado em todo o mundo. Mas isso era outra coisa que não o interessava, já que ele não era Áries, mas sim Libra. Então Afrodite, tendo percebido o que o motivava, prometeu-lhe a mulher mais bela do mundo para esposa, que era Helena, filha de Zeus e Leda, que já encontramos no mito de Gêmeos, e que era, por acaso, esposa de Menelau, rei de Mikenai. Páris objetou que ela já era casada, mas Afrodite lhe garantiu que isso não seria problema e que ela daria um jeito de helena ficar livre para ele. O tolo acreditou, seduzido que já estava pela beleza de Helena e deu a Afrodite a maçã dourada sem pensar duas vezes. As outras deusas ficaram zangadíssimas, que renegando sua promessa anterior, juraram vingança e se aliaram para planejar a destruição de Tróia. Quando Páris encontrou Helena, no palácio do seu marido, os dois se apaixonaram instantaneamente e fugiram para Tróia, o que provocou uma guerra de dez anos, já que os gregos queriam se vingar do insulto e da humilhação de perder sua rainha para Páris. Nesta guerra, Tróia foi, de fato destruída, e não apenas Páris foi morto, mas também seu seus três filhos com Helena e seu irmão Heitor, que era valoroso guerreiro. Helena foi no fim devolvida a seu marido, já que era semi-divina e estava sem culpa, pois tinha sido apenas um peão nas armadilhas de Afrodite.
Esse mito nos fala da coisa mais difícil para Libra: a necessidade de se fazer escolhas e de se arcar com as conseqüências. Dizer não é dizer sim, dizer sim é dizer não, diz a canção. Quando escolhemos algo, temos que renunciar às outras opções, mas a escolha precisa ser feita e o preço por ela precisa ser pago, é o que a escolha de Páris representa. O fato de sua escolha ter terminado mal e de ter se desenrolado uma verdadeira e longa tragédia, não implica que esse seja o destino de Libra. Claro que não – embora as escolhas deste signo muitas vezes o levem a muita confusão e conflito. A outra coisa que essa estória vem salientar, é o padrão de triângulos amorosos que Libra costuma repetir vida afora. Porque ele simplesmente não consegue escolher entre os parceiros, já que um tem certos atributos e vantagens que o cativam sobremaneira, enquanto o outro também o preenche de forma inegável. Assim, ele vai buscar em duas pessoas diferentes (às vezes mais), a completude que lhe falta. Quanta confusão, heim, Librianos?
Liz Greene traz presente ainda outro mito pertinente a Libra: A Escolha de Tirésias. Tirésias era um homem comum, que um dia estava caminhando pelo Monte Kilene quando viu duas serpentes copulando. As duas serpentes o atacaram e ele se defendeu com seu cajado, matando a fêmea. Imediatamente ele foi transformado numa mulher e passou sete anos vivendo como uma prostituta celebrada e famosa. Sete anos depois ele viu a mesma cena das serpentes copulando e desta vez matou o macho, tendo sua masculinidade restaurada, transformando-se em homem novamente. Assim, ele teve uma experiência peculiar e por causa disso, foi convocado por Zeus para dirimir uma querela entre ele e sua esposa Hera. Zeus, na sua grande malandragem, tentava justificar suas infidelidades dizendo que a mulher tinha muito mais prazer no ato sexual do que o homem, então ele precisava ter mais experiências. Hera, obviamente discordava disso – ela lá iria concordar com a promiscuidade flagrante do marido? Tirésias soube também de imediato que estava em maus lençóis, mas fazer o quê, tinha que emitir seu julgamento. Então ele se pronunciou dizendo se as partes do prazer do amor forem contadas como dez, três vezes três vão para a mulher e só uma para o homem. Hera ficou tão odiada com sua resposta que o tornou cego na hora. Zeus, compadecido, lhe deu o dom da visão interior e a capacidade de entender a linguagem dos pássaros. Ele também teve sua vida alongada em muitas gerações e mesmo depois de morrer seus dons seguiram com ele no Mundo Inferior. Ele aparece depois na estória de Édipo, como um vidente cego de grande insight e julgamento.
Fazer escolhas é o destino de Libra, pois como dizem os ingleses, não dá para comer o bolo e ao mesmo tempo guardá-lo. Se fosse uma mulher a fazer a escolha, o imbróglio seria o mesmo, pois a escolha está lá antes da pessoa, simbolizando a eterna disputa dos deuses na psique humana. No fim, o que precisamos apreender é que a escolha de Páris reflete seus valores mais profundos e preciosos. Ele não escolhe poder, nem riqueza, nem glória. Ele escolhe sua anima, o relacionamento. E Liz diz que “a indecisão de Libra não nasce da incapacidade de fazer escolhas, mas do medo das conseqüências implicadas, porque qualquer decisão feita pelo ego implica necessariamente que outros conteúdos da psique serão reprimidos ou excluídos, o que gera uma grande ambivalência”, um atributo libriano que costuma invocar a exasperação daqueles com quem ele convive.
A estória de Tirésias também remete à dificuldade que Libra tem com o mundo dos instintos. A serpente é um símbolo da vida instintiva e da origem da vida, algo que encontramos em todos os signos de Água e que o Ar tem tanta dificuldade de lidar. As serpentes lembram a uroboros, que encontramos em Câncer. As serpentes também aparecem na Alquimia, macho e fêmea, formando a Unidade. Tirésias, assim, espionou um segredo da natureza e a Natureza é ciumenta de seus segredos, como também já vimos em Aquário. Ao matar a serpente fêmea, Tirésias inconsciente está fugindo de sua natureza instintiva, outra característica que todos os signos de Ar compartilham: o desgosto diante das funções orgânicas e biológicas do corpo, assim como da natureza em si mesma, com seus fluidos, odores, necessidades fisiológicas desagradáveis. Quer coisa mais deselegante do que uma diarréia? Ou mesmo um simples resfriado em que a pessoa fica espirrando, assoando o nariz a todo momento? Librianos a essa altura devem estar torcendo o nariz… Desculpem, Librianos. O que dizer então do ato sexual e a troca de fluidos, suor, ruídos, às vezes, bestiais? Para Libra o sexo é algo que precisa ocorrer sob as condições adequadas, de preferência com ar condicionado no último, sob lençóis de seda ou cetim, num cenário harmonioso e agradável. Sexo selvagem em lugares improvisados? Não, obrigado, Libra passa essa para Escorpião!
Tirésias é punido com a cegueira, mas essa cegueira significa que ele não pode mais ser seduzido pela beleza mundana das aparências, como Paris foi. Ele ganha o dom de olhar para dentro, para o Self e refletir. Greene opina que Páris seria Libra quando jovem e Tirésias seria Libra mais velho e mais sábio. Os dois são requeridos a resolver um dilema que os próprios deuses não conseguem e ao fazer isso, ambos são transformados, tanto o humano quanto o deus. A questão da escolha não é entre as opções que se têm diante de si; trata-se na verdade de decidir quais são nossos valores mais profundos, porque em ultima analise, é isso que motivará nossa decisão final. E quando se tem claros os valores, a decisão é conseqüência. A propósito, Vênus em Astrologia significa, entre outras coisas, nossos valores mais caros. Greene vai em frente dizendo que essas estórias talvez venham nos dizer que afinal, os deuses talvez não sejam tão justos quanto o homem. “Se Libra puder aceitar isso, então seu papel como promotor da civilização e reflexão torna-se genuíno e dignifica a nobreza do espírito humano.” (3) (Todas as citações de Liz Greene são do livro acima mencionado).
Como já mencionamos, a Sombra de Libra é seu oposto, Áries. Libra, quando negativo, pode se achar vivendo de forma caótica, criando conflito aonde quer que vá, para se sentir necessário. “Quando ansioso e inseguro, Libra separa pessoas, ao invés de conciliá-las, mantendo-as para si mesmo para assegurar sua posição de domínio. Assim, ele se torna intolerante, parcial, criador de problemas e cisões, agindo de forma rude, deselegante, vivendo para provocar. Pode tornar-se manipulativo, preguiçoso e vaidoso, vivendo para buscar admiração e o endosso de suas ações” (5). Ou seja, pode se tornar mais tirânico e egoísta do que o pior dos Arianos, assim como Áries negativo pode ser indeciso e capacho dos outros. Libra precisa então, aprender com Áries como ser assertivo e direto e Áries precisa aprender com Libra como acomodar o outro em suas decisões, como ter consideração pelas outras pessoas e buscar o equilíbrio entre sua vontade e a vontade dos seus iguais.
Meditação para Libra
Observação: caso sinta qualquer mal estar, desconforto ou receio durante o exercício, interrompa-o imediatamente e abra os olhos. Esta meditação de hoje é inspirada numa meditação do Oráculo do Osho: “Sentado, tenha os pés apoiados no chão e as mãos apoiadas nas pernas. Afrouxe qualquer peça de roupa apertada e faça-se confortável. Feche os olhos e respire profundamente até sentir muita calma e pense na intenção do exercício: ver as pessoas e as situações como elas realmente são.
E veja, sinta, perceba ou imagine-se olhando para um espelho. Qual o tamanho, a forma, a cor deste espelho? O que você vê nele? Está límpido ou obscuro? Preste atenção a todas as imagens que aparecem sem se apegar a elas. Deixe-as vir e deixe-as ir. Agora, veja no espelho sua própria imagem. Perceba que sua imagem está distorcida, embaçada, pouco nítida. Esta visão turva sobre si mesmo representa sua dificuldade de saber quem realmente é, por isso está confundida numa bruma de ilusões. Respire uma vez e imagine que seu terceiro olho (entre suas sobrancelhas) se abre e imediatamente a visão que tem de si no espelho se torna clara e límpida, sendo assim ajudada por seu Ser Superior a encontrar a verdadeira pessoa que é. Focalize nesta visão nítida que agora aparece no espelho. Olhe-a nos olhos e deixe-a calar fundo na sua alma. Guarde essa imagem e lembre-se dela todas as vezes que se sentir confuso sobre suas escolhas e sobre o peso do outro na sua vida. Então, respire e abra os olhos.
Música para Libra
https://www.youtube.com/watch?v=gvnq-qjdTOg
https://www.youtube.com/watch?v=9Twsir3jS94
https://www.youtube.com/watch?v=WtDmRRU_C50
Fontes pesquisadas
(1) Edna Andrade, Festas Cristãs
(2) Sue Tompkins – The Astrologer’s Handbook – Flare Puclications
(3) Liz Greene – A Astrologia do Destino – Weiser (Versão Inglesa)
(4) Joanna Wickenburg – Um Guia do Mapa Astral – Pensamento
(5) Frank Clifford – Getting to the Heart of Your Chart – Flare Publications