Mercúrio Retrógrado em Capricórnio – Vivendo na Matrix
Mercúrio está retrógrado e eu estou às voltas com análises de troca do meu telefone celular e de operadora. Irrito-me profundamente com essa tecnologia que cria necessidades que não temos para nos empurrar goela abaixo coisas das quais não precisamos e nem mesmo queremos. Tudo para nos anestesiar ainda mais, para nos fazer zumbis – sim, atualmente somos todos zumbis, autistas, perdidos num mundo estéril, só nosso, com a ilusão de que estamos super conectados. Não é à toa que proliferam tantos filmes e séries sobre zumbis atualmente. A arte e a mídia, de um jeito ou de outro, vão trazer à tona os temas centrais e mais pertinentes do inconsciente coletivo da época. E a ironia é que a mesma indústria cultural, a mesma mídia também produz tudo isso para entreter, leia-se, alienar, num jogo perverso de retro-alimentação cultural. Mas quem estiver minimamente desperto se dará conta dos sub-textos, do que está escondido nas entrelinhas – coisa para a qual Mercúrio retrógrado sempre vai chamar a atenção.
Sim, eu também sei o quanto a tecnologia nos ajuda e facilita a vida, o quanto ela de fato quebra barreiras, etc, etc… O objetivo aqui não é depredar algo que é, indiscutivelmente, útil e que tem benefícios inúmeros – sei de todos eles. As coisas em si mesmas não são ruins, bom ou ruim é o uso que fazemos delas. Estou falando do exagero e de quando nos deixamos regular por vontades e impulsos que não são os nossos, bitolados bovinamente, como numa simbiose doentia, atendendo a estímulos que foram pensados por outros, com intuitos bem mais perversos do que meramente entreter, que os mais ingênuos ou não-nascidos-por-opção, aqueles que “não estão lá”, as mentes onde “não há ninguém em casa”, não se dão conta. Utilizamos a tecnologia a nosso favor ou somos marionetes das redes invisíveis de poder?
Tento fazer uma ligação e não consigo. O aparelho está atualizando aplicativos que não utilizo, dos quais não preciso e que nem mesmo consigo desinstalar porque vieram “de fábrica”. Insisto, a ligação é importante e nada acontece, a ligação nem mesmo se completa. Não sei se é o aparelho que não presta – passei a odiar Samsung porque tenho problemas diários com o aparelho; não sei se é a minha operadora; não sei se é a operadora do número para o qual estou ligando e no Brasil, infelizmente, não há para onde correr, é uma pior do que a outra, um verdadeiro engôdo na entrega dos serviços prometidos, cobrados a preços exorbitantes; não sei se é o mero “acaso”… Enfim, fico frustrada, não consigo ligar e resolver o problema e ainda tenho que ficar assistindo ao aparelho seguir com sua atualização automática e não solicitada – sim, já fui nas configurações e já “desliguei” as atualizações automáticas dos apps que não uso – em vão! Meu próprio laptop, Windows 10, faz as atualizações automaticamente – o antigo trazia uma caixa de diálogo que me perguntava se eu queria atualizar e poderia fazer quando e SE quisesse. Não mais. Deixo em stanby e quando volto, foi tudo atualizado! Eu tremo de medo quando penso nas implicações disso e no que está por vir num futuro próximo…
Neste cenário, é fácil simplesmente culpar Mercúrio retrógrado e de fato, ele leva a culpa de todos os problemas de comunicação do período e nos esquecemos que muitos destes problemas são crônicos, seja com a parafernália tecnológica, seja com nossos contratos mal pensados com operadoras odiosas, seja nossa própria comunicação interpessoal no dia a dia que anda capenga. Antes de culpar Mercúrio por todos estes problemas e dificuldades, faríamos melhor se o agradecêssemos porque ele está, na verdade, nos fazendo um favor por realçar, salientar problemas crônicos que finalmente se tornam agudos a ponto de nos obrigarem a tomar uma medida, uma atitude e finalmente correr atrás de uma solução que resolva o problema ao invés de apenas remediá-lo. Esse é um dos objetivos de Mercúrio retrógrado: alertar-nos para as coisas que sempre existiram mas que vamos fazendo vista grossa, vamos deixando para depois… Se não resolvemos por bem, na retrogradação as coisas ficam críticas e somos obrigados a levá-las a sério e a dar-lhes a atenção que merecem.
Em Capricórnio, essa retrogradação mercurial vem chamar nossa atenção também para a utilidade das coisas; para o fato de transferirmos a “autorização” de atualizações, tecnológicas ou não, e também de outros movimentos para “autoridades” invisíveis, como os gestores dos nossos planos de telefonia, sistemas bancários, de transportes, tráfego urbano, o tio Google, os sistemas que gerenciam nossos equipamentos de tecnologia, os sistemas diversos que acabam por gerenciar, indiretamente, boa parte da nossa vida sem que percebamos – pense em todos os “sistemas” dos quais você depende atualmente… É extremamente sedutor simplesmente transferir essa autoridade para atualizações mecânicas e automáticas, mas é também muito perigoso, tanto no plano literal – nossas máquinas atualizam coisas que não sabemos – quanto no plano psíquico, eu abro mão, gratamente, da necessidade de gerir ativamente minha própria vida e me tranquilizo porque há outras entidades cuidando dessas coisas para mim. Eu sei que isso não se aplica a todo mundo, mas aí é que está, a maioria de nós vai seguindo cegamente os ditames dessa rede invisível e que fica a cada dia mais poderosa. Antes era a televisão, e era muito mais fácil identificar o “vilão”.
Hoje é tudo muito mais difuso e por isso, mesmo mais perigoso. Muitos de nós – como eu – irritam-se terrivelmente por ver tiradas das nossas mãos decisões sobre as quais gostaríamos de opinar – não podemos mais escolher, já escolheram por nós! Fiquei sabendo, por exemplo, que o meu banco, Bradesco, está instituindo agora um app obrigatório que substitui a antiga chave de complementação de senha, que antes vinha num simples cartão. Quer dizer, não me perguntam SE eu quero. Já decidiram por mim e é isso ou eu não serei capaz de gerenciar minha conta e meu próprio dinheiro! O cerco está se fechando cada vez mais! Sabe aqueles filmes de conspiração em que o herói está sendo perseguido e de repente seus cartões de crédito, seus documentos e tudo o mais é anulado a ponto de ele simplesmente deixar de existir? Isso é mais real do que poderíamos imaginar. Bem vindo à Matrix!
Precisamos mesmo de tanta parafernália? Sabemos dizer, honestamente, de todo esse aparato tecnológico, o quê realmente nos ajuda e facilita nossa vida e o quê acaba por nos afastar de coisas essenciais, de pessoas próximas de nós e até de nós mesmos? O quanto essas coisas pensam e decidem por nós sem que nos demos conta? O quanto estamos entregando para estes “sistemas” invisíveis nossa capacidade de pensar, de decidir e de analisar o mundo ao nosso redor? Capricórnio é um signo de controle, no melhor e no pior sentido. Mercúrio retrógrado neste signo vem convidar a refletir sobre o quanto somos controlados de fora, a partir do aparato tecnológico, a partir dos sistemas diversos que gerenciam o mundo moderno, a partir da sistematização do humano à revelia da sua vontade – e não nos enganemos, tem todo um corpo ideológico por trás de tudo isso! Os mecanismos de controle mais eficientes e eficazes são aqueles que, aparentemente, não têm nada a ver com controle, e porque não parecem, não nos defendemos contra eles, estamos de guarda baixa. É o caso da indústria do entretenimento, por exemplo e de toda a estrutura da indústria midiático-cultural. É o caso também de sistemas criados, a princípio, para “facilitar” nossa vida mas que depois você percebe que acaba por engessar muito da sua ação individual. Mercúrio vem questionar se não é hora de retomar pelo menos parte desse controle – sei que é virtualmente impossível existir e funcionar no mundo moderno sem se utilizar destes sistemas, porque estamos quase que completamente dependentes deles- tecnologia, bancos, transportes, redes sociais etc, etc, etc – nomeie você mesmo! Mas precisamos saber, minimamente, para onde estamos indo e o que estamos decidindo ou deixando de decidir!
E então, vamos continuar abrindo mão, candidamente, da nossa capacidade de escolha e decisão, na ilusão de que estamos sendo “cuidados” (signo oposto, Câncer), ou vamos perder um pouco do nosso precioso tempo para nos atermos ao que realmente queremos, vamos ler as letrinhas miúdas de manuais e contratos para sabermos no que estamos realmente entrando? Vamos analisar com cuidado e buscar fundo, dentro de nós, as razões de fazermos o que fazemos ou vamos continuar feito gado, seguindo a massa de forma confortável, por que é mais fácil, mais cômodo, mais “divertido”? Vamos continuar adquirindo cada vez mais equipamentos, cada vez mais modernos, que suprem necessidades que não temos e tornam nossa vida mais “fácil”, mas também estéril e vazia? Vamos abdicar de sentir verdadeiramente, de viver a vida real em função da digital/virtual? Ou vamos sair do automático (não, pelamordedeus, sem referências àquela marca de frios!) e retomar o controle da nossa vida e tomar nossas próprias decisões?
Essa é a minha sensação. Na verdade somos vítimas de um sistema que deveria tornar nossa vida mais fácil e no entanto faz justamente o oposto. Somos infernizados com esquemas cada vez mais complicados de segurança que nos obrigam a decorar um número cada vez maior de senhas e outros absurdos. Cansativo.
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