Lua Nova em Gêmeos – Nas encruzilhadas da vida…
A Lua é Nova no limiar deste domingo, à 00h00min no horário de Brasília (04h00min para Lisboa), o que parece muito adequado para uma Lua Nova Geminiana ocorrendo no meio de uma Grande Cruz Mutável, que por sua vez nos remete diretamente à imagem de uma encruzilhada. Gêmeos é regido por Hermes-Mercúrio, o próprio Deus das Encruzilhadas, portais e limiares do tempo-espaço. No caso do Brasil, é como se estivéssemos mesmo no limiar, num portal, entre mundos e situações… Resta saber se saímos de uma realidade sombria para uma mais luminosa ou se é exatamente o contrário, o que seria uma infelicidade para todos nós… Da panela para o fogo? É o que está parecendo, desafortunadamente…
O ciclo de Gêmeos é o ciclo que vem nos convidar a uma renovação das ideias e conexões; a nos comunicar mais efetivamente, a reaver o contato com nossos irmãos e com nosso ambiente imediato, a explorar nossa vizinhança e a perceber o que nosso ambiente tem a nos fornecer em termos de informações necessárias para a nossa jornada. É um ciclo para estudar e aprender ou talvez ensinar e informar. É também momento de socializar e fazer os outros saberem das coisas, ou seja, a boa e velha divulgação e conversação, que pode se traduzir na construção de pontes. Sendo o primeiro signo de Ar, um signo mental, em Gêmeos começamos a elaborar conceitos e a dar nome às coisas, a explorar os potenciais da nossa mente e a verbalizar nossas ideias…
Entretanto, devido às configurações ativadas pela Lua Nova, podemos multiplicar tudo isso por dez ou mesmo cem ou mil… A curiosidade e a inquietude Geminianas ficam super potencializadas neste ciclo. Isso porque essa Lua Nova, de certa maneira, vem prolongar o clima que tivemos durante a semana que passou, que foi colorida pela Grande Cruz Mutável formada por Sol e Vênus em Gêmeos, em oposição a Saturno em Sagitário, estando os quatro em quadratura a Júpiter em Virgem e a Netuno em Peixes, configuração à qual a Lua se junta e na qual se renova – ou seja, teremos todo o próximo ciclo influenciado por essa dinâmica caótica, desconexa, incoerente e frenética, e no meio de tudo é-nos cobrado coerência e coesão… Como entregar isso, se nem nós estamos nos entendendo nessa ventania descontrolada? O que nos atrapalha também pode nos ajudar: movimento, fluidez, versatilidade, flexibilidade, adaptação e presença de espírito… Preparemos os punhos, é tempo de malabarismos!
Além desses aspectos da Grande Cruz, que aliás, ocorre em conjunção aos ângulos, o que potencializa seus efeitos, Sol e Lua também estão numa conjunção muito próxima a Vênus – Vênus, aliás, fará a Conjunção Superior ao Sol, que marca a metade do seu ciclo, na segunda-feira. Essa conjunção tripla em Gêmeos aponta para um ciclo mais leve, talvez leve demais, precário, superficial, frívolo, inconsequente… E Vênus, Sol e Lua também estão em quincunce a Plutão em Capricórnio. Tudo nos fala de um ciclo em que precisaremos vigiar nossos pensamentos e palavras, porque tudo acontece num ritmo vertiginoso, delirante, mas nem sempre conseguimos manter o registro ou a referência do que ocorre. Há muita atividade mental, porém não necessariamente essa atividade é produtiva ou leva a algum lugar, podendo, ao contrário, ser fonte de estresse e dispersão, agitação vazia e inquietação e ansiedade.
Gêmeos está associado diretamente a comunicações, que estarão na berlinda neste ciclo. Contudo, apesar de estarem sob grande escrutínio, a influência de Netuno nessa Grande Cruz sugere que desconfiemos de tudo o que vemos e ouvimos reportado pela mídia e meios de comunicação em geral, que desconfiemos, até mesmo daquilo que ouvimos em tete-a-tetes no dia a dia… Notícias bombásticas podem não passar de boatos ou puro sensacionalismo fomentado pela pressa, preguiça, descuido ou irresponsabilidade dos envolvidos; podem ser maldosas ou plantadas ou podem ser fruto apenas da inconsequência e irresponsabilidade de alguns, portanto, é bom ficarmos de olho – aliás, isso já está valendo desde que o Sol ingressou em Gêmeos e começou a fazer quadratura a Netuno, lá pelo dia 24 de maio. Isso também se aplica às relações pessoais… Os mal entendidos e falatórios estão favorecidos e fazemos bem se não ajudarmos a proliferar ou propagar inverdades ou informações de fonte e veracidade duvidosas… Lembra os três filtros de Sócrates? Já falei dele aqui, mas vale repetir: estamos seguros de que a informação é verdadeira? O que ouvimos ou dizemos, é uma coisa boa? E por último, é útil? Se não passar por qualquer um desses três filtros, melhor calar a boca ou os ouvidos… Se não passar pelos três, bom, isso nem deveria estar sendo cogitado!
Quando observamos que Netuno está conjunto ao Ascendente no mapa levantado para Brasília, ficamos ainda mais desalentados, porque Netuno tomará o palco central, então a possibilidade de fraudes e esquemas obscuros fica aumentada, especialmente no cenário político em Brasília… Mas Saturno está lá no Meio do Céu, apresentando a conta e trazendo tudo a público… Parece que essa nossa via crucis não acaba nunca… Netuno no ASC sugere um ciclo muito confuso, propenso a equívocos e malogros diversos, desânimo, desilusão que, paradoxalmente, nos deixam predispostos a novos enganos. Escândalos envolvendo figuras públicas, escândalos envolvendo drogas e entorpecentes, possível aumento da propagação do vírus da Zika e outras doenças… Se conseguirmos driblar nosso desânimo, hesitação e vontade de desistir, talvez consigamos nos alinhar com a infinita criatividade também simbolizadas por Netuno. Vênus, Sol e Lua estão no Fundo do Céu – será que vamos continuar como os bobos da corte, rindo para não chorar, com nossos erros esfregados na nossa cara por todo o sempre? Júpiter em Virgem está no Descendente: viramos mesmo chacota internacional! Por outro lado, talvez isso possa significar alguma ajuda externa no meio desse caos insolúvel e sem saída que nos encontramos… Mas dado o presente cenário, mesmo essa ajuda pode ser duvidosa. É, este é o ciclo da lambança federal (federal, de federação, não é no sentido de gíria!), seguida de de rebordosa e ressaca, seguida de mais lambança… Círculo vicioso. E o povo, assistindo a tudo isso impotente, cai na tentação de voltar a se embriagar e anestesiar, seja com álcool, drogas, crenças, opiniões cheias de certezas ou ilusões… Bem fará quem se mantiver sóbrio!
De fato, é um ciclo que exigirá de nós muito centramento para que possa ser minimamente produtivo, do contrário, o tempo passará num piscar de olhos e quando nos dermos conta estaremos apenas com a sensação de ter atravessado um furacão, ou melhor, de ter sido levados por ele. Contamos com alguma ajuda nesse quesito “centramento” vinda de Mercúrio, regente da Lua Nova, que está em Touro, um signo bastante pé no chão, pragmático, ponderado, deliberativo e lento na ação, o que, neste caso, equilibra grandemente a pressa e a afobação de Gêmeos e garante que tenhamos alguma substância e não sejamos apenas um balão vazio levado pelos ventos. De qualquer forma, Mercúrio já está em orbe de oposição a Marte em Escorpião, o que exige cuidado dobrado com a língua, que estará letal e com precisão cirúrgica, mas com forte potencial destrutivo!
Contudo, para além do óbvio, Essa Grande Cruz Mutável me lembra, mesmo, uma encruzilhada e nela precisamos decidir que direção tomar: vamos para a direita, pelo lado do otimismo, talvez até um pouco ingênuo ou exagerado? Vamos pela esquerda – e isso também me lembra a via sinistra – a via da fantasia e do sonho, mas também das ilusões tolas e ocas, a via da busca por um salvador/cuidador e das meia-verdades ou mentiras deslavadas? (Em tempo, os termos esquerda e direita aqui referem-se exclusivamente aos posicionamentos de Júpiter e Netuno no mapa da Lua Nova, não têm, absolutamente, nenhuma conotação política). Vamos para a frente, para o confronto com a realidade e com nossos medos e limitações, que nos colocará em contato com inseguranças, mas também com nossa verdade mais firme? Ou vamos ainda voltar por onde viemos, crianças irrequietas, alheias ao que ocorre à nossa volta e receosas dos comprometimentos que os caminhos e escolhas possam representar?
A encruzilhada demanda reflexão e escolha, que nos elevemos acima do burburinho mental para termos maior clareza, pois se ficarmos paralisados no meio dela poderemos ser atropelados por outros mais apressados e decididos do que nós… Mas serão só estas as nossas opções? Talvez não. Ainda podemos ir para cima ou para baixo – não esqueçamos que Plutão está ali, a nos dizer que pode nos levar numa jornada ao Mundo Inferior também num piscar de olhos! E mais: Hermes-Mercúrio, como Deus dos portais, nos lembra que há outras dimensões além daquelas três às quais estamos acostumados… Talvez possamos pairar acima dessa encruzilhada e nos projetar no futuro, intuindo os vários possíveis resultados das diversas alternativas diante de nós… Poderíamos percorrer todas essas alternativas e voltar ao começo depois? Bem que Gêmeos adoraria, não é, deixar tudo em aberto, experimentar um pouco de cada opção e depois ainda sair solto e descolado feito sabonete escorregadio… Falamos de Gêmeos apenas arquetipicamente, porque essa é uma atmosfera que se aplica a todos por estes dias.
Então, qual é a melhor escolha? Na verdade, não existe tal coisa… Idealmente, deveríamos ser capazes de absorver toda a irreverência e curiosidade de Sol-Lua em Gêmeos, temperá-la com a sobriedade e a contenção de Saturno, equilibrar essa sobriedade com a alegria juvenil de Júpiter e ainda sonhar um pouco e abrir mão do controle com Netuno… Mas estes planetas não representam apenas qualidades positivas e nós precisamos considerar seus paradoxos… E, novamente, no melhor dos mundos, tal como um sábio meditando, conscientizarmo-nos de tudo o que tais deuses representam, para o bem ou para o mal, por assim dizer, misturar tudo isso dentro de nós, peneirar e finalmente fazer nossa escolha, no cerne da nossa certeza interna simples, tendo a grande humildade de considerar que ainda poderemos estar errados, mas que fizemos a escolha que nos pareceu mais apropriada naquele momento.
É como naquela cena do filme O Último Samurai em que o protagonista, Nathan Algren vem por uma rua tarde da noite, desarmado e é encurralado por cinco guerreiros. Como já ficou muitos meses treinando na arte dos samurais, Algren sabe que se espatifar em todas as direções não é a melhor estratégia. Então, ele fica completamente alerta, em máxima concentração e fixa sua total atenção no momento presente, num estado pleno de atenção consciente. Assim, consegue antecipar os movimentos de seus oponentes e ter perfeito controle de suas próprias ações e reações, conseguindo vencer, sozinho, a cinco guerreiros valentes, puramente pela força mental concentrada… Sim, claro, estamos falando de um filme Hollywoodiano que tenta vender a supremacia americana e blá blá blá… Mas não é disso que estou falando. Quando pensamos nos samurais e todo o corpo de práticas e filosofia que viviam, sabemos que isso não só era possível para eles, mas dependendo do grau de aperfeiçoamento do guerreiro, poderia ser até enfadonho de realizar. Aliás, podemos ver isso nas artes marciais ainda hoje. O que eu quero dizer é que, diante deste cenário de inúmeras possibilidades, de situações se alterando constantemente e das mil e uma tarefas, obrigações, e imprevistos ocorrendo simultaneamente, o melhor que podemos fazer é adotar a prática do guerreiro zen, ou seja, atenção consciente permanente no aqui e agora. Só assim estaremos aptos a responder aos desafios que o ciclo nos traz.
O guerreiro zen sabe que tudo está na mente e que a mente prega muitas armadilhas. Ela pode ser nossa salvação ou danação, depende de nós e de como a usamos. Nas várias horas de treino a que se submeteu, Algren aprendeu que o segredo é manter a mente limpa e vazia: nada na mente. Esvaziar a mente de nossos medos, desejos, expectativas, pressões, opiniões, conceitos, identificações, paixões, inflações. Quando nos desapegamos de tudo isso, nós ficamos livres e leves e assim podemos tomar decisões mais coerentes e tranquilas que, mesmo que se provem equivocadas posteriormente, o que é muito improvável, ainda permaneceremos serenos, porque sabemos que tal decisão não foi fruto de precipitação, inconsequência ou leviandade, mas de uma escolha consciente.
O Símbolo Sabiano do grau 15 de Gêmeos (14° – 14°59’) traz a seguinte imagem: “Duas crianças holandesas conversando e estudando suas lições juntas”. O símbolo é claro: pessoas que se juntam a partir de objetivos similares ou afins. Uma situação de estudo e aprendizado, comunicação e socialização que tem tudo a ver com Gêmeos. O fato de ser apontado que são crianças “holandesas”, implica que talvez sejam estrangeiras em alguma terra alheia, mas nem por isso precisam se sentir isoladas, pelo contrário, podem se aproximar de seus semelhantes e afins e de origens ou metas parecidas. O fato de precisarem executar uma tarefa não necessariamente quer dizer que isso tenha que ser feito de maneira soturna e tediosa, mas pode sim, ser encarado com leveza e alegria, o que nos remete também, como diz Lynda Hill (1), às lições da vida que precisamos aprender e apreender e que podem iluminar e enriquecer a todos os envolvidos na situação. É fundamental manter o espírito de leveza e serenidade, para que não criemos complicações e problemas desnecessários – já teremos o bastante de desafios e problemas reais e também imaginários ou exagerados, logo, não precisamos ficar procurando cabelo em ovo, portanto, quanto mais simples e objetiva for nossa abordagem, melhor. Este é um símbolo que fala de estudos e aprendizados, de comunicação e amizade, de companheirismo e de simplicidade. entretanto, ele também traz riscos e fala de fofocas, de superficialidades, de pontos de vistas grosseiros, de preconceitos, ostracismo e, acrescenta Hill, da possibilidade de ouvir vozes que não fazem sentido algum… Portanto, o Símbolo Sabiano reverbera um pouco da dinâmica da configuração ativada pela Lua Nova e sugere mais cautela.
E nós, como ficamos nessa encruzilhada, afinal? Ficamos no centro. Não no centro do cruzamento, correndo o risco de ser atropelados pela hesitação, indecisão , inconstância e incoerência, mas no centro de nós mesmos e da nossa alma. Só assim poderemos perceber o sentido das coisas e das escolhas que precisamos fazer e das atitudes que precisamos adotar. Como diz Bert Hellinger, “no centro sentimos leveza” e leveza (Gêmeos) com substância (Mercúrio em Touro) é o objetivo final deste ciclo. Será que conseguimos? Havemos de consegui-lo!
Praticalidades: Indivíduos com planetas ou ângulos entre os graus 09 e 20 dos signos mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes) são mais impactados por esta Lua Nova e esta Cruz Mutável, nas áreas de vida representadas pela casa que têm Gêmeos no mapa natal.
Para se manter centrados e ancorados neste ciclo tumultuado, podemos recorrer a várias práticas: exercícios de respiração profunda, Yoga, Tai-Chi-Chuan, exercícios de enraizamento, meditação, florais que acalmem a mente e a ansiedade, dança, escrever para dialogar com os próprios receios, andar descalço na terra, contato com a natureza…
Um ótimo ciclo para você!
Con-centre-se! Con-centro-me (com centro em mim). Enraize-se!
em tempos como esses eu faria questão de ressaltar que a interpretação dos termos “esquerda e direita” no texto não se referem a política.
Você está absolutamente certo, Rafael, e agradeço imensamente por pontuar. Já fiz uma edição para enfatizar isso.
Gratidão! 🙂
Hahahah, definitivamente
😀 😀
Bem vinda, Gabi!!!
Grandes dicas! Prudência é a ordem do dia!