PEIXES – A Saudade da Unidade
A professora Edna Andrade, no site Festas Cristãs (1) quando fala sobre o signo de Peixes dentro do programa das 12 Noites Sagradas, idealizado por Rudolf Steiner, nos diz o seguinte: “A sabedoria antiga nos conta que foram as forças espirituais de Peixes que configuraram os pés humanos – regidos por Peixes. Quando observamos os pés verificamos que eles são formados em forma de uma abobada que vai propiciar, simultaneamente com a verticalização da coluna, o andar ereto, primeiro grande aprendizado da vida. Quando criança nos arrastamos, engatinhamos e finalmente nos erguemos e nos apoiamos nos nossos próprios pés superando as forças da gravidade, significando isto uma grande conquista e a condição para o desenvolvimento do pensamento, sendo o pensar o que diferencia o Humano dos outros reinos da natureza”.
“Ao longo da vida seguidamente fazemos uma analogia íntima com este fato: ‘andar nos meus próprios pés, saber por onde ando, seguir os meus próprios passos, não vou andar nos passos de ninguém’. São expressões que exprimem uma correta relação com a terra e com o destino em termos de liberdade pessoal.” (1)
De Peixes recebemos “os impulsos para nos firmarmos nos próprios pés e nos erguermos, condições básicas para alcançar a liberdade individual, meta à qual nos destinamos como seres individualizados”.
Em PEIXES chega-se ao fim do ciclo zodiacal e encerra-se o escopo arquetípico da experiência humana. Por isso se diz que Peixes, de certa forma, é a síntese de todos os outros signos. Por ser tão inclusivo e abarcar tanto dos outros, é muito difícil definí-lo. É um signo extremamente impessoal, em que o Ego, que levou os outros 11 signos para se definir, agora busca sua dissolução completa. Mas por ser o último, também é o primeiro, é o material e a promessa de onde nasce o novo ciclo e a Casa 12 no mapa natal, a casa natural de Peixes, é considerada a casa pré-natal, porque é a casa imediatamente anterior ao Ascendente, que marca o arquétipo do parto.
Signo de ÁGUA MUTÁVEL, NEGATIVO, FEMININO, PASSIVO, YIN, Peixes absorve as influências do ambiente com facilidade, assim como a água, que se mistura a tudo o que toca e está sempre mudando de forma conforme o recipiente que a contém. Pessoas com grande ênfase em Peixes são como “ESPONJAS PSÍQUICAS”, diz Clare Martin: “Se alguém deprimido ou zangado entra na sala, o Pisciano pode facilmente começar a se sentir deprimido, zangado ou infeliz, sem saber porquê. Se essa capacidade para a fusão simbiótica é conscientemente reconhecida e aproveitada, pode ser um dom extremamente útil nas profissões de AJUDA e de CURA”. (2) Peixes não julga e sua compaixão e altruísmo imensos podem ser dirigidas a qualquer coisa ou pessoa que precise.
Porém, quando não vivenciadas conscientemente, essas qualidades podem causar problemas, porque a pessoa tem dificuldade em estabelecer limites saudáveis entre seus conteúdos e os dos outros, ou até mesmo em separar realidade do que percebe de outras dimensões e esferas. Ele é INCLUSIVO, porque não percebe barreiras entre as pessoas e é ABSORVENTE de tudo o que “boia” ao redor e por isso mesmo, pode ser muito influenciável pelas correntes invisíveis na atmosfera, sendo necessário que aprenda a erigir limites e barreiras que o protejam da invasão exterior ou mesmo de se misturar excessivamente com os conteúdos alheios. Peixes é famoso por sua SENSITIVIDADE e MEDIUNIDADE, e muitos, ao não entender, ou não conseguir lidar com isso, bloqueiam esse dom cedo na vida, tornando-se CÉTICOS depois – falamos deles mais abaixo.
E por que ele é tão inclusivo? Porque para Peixes não existe melhor ou pior, superior ou inferior, tudo são condições transitórias, ditadas pela impermanência e pelo estágio de evolução particular de cada um, por isso Peixes não julga nem separa e para este signo tanto faz se a pessoa é prostituta, pobre, presidente da empresa ou do país, um mendigo na rua, um adicto, um louco ou deficiente mental, uma pessoa comum, um trabalhador, uma criança ou um velho, negro ou branco… Todos são iguais, assim como todos eram iguais para o Cristo. Em sua compaixão ele não vê separação ou diferença porque, afinal, todos viemos da mesma fonte e para lá voltaremos um dia. Somo todos partes do mesmo todo, interconectados, interdependentes numa rede infinita que liga todas as formas de vida e de energia. Essa tendência a abraçar e incluir a tudo e a todos frequentemente o coloca em confusão e o torna influenciável, muitas vezes CRÉDULO e IMPRESSIONÁVEL, podendo ser uma presa fácil para espertalhões, porque toda essa inclusão o torna também muito IDEALISTA e incapaz de perceber as pessoas pelo que elas realmente são, na sua versão humana mais primitiva. Vê o mundo sob lentes cor-de-rosa e é claro, quando se é muito idealista, está-se fadado a decepções e desapontamentos.
Peixes é o signo menos “mundano” de todos e aquele que tem o senso mais frágil de “self”, de si mesmo e até de ego, porque em primeiro lugar, ele nem mesmo queria estar encarnado! A experiência da encarnação na matéria é extremamente dura e difícil para Peixes, mais do que para qualquer outro signo. Ele é de outro mundo, de outra dimensão, de outra galáxia. Ele vem de um mundo onde tudo é perfeito, onde não há separação, doença, morte, onde tudo é belo, tudo é unidade e amor, onde o universo respira em uníssono. E quando se vem de um tal mundo perfeito, a experiência humana é realmente dolorosa e sem muito sentido, por isso Peixes odeia a sordidez e a mesquinhez da vida mundana, das contas a pagar, do emprego, da competição desenfreada, da miséria e escassez de amor que muitas vezes personifica a vida na terra. Estar encarnado num corpo para Peixes é pesado demais e por isso mesmo é um dos signos que mais tem propensão para adicções porque através delas ele tentar voltar para o Paraíso Perdido do Éden, da Unidade com o Pai e a Fonte da Vida.
Dizem que o rio sente saudades do mar, assim como a alma sente saudades de Deus, da Unidade. E Peixes é o signo onde essa saudade é mais aguda e mais doída. Essa nostalgia e essa saudade de algo indefinido e inominável é a saudade do Inefável, mas que Peixes leva uma vida inteira para reconhecer. Neste anseio e nesta fome, ele vai pela vida tentando encontrar o objeto da sua saudade em coisas, pessoas, situações, em vão. Daí desenvolvem-se as adicções de todo o tipo. Outros talvez busquem em caminhos menos tortuosos, pela arte ou pelo misticismo. Outros ainda, sem um ego forte o bastante que suporte e contenha as forças do Inconsciente, simplesmente sucumbem a ele e entram em estados de psicose. E ainda tem os que, ao perceber o mundo de imperfeição em que caíram, emprestam seus dons para ajudar e curar, porque sua grande compaixão e altruísmo demandam que façam algo concreto para minimizar o sofrimento e essa imperfeição que vêem no mundo, são os curadores e os servidores. Assim, o drogado, o alcoólatra o louco, o místico, o artista, o curador… Todos estão buscando a mesma coisa, só que de formas diferentes: todos estão tentando ESCAPAR da miséria humana, todos buscam voltar a Deus, retornar à fonte, mas alguns o fazem de maneira muito destrutiva. Isabel Hickey, astróloga americana dizia a respeito de indivíduos com fortes posicionamentos em Peixes ou na casa 12: “Ou sirva ou sofra!”. E assim é. Peixes é o grande mártir do Zodíaco, porque capta o sofrimento de toda a humanidade e os vivencia, tornando-se, muitas vezes, o paciente identificado, a vítima ou a ovelha sacrificial. Ou ele se identifica com o salvador ou com a vítima, ou com o Redentor ou com o redimido.
Mas claro, há o Peixes cético. Aquele que, ao ser confrontado com os limites tênues da “realidade” e perceber outras realidades espirituais, algumas delas absurdamente assustadoras, erigiu defesas extremamente eficientes contra os poderes do inconsciente, contra as forças irracionais e incompreensíveis que ele não controlava e foi para o extremo oposto da ultra-racionalidade, negando suas percepções e dons, abafando-os completamente até que eles se extinguiram ou viraram apenas uma lembrança borrada de um passado distante. Esse tipo de Peixes costuma se dar muito bem nos meios acadêmicos que endeusam a lógica e a razão, ele se sobressai nos mercados financeiros, porque inconscientemente usa seu feeling para intuir o caminho certo. Mas ele não acredita em nada. Ele nega veementemente que sinta coisas diferentes. E costuma ter insônia. E se dorme, jamais sonha. Tudo como parte de um elaborado e super eficiente sistema de defesa. Mas um dia ele terá que se render. O Inconsciente encontrará maneiras de minar essa barragem e então o dilúvio e a inundação virão. É quando o indivíduo se encontra muito infeliz na sua vida super ajustada, mas completamente árida e sem sentido – então ele terá que voltar aos braços da Grande Mãe e fazer as pazes com ela e com tudo o que ela representa.
Devido a tudo isso Peixes geralmente evita se comprometer. São indivíduos extremamente ELUSIVOS, como elusivo é Netuno, seu co-regente. São INDEFINÍVEIS, como indefinível é o grande mar. Sue Tompkins cita Richard Idemon em seu livro The Astrologer’s Handbook, que dá uma definição sobre Peixes: “Não eu, Não aqui, Não agora” (3). Não é perfeito? Ele não quer ser, nem quer estar, não está aqui, nem lá. Quando? Não sei, um dia, talvez…
E quais os mitos de Peixes? São muitos, mas invariavelmente envolvem uma mãe e seu filho redentor. Os parágrafos a seguir são uma tradução livre e resumida de parte do texto sobre Peixes, do livro A Astrologia do Dsstino, de Liz Greene, no capítulo Mith and Zodiac (4), que coloco em itálico para destacar a fonte:
Como ocorre com os demais signos, há muitos mitos, antigos e variados, relacionados a Peixes, alguns deles bem mais antigos do que os mitos gregos. Invariavelmente esses mitos nos levam ao arquétipo da Grande Mãe, de onde tudo nasce e para onde tudo retorna. Há muitas versões, em culturas diferentes, da estória de dois peixes celestiais, associados com o culto da deusa Atargatis, que também está conectada ao signo de Virgem, oposto complementar de Peixes. Seus templos tinham piscinas onde nadavam peixes sagrados, que só podiam ser tocados ou comidos ritualisticamente. Atagartis tinha um filho chamado Ichtis, que era, ele mesmo, um peixe e que depois evoluiu para Ea, a cabra-peixe que encontramos em Capricórnio. Outras versões desse par são Ishtar e Tamuz, Cibele e Átis, Afrodite e Adônis. O mito babilônico conta que um ovo gigante foi encontrado no Eufrates por dois peixes, que o empurraram para a terra, onde uma pomba pousou sobre ele. Deste ovo surgiu Atagartis, que honrou os peixes colocando-os nos céus. Na versão grega do mito, Afrodite e seu filho Eros fugiam do monstro Tifão disfarçados como peixes, ou teriam sido salvos por eles e foram também honrados pela gentileza sendo colocados nos céus como constelação. Os peixes geralmente aparecem amarrados juntos e jamais se separam, embora aparentemente pareçam nadar em direções opostas. Um dos peixes é a Grande Mãe, a deusa da fertilidade que representa a origem de toda a vida. “Ela é devoradora, lasciva e destrutiva, o mundo primordial dos instintos. Ele é o Redentor, ichtis, o Cristo. Estão unidos pra sempre e não podem fugir um do outro. Ele é tanto o filho como o amante, e deve ser sacrificado ritualisticamente, ano a ano. O filho é desmembrado e morto pela própria mãe ou por um dos seus animais totens: um lobo, uma serpente monstro, um javali. Depois ressuscita. As sereias são associações consequentes dessas deusas-peixe, e assim como a Grande Mãe-Amante, seu apelo e canto são irresistíveis, porque não são desse mundo, falam de imagens etéreas e oníricas. No capítulo sobre Peixes Liz Greene cita Jung:
“As Grandes Mães mitológicas são geralmente um grande perigo para seus filhos. Jeremias menciona a representação de um peixe numa lâmpada cristã, que traz um peixe devorando outro. O nome da maior estrela da constelação conhecida como Peixes do Sul, Formalhaut, que é ‘a boca do peixe’ – pode ser interpretada neste sentido, justamente como no simbolismo, toda forma de concupiscência devoradora é atribuída aos peixes, que são tidos como ‘ambiciosos, libidinosos, vorazes, lascivos, avaros – em suma, um emblema da vaidade do mundo e dos prazeres terrenos (voluptas terrena). Eles devem essas más qualidades ao relacionamento com a mãe e deusa do amor, Ishtar, Atagartis e Afrodite. Não por acaso, Vênus tem sua exaltação em Peixes.” (4)
A associação chega à era Cristã e temos a Virgem Mãe e o Cristo, que tem o peixe como um de seus símbolos principais e que disse aos discípulos que os faria “pescadores de homens”, enquanto os Evangelhos estão cheios de referências a peixes e pescadores. O próprio Cristo é desmembrado e ritualisticamente comido na Eucaristia, seu sangue bebido pelos fiéis. O tema da vítima e do redentor é muito caro a Peixes, que pode vivenciá-lo num extremo ou outro da polaridade, já que são duas face da mesma moeda. Nenhum outro signo se presta tanto ao papel de vítima sofredora e perdida, como também nenhum outro é tão genuinamente altruísta e compassivo pelo sofrimento alheio.
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Outra figura mítica associada com Peixes é Dionísio, o deus da dissolução, do vinho e dos cultos orgiásticos. Dionísio aparece como filho de Demeter, outras vezes como filho de Perséfone. Mas a versão mais comum é que era filho de Zeus com Semele, filha do Rei Cadmos de Tebas. Hera, ciumenta ao extremo, aparece para a jovem ingênua disfarçada de velha e a convence a exigir que Zeus aparecesse para ela em toda a sua força e glória. Sem perceber que isso a destruiria, Semele faz Zeus prometer que atenderia a qualquer um de seus pedidos e preso pela promessa, é obrigada a aparecer para ela tal qual era, como Raio e Trovão, no que a jovem é instantaneamente fulminada. Semele estava grávida de Dionísio e Hermes conseguiu salvá-lo e costurou-o na coxa de Zeus, por isso ele era chamado “nascido duas vezes”.
Dionísio – Reprodução de Wikimedia Commons – By virginia teager – originally posted to Flickr as Statue of Dionysus, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=8042606
Ele era um macho nascido de outro macho, mas era um deus extremamente feminino, um deus das mulheres, geralmente retratado com feições femininas e jovens. Hera o odiava, como fazia com todos os filhos bastardos de seu marido. Hera o perseguia constantemente e ordenou que os Titãs o pegassem e rasgassem em pedaços, que foram cozidos num caldeirão. Uma árvore de romã nasceu no lugar onde seu sangue caiu. Porém sua avó, Rhea, o salvou e o trouxe de volta à vida. Ele cresceu escondido, mas de novo Hera o encontrou e o tornou louco. Louco, ele saiu pelo mundo acompanhado pelo seu tutor Silenos (um sátiro) e pelo séquito de selvagens mênades. Era um deus dissoluto e onde ele passava as mulheres enlouqueciam e o seguiam. Um dia ele chegou a Tebas, a terra de sua mãe. O então Rei de Tebas, Penteus, não gostou nada da idéia de ter aquele deus dissoluto em suas terras e mandou prendê-lo e a seus acompanhantes. Dionísio fez o rei ficar louco e achou que tinha prendido um boi ao invés do deus. As mênades escaparam e desapareceram nas montanhas, onde rasgavam animais e destruíam tudo o que viam pela frente. A própria mãe do Rei Penteus liderava o grupo de mênades, completamente enlouquecida, e, quando o rei tentou pará-las, elas o desmembraram totalmente, empalando sua cabeça e fixando-a nas montanhas. A grande ironia é que o rei teve o mesmo fim trágico do deus que ele se recusou a receber.
Esse é um mundo muito próximo para os piscianos: o êxtase orgiástico, a loucura mística que pode ser encontrada tanto no mosteiro, quando através das drogas ou da própria insanidade. O impulso que faz o artista compor verdadeiras obras-primas, seja na música ou nas belas artes é o mesmo que torna outros terrivelmente autodestrutivos, a se afundarem na dissolução das drogas ou do álcool; outros podem, de fato, sucumbir ao poderio imenso do inconsciente e resvalar na loucura, enquanto outros ainda vão vivenciar isso numa religiosidade profunda e mística, como foi a vida de muitos santos, uma entrega completa ao divino e à Grande Mãe. Não é à toa que vemos tantos Piscianos se refugiarem num intelectualismo estéril, porém seguro, encastelando-se na mente o no mundo racional, uma tentativa de fugir desse impulso primitivo de vida, mas que pode ser muito destrutivo. Nos mitos, cada figura representa uma faceta do mesmo tema, assim, Peixes é, a um só tempo, Dionísio, as mênades, Zeus, Hera, e até o próprio Rei Penteus, que o rejeita.
Mas, como já dissemos, acontece que Peixes não é desse mundo. Ele está ainda muito próximo à fonte divina, onde tudo é uno, onde tudo é Unidade. Para lá ele almeja voltar e por isso essa destrutividade e o impulso de morte. Há uma saudade indefinida e um desgosto pela realidade da carne e das contas a pagar no dia a dia, porque ele preferia estar em outra dimensão menos densa e menos pesada. Por isso é constantemente acusado de ser aéreo e distraído. “A carne pode ser uma prisão e uma devoradora do espírito, mas o espírito, da mesma forma, é não só o redentor, mas um devorador da carne”. Em Peixes é onde essa dicotomia corpo-espírito é mais desconfortável e a adicção a drogas e substancias é nada mais que uma tentativa de desmembrar esse corpo-prisão e voltar para os braços da Grande-Mãe-Amante. Porem, o destino de Peixes é mediar esse mundo, sem sucumbir a ele de forma destrutiva e sem repudiá-lo, o que é igualmente perigoso. Muitos grandes artistas – e cientistas, como Einstein! – conseguiram e no processo premiaram a humanidade com obras-primas magistrais – o que não quer dizer que tenha sido fácil para eles, ou simples – que o diga Bach, que tinha quatro planetas em Peixes, incluindo a Lua conjunta a Netuno. A proximidade com este mundo aquático é perigosa, mas muito frutífera, já que dá acesso a conteúdos universais e a uma infinita criatividade só igualável com a própria fecundidade da vida. Mas para isso é preciso ter um ego forte e bem estruturado que possa ser capaz de mediar imagens e conteúdos tão poderosos sem se destruir no processo. Isso pode ser feito por diversos canais: música, artes, profissões de cura e ajuda, religiosidade, serviço… Também há que se permanecer atento à tentação da identificação messiânica, de ser redentor ou vítima; de oferecer-se em libação ou de recusar a vivência dos sentimentos e a intermediação desses conteúdos de uma vez. Achar o caminho do meio nunca é fácil, mas é o que precisa ser feito.
As figuras arquetípicas ligadas a Peixes são:
O Salvador, O Redentor, A Vítima, O Curador, O Sonhador, O Artista, O Místico, O Religioso, O Santo, O Dissoluto, O Alcóolatra, O Louco, O Adicto
Peixes, como já foi dito, tem grande sensitividade e habilidade psíquica. Mas às vezes é difícil lidar com estes dons, especialmente na primeira parte da vida, quando os conteúdos podem ser assombrosos. Para mediar e nos ajudar a lidar com tal dom, podemos invocar nosso Guia Interior, e a ele que vamos encontrar na meditação de hoje, que pego emprestada de Elizabeth Broke, do livro A Woman’s Book of Shadows (4):
MEDITAÇÃO PARA PEIXES
Primeiro, concentre-se nas imagens simbólicas de Peixes. Deixe que conversem com você! Observe-as sem pressa. Em seguida, contemple o sentido desta frase: Eu deixo a casa do Pai e, voltando atrás, eu salvo. E a Palavra disse: Ide encarnar na matéria. (5)
Deite-se no chão; faça-se confortável e solte qualquer peça de roupa que esteja apertada ou incomodando. Deixe que o chão segure seu peso e respire fundo algumas vezes para liberar tensões no corpo… Imagine que está num prado verdejante, num dia quente de verão, Olhe as plantas crescendo ao seu redor, sinta a brisa suave na sua pele. Ali perto há um portão. Caminhe para o portão e passe pra o outro lado… Do outro lado há um caminho. Olhe para o caminho e decida se você quer seguí-lo. Se você decidir seguir o caminho, comece a caminhar. Ele vai subindo gentilmente, contornando uma montanha. Enquanto caminha observe o que há ao seu redor: plantas, árvores, animais, como é o ar e a atmosfera… Conforme você sobre o sol ainda brilha, caminhe no seu próprio ritmo. Conforme avança, você percebe que o ar fica mais claro, mais refinado e que há, ao longe, um eco de música… Quanto mais avança, mais alta a música se torna, é como o gotejar de água numa fonte… finalmente você chega ao cume. Você passa sob um arco e chega ao pátio de um templo, que tem uma fonte ao centro. Você pára para descansar na fonte… Quando faz isso, você se torna consciente de uma figura que vem em sua direção… Este é o seu guia. Saúde-o e escute o que ele tem a lhe dizer. Você pode perguntar a ele/ela qualquer pergunta que queira… Leve o tempo que for necessário para conhecê-lo/a… (permita que a imagem evolua e se desenvolva sem esforço mental da sua parte). Então perceba que é hora de ir embora… Seu guia lhe dará um presente de despedida e confirmará que você pode voltar quando quiser… Devagar, faça o caminho de volta descendo a montanha, trazendo seu presente, volte ao prado inicial. Então abra os olhos e volte pra onde estava inicialmente. Escreva sua experiência. Você pode optar por ouvir música, tocar um instrumento (se for o caso), escrever poesia… Guarde o presente com você, ele será um talismã que lhe dará conforto quando você se sentir desenraizado/a na vida. Este guia é um Mestre Interior que poderá ser consultado sempre que você precisar de ajuda ou clareza sobre qualquer assunto ou questão. Quanto mais você o/a visitar, mais profunda será a relação com ele/ela, Ele/ela poderá lhe ajudar com questões práticas ou com assuntos espirituais profundos e esotéricos.
Música para Peixes:
Osvaldo Montenegro – Aos Filhos de Peixes
Zeca Baleiro – Brigitte Bardot
https://www.youtube.com/watch?v=AMCCCWEZT6U
Peixes Voadores – Álcool, Carne e Rock’Roll
Zeca Baleiro – Minha casa
Mariana Aydar – Peixes
Daft Punk – Lose Yourself to Dance
Cat Power – Sea of Love
https://www.youtube.com/watch?v=NjE9CoH9avs
Mika – One foot boy
Guillemots – Sea out
Faça suas sugestões! que músicas você acha que traduzem Peixes?
Amanhã será o dia/noite de Áries. Conecte-se com essa energia desde cedo e observe como o seu dia se desdobra.
Programação das 12 Noites Sagradas:
26/12 – Capricórnio
27/12 – Aquário
28/12 – Peixes
29/12 – Áries
30/12 – Touro
31/12 – Gêmeos
01/01 – Câncer
02/01 – Leão
03/01 – Virgem
04/01 – Libra
05/01 – Escorpião
06/01 – Sagitário
(1) Edna Andrade, Festas Cristãs
(2) Clare Martin – Mapping the Psyche
(3) Sue Tompkins – The Astrologer’s handbook
(4) Liz Greene – A Astrologia do Destino
(5) Elizabeth Broke – A woman’s Book of Shadows
(6) Alice Bailey ‘Esoteric Astrology’, Lucis Press 1951, p. 653