Lua Nova em Escorpião – Da morte, o renascimento!
Um novo ciclo começou neste sábado, às 09h42min, a 26°19’ de Escorpião. Se o ciclo anterior, de Libra, já foi intenso, devido à forte e impactante presença de Urano – tanto na Lua Nova quanto na Lua Cheia – o de Escorpião promete transformações tão viscerais quanto e Urano continua a dar o “ar da sua graça” caótica!
Este é o momento do ano de olhar mais de perto para a nossa sombra, de confrontar nossa destrutividade, de olhar para a morte, como potencial e como realidade, como parte do ciclo natural da vida. É também o período de mergulharmos fundo nas nossas motivações, sem medo, de ousarmos nos conhecer mais e melhor; de lidarmos com o que é tóxico, em nós e no outro e de buscarmos a purificação e a depuração dos lixos emocionais. E, entre muitas outras coisas, é também a hora de encarar o que morreu em nós e na nossa vida, dar um enterro decente para isso e preparar-nos para renascer, mais fortes e resilientes!
A Lua e o Sol estão a 26°19’ de Escorpião e fazem apenas dois únicos aspectos: trígono a Quíron em Peixes e quincôncio a Urano em Áries, ambos os aspectos separativos, ou seja, já aconteceram. O aspecto a Urano sugere incongruências internas, a respeito de nossos propósitos; uma inflexibilidade acerca de conseguir os objetivos “do nosso próprio jeito”, de forma independente e livre, sem amarras, algo que contraria um pouco a busca de Escorpião pela vinculação profunda, pelo desejo de posse e controle. O trígono a Quíron traz empatia e compaixão e indica o potencial de suavizarmos essas brigas internas, pela auto aceitação e pela empatia, um potencial de cura das feridas e mágoas emocionais antigas, arraigadas, atávicas.
Mas o que chama mesmo a atenção neste mapa é o fato de Marte e Plutão, os dois regentes de Escorpião estarem em conflito, disputando território – quem sabe até, disputando para ver “quem manda mais aqui” neste signo! Escorpião, por si só, já sugere batalhas mortais, embates virulentos conosco mesmos e com o mundo. E nesta lunação as batalhas são potencializadas por este aspecto entre os dois regentes, que na verdade é uma configuração, já que Marte se opõe a Urano, que também faz quadratura a Plutão. Então temos uma T-Square Cardinal, simbolizando a batalha do indivíduo, do ego – Marte – contra as forças coletivas e inconscientes, a morte, a sombra, o “destino”, as intempéries na natureza humana e na própria vida, na sua versão mais turbulenta, selvagem e implacável – Urano e Plutão.
Marte é a nossa vontade pessoal, nossa capacidade de nos afirmarmos e brigarmos pelo que queremos. Já Plutão tem a ver com um poder maior, muito acima do nosso, a vontade implacável da vida, que não alisa, um poder inconsciente, que pode ser muito destrutivo, que nos empurra para lidar com aquilo que mais queremos evitar e é muito associado com o destino. Ambos têm a ver com o instinto de sobrevivência: Marte o instinto de sobrevivência pessoal, Plutão, o instinto de sobrevivência da espécie. Nessa briga, nossa vontade pessoal entra em conflito com a vontade maior, da vida, do “destino” e podemos nos sentir completamente impotentes diante dessa força, mas também podemos nos alinhar com ela e fazer o que tem que ser feito, o que é mandatório e que fica claro a partir destes contatos – com Saturno, Urano, Netuno e Plutão, a pior coisa que podemos fazer, é resistir e o melhor é ceder e voluntariamente fazer o que é necessário. Então, aqui nossa vontade pessoal precisa perceber e reconhecer onde precisa se dobrar, onde precisa se ajustar, onde precisamos entender que nossos objetivos meramente pessoais e egoístas precisam ceder passagem a forças e motivações mais importantes. A nosso favor tem o fato de Plutão estar na casa 1, conjunto ao ASC do mapa, ou seja, está em nossas mãos nos abrir às transformações, para que elas ocorram a nosso favor. Quando colaboramos, a energia que seria usada para resistir, fica à nossa disposição para transformarmos a nós mesmos e ao nosso mundo. E então, de impotentes, nos tornamos fortes; de um movimento que poderia ser destrutivo e desolador, passamos para um movimento de vida e de renovação, de renascimento. Portanto, essa Lua Nova vem falar de um ciclo em que precisamos transformar nossa vontade, nossa atitude, nossa ação no mundo. De deixar morrer os objetivos e vontades que já não fazem sentido, permitir-nos um período de luto, de despedida, para então renascer, renovados, com novo ímpeto e disposição, mais inteiros, mais resilientes.
A Lua Nova ativa o ponto do Eclipse Total do Sol do dia 21 de agosto, ocorrido a 28° de Leão – ativa por quadratura. Eclipses em geral sinalizam encerramento de um ciclo e o início de outro e aquele eclise, em especial, falava de rupturas com o passado, de mudanças bruscas, de ativar nossa vontade pessoal e alinhá-la com valores e princípios mais nobres. Talvez, lá atrás, por ocasião do eclipse nos demos conta de algo que definhava em nós, algo que começou a morrer, mas que hesitávamos em reconhecer, em assimilar ou admitir. Agora esta Lua Nova vem clarificar essa morte, mas vem também representar uma afirmação de vida, uma abertura para o novo ciclo, se tivermos confiança e coragem de dizer adeus, de permitir que morra aquilo que tem que morrer.
Como no mito de Perséfone – a filha de Demeter, Deusa do Cereal – que é raptada por Hades e estuprada no Mundo Inferior, onde se torna sua esposa e Rainha dos Infernos. Este é um mito de Escorpião e também de Plutão. Resumidamente, Perséfone era uma mocinha linda e cheia de vida, em idade de namorar, casar, emancipar-se da mãe e viver a própria vida, mas a mãe insiste em mantê-la presa à barra de sua saia e refuta as propostas de vários pretendentes da filha, com toda a sorte de desculpas, que diziam que nenhum era bom o bastante para ela. E Perséfone segue naquela união urobórica com a mãe, emocionalmente infantil e dependente dela, sem ter vida própria.
O sequestro e subsequente estupro perpetrados por Hades simbolizam esses momentos em que a vida impõe sua vontade sobre nós violentamente, porque nos recusamos a perceber a mudança de ciclo, a necessidade de vivenciar a passagem para o próximo nível ou fase da vida. Depois desse ritual de passagem brutal, Perséfone amadurece em todos os sentidos: já não é mais uma menina, nem a filhinha da mamãe, agora é uma mulher poderosa, adulta, dona de seu corpo e vontade, Rainha dos Infernos, senhora de si e do seu próprio espaço e poder. E, embora ela talvez sinta saudades do abraço maternal, no fundo reconhece que gostou da mudança inexorável e esta ambivalência é evidenciada na escolha que faz quando está prestes a deixar o reino de Hades. Requisitado a liberar Perséfone, Hades diz que ela é livre para ir a qualquer momento, desde que não tenha comido nada ali embaixo. De fato, ela não havia comido nada ainda, estava livre para voltar para o mundo superior e para sua mãe, mas já na saída, ela come as sementes de romã, um fruto que simboliza conhecimento e sabedoria. Por ter comido a romã, Perséfone é obrigada a se dividir entre a vida na Terra, junto à sua mãe, e a vida no Mundo Inferior, como esposa e rainha de Hades; metade do ano ela está sobre a Terra, o período correspondente à primavera e verão, quando tudo viceja, floresce e frutifica; na outra metade, correspondente ao outono e ao inverno, ela está no Mundo Inferior, simbolizando o descanso da terra e uma parada na ação consciente e objetiva – veja bem: ela é “obrigada” a se dividir, mas isso foi, em primeira instância uma escolha dela, ao comer, voluntariamente, a romã! No fundo, ao comer a romã, ela reconhece que não queria simplesmente voltar para a mesma “vidinha de sempre”. ela tinha mudado, já não era a mesma – por que iria querer levar a mesma vida? E assim é na nossa vida. Esse mito fala dos fins e dos recomeços, das mudanças de ciclos, dos ritos de passagens, algumas vezes brutais, quando hesitamos e os postergamos por tempo excessivo. Se resistimos, estagnamos a vida e invocamos a fúria dos deuses sobre nós e, se não queremos ser “penetrados” pela vida dessa forma brutal e implacável, precisamos reconhecer o momento do fim e render-nos a ele. Esperando, pacientemente, e às vezes na completa escuridão da insegurança e da incerteza, o momento da ressurreição, do renascimento.
Antes de terminarmos, chamo a atenção para mais dois fatores interessantes neste mapa: primeiro é que Urano é regido por Marte, co-regente da Lua Nova e está em oposição ampla a ele, sugerindo que é preciso ter coragem para se posicionar, para desagradar a alguns, se for para preservarmos nossa sanidade; mesmo que escolhamos ser elegantes e diplomáticos, é necessário ser firmes, diretos, honestos com as questões que precisam ser enfrentadas. O segundo ponto é o fato de Marte também estar em recepção mútua com Vênus, regente do ciclo lunar anterior. Marte atualmente trafega o signo de Libra, que é regido por Vênus e Vênus trafega Escorpião, que é regido por Marte e assim, diz-se que estão em “recepção mútua”, porque um recebe o outro em sua própria casa. Mesmo que não estejam em aspecto, essa recepção aponta para uma cooperação, uma certa cordialidade, porque a ação de um depende da concordância do outro. Ambos estão nos signos de detrimento, uma posição desconfortável, porque são signos alienígenas à natureza desses planetas e isso nos diz que é necessária uma negociação delicada, um estado de espírito de disposição ao diálogo, de se estar abertos àquilo que é difícil e desconfortável, mas que é chave para a saída dos nossos dilemas. É como um casal que já foi muito apaixonado, depois se desapaixonou, ambos brigaram feio e se magoaram mutuamente, mas por algum motivo precisam um do outro, então, precisam sentar e dialogar, e cooperar. E talvez essa colaboração possa diminuir o desconforto. A posição de Marte nessa configuração tensa com Plutão e Urano nos aponta para a inexorabilidade e implacabilidade das mudanças, de nos rendermos ao que é maior que nós, aos ciclos que independem da nossa vontade pessoal, mas a recepção mútua Vênus-Marte talvez simbolize que os deuses podem se dispor a nos olhar com mais brandura, se nós também nos abrirmos e, com humildade, nos dispusermos a ser transformados, abandonando a velha carcaça e tudo o que ela representa, para permitirmos que a nova pele surja, nova e brilhante!
Para aplicar melhor tudo isso na sua vida, veja em que casa do seu mapa você tem o grau 26 de Escorpião (veja abaixo uma lista dos significados das casas) e analise o que pode estar morrendo, se deteriorando ou sendo finalizado nessa área da sua vida. Reflita sobre o que você pode fazer para facilitar o processo; agradeça ao que foi, do jeito que foi; concorde com o jeito que tudo aconteceu; se for o caso, permita-se ficar triste, o luto é parte importante do processo; e deixe que isso morra e se desintegre; finalmente, veja quais novas intenções ou sementes podem ser lançadas nessa área de vida, se for necessário, escreva – não precisa ter necessariamente a ver com aquilo que está indo embora/morrendo, é importante que tenha relação com a mesma área de vida. E confie, no momento certo, você renascerá!
Um ótimo novo ciclo para você!
A lunação através das casas:
Casa 1 – Casa angular e muito importante. Período de grande ênfase e destaque pessoal. Pode ser um bom período para fazer mudanças na aparência física, verificar atitudes pessoais que não fazem mais sentido. É um ciclo para a transformação pessoal, incluindo aparência física.
Casa 2 – A ênfase sobre os valores, sejam eles materiais ou imateriais. Pode ser um bom período para reavaliar investimentos e a gestão dos recursos; especialmente para refletir sobre nossos valores mais essenciais, quais ainda são validos e quais estão datados; como eles influenciam nossas decisões e escolhas.
Casa 3 – O foco sobre estudos e aprendizados, – algo pode estar sendo concluído e finalizado. Comunicação, veículos, viagens curtas, viagens diárias para o trabalho e deslocamentos em geral também são influenciadas por estas energias. Mudanças importantes na relação com irmãos e parentes próximos.
Casa 4 – Outra casa angular de grande ênfase. Assuntos ligados à família de origem, assim como à família formada pelo indivíduo. Mudanças na relação com a figura paterna e com a família em geral. Reformas e mudanças na residência são possíveis de acontecer.
Casa 5 – Transformação na criatividade e expressão pessoal, assim como nos romances e atividades de lazer e relaxamento. Filhos, como expressão mais óbvia de nossa criatividade também se tornam o centro das atenções, especialmente o filho mais velho; novas atividades criativas ficam favorecidas, como artes, danças, música, etc.
Casa 6 – Transformação no trabalho diário, emprego, relação com colegas de trabalho, relação com empregados e servidores, saúde, corpo, cotidiano, bichos de estimação… Todos estes assuntos podem ser impactados por uma lunação nesta casa. É um momento de avaliar com seriedade a forma como cuidamos da saúde e especialmente avaliar o impacto de maus hábitos sobre ela, como fumar, por exemplo. Reorganização do local de trabalho assim como programas de reeducação alimentar ficam beneficiados.
Casa 7 – Outra casa angular. Todas as relações próximas ficam sob os holofotes, sejam parcerias afetivas ou de negócios, assim como amigos mais chegados e também os tais “inimigos declarados”. Possível término de relacionamentos, assim como possibilidade de início de outros.
Casa 8 – Casa dos valores dos outros, da morte (não necessariamente literal) e renascimento, de crises, de impostos, seguros e heranças. E também do sexo como expressão da parceria íntima. O período pode ser particularmente “quente” sob os lençóis e novos amantes podem surgir. Favorável à liberação de tabus e inibições sexuais.
Casa 9 – As viagens de longa distancia, assim como as buscas espirituais e a mudança de crenças ocupam nossa atenção quando um eclipse cai nesta casa. Cursos superiores e vida acadêmica, assim como publicações também estão enfatizados e pode ser que ocorra a conclusão de uma fase importante. Novos conhecimentos que expandem a consciência podem ser iniciados a partir de novos contatos ou até mesmo por um livro que começamos a ler.
Casa 10 – A ultima casa angular, de suma importância. A casa da nossa imagem pública, da carreira, da vocação e também da mãe ou da figura materna arquetípica. Pode haver o arrefecimento do entusiasmo por algum projeto profissional, algo se conclui e termina, para outra fase começar. Eventos ligados à mãe também podem nos afetar.
Casa 11 – Mudanças importantes nas amizades, pode haver rupturas ou simplesmente o afastamento por mudanças circunstanciais, como mudança de cidade, por exemplo. Podemos decidir não mais participar de algum grupo ou associação, ou entrar para outro, que sempre quisemos mas nunca tomamos a atitude. Pode haver mudanças significativas nos sonhos e esperanças de futuro.
Casa 12 – A casa da introspecção e do inconsciente. Esqueletos tendem a sair do armário e demandar que lidemos com eles; tabus familiares ou raciais tendem a cair no nosso colo de graça, e não podemos mais fingir que não os vimos; é uma casa de serviço, então somos convidados a prestar serviços que implicam sacrifício ou oferenda de nosso tempo e energia em favor de outros. Podemos nos sentir particularmente introspectivos e sentir o desejo de isolamento e reclusão.
Suas análises são sempre especiais. Gratidão!
Parabéns, maravilhosa interpretação e interpretação, gratidão, fico feliz em encontrar essa profundidade aqui na nossa terra. Namaste.
Maria Eunice eu tenho o 26 grau de escorpiao na casa 8 – achei dificil de entender o momento sobre essa perspectiva! Me ajuda?
Muito lindo o seu post! E repleto de conhecimento e bons conteúdos! Parabéns, sempre!