Lua Cheia em Libra – Qual é o pacto?

O ciclo Ariano atinge seu ápice no dia 19 de abril, às 08h12min no horário de Brasília – 12h12min para Lisboa – a 29°06 de Libra. Nesta lunação a Lua faz uma quadratura ampla e separativa a Saturno e a Plutão em Capricórnio e oposição fora de signo a Urano, a 2° de Touro. Esta é a segunda Lua Cheia em Libra – a outra foi em 20 de março, logo após o ingresso do Sol em Áries. Outra Lua Cheia enfatizando as relações, os pactos de coexistência… Mas o que é a vida senão um grande aprendizado sobre as relações? Relação com outros, família, amigos, parceiros, clientes, comunidade, entorno… Relação conosco mesmos, com a natureza, com o Divino… tudo é relação, tudo é relacionamento! Mesmo se você prefere ficar sozinho, você ainda precisa se relacionar consigo mesmo – e é melhor que este seja um excelente relacionamento, ou então você estará em apuros!

A Lua em Libra vem trazer equilíbrio ao ciclo Ariano, centrado na individualidade, no ‘eu’ e vem desafiar a energia ariana a encontrar maneiras de perceber o outro e ‘acomodá-lo’, na vida e no coração… Que tipo de pacto fazemos ao negociar nossas relações? Será que esses pactos são igualitários ou favorecem mais a um do que a outro? Será que nosso pacto foi com o Diabo, vendendo a alma a ele para não ficarmos sozinhos, talvez abrindo mão da nossa autonomia no processo? Que pactos você tem feito? Há equilíbrio? Se não houver, a relação se desgasta e não se sustenta.

O outro contraponto é que, enquanto Áries é um signo primitivo – no sentido de primevo, ‘primeiro a existir’, inicial, original – ao chegar em Libra essa energia inicial já foi burilada e desafiada de muitas formas e não está tão ‘crua’, então se Áries é o início da vida, Libra representa essa vida como ‘civilizada’, que por sua vez vem de civil, relativo a ‘cidadão’, ‘relativo às relações estabelecidas entre cidadãos’ e a vida civilizada supõe respeitar limites e regras sociais que, se por um lado podem ser/parecer muitas vezes fúteis, hipócritas, engessadas, por outro são elementos essenciais para que as interações funcionem, para que os indivíduos convivam e se respeitem mutuamente. Arquetipicamente, Áries é o ‘eu’ preocupado apenas consigo mesmo (nenhum problema com os nativos Arianos, afinal, ninguém é um arquétipo!), mas quando encontra Libra, Áries precisa olhar para fora e ver o outro. E é sobre isso que fala essa Lua Cheia: do equilíbrio entre vontades, quereres e necessidades, minhas e do outro; da necessidade de equidade nas relações; dos pactos que fazemos; da importância de tomar decisões, mesmo quando são difíceis, quando esses limites não são respeitados – a Lua faz quadratura a Saturno e oposição a Urano – correndo o risco de ser impopulares, contudo, sem perder a compostura e a delicadeza, afinal, autenticidade não precisa significar grosseria e falta de educação.

Como a Lua quadra Plutão em Capricórnio e quadra também, de longe, os nodos lunares, precisamos olhar para algo que se desgastou, se perdeu ou morreu, dentro de nós e nas nossas relações. Às vezes essa morte não é definitiva, mas uma transformação, uma mudança de fase, de ciclo… ainda assim, é necessário estarmos atentos e permitir que acabe aquilo que tem que acabar, que vá embora aquilo que tem que ir… Talvez haja um renascimento, uma regeneração, uma transformação poderosa… talvez não! Mesmo assim, precisamos abrir mão e soltar! A regente da Lua Cheia, Vênus, está no final de Peixes, fazendo quadratura a Júpiter em Sagitário… é preciso liberar-se da ansiedade e da espera dos resultados, ter fé e confiar no fluxo. Não de forma ingênua e doidivanas – não vamos abrir mão do nosso senso crítico – mas, com serenidade, liberar-se das expectativas de resultados específicos, que talvez apenas nos frustrem.

A oposição a Urano também nos diz que é preciso respeitar a própria individualidade e a do outro, é preciso desapegar-se – amor que acorrenta não é amor de verdade, é apego, é dependência, é ansiedade, mas não é amor maduro e consistente. Respeito, confiança e transparência precisam ser fomentados e estimulados, para que a relação possa crescer livre de amarras e expectativas falsas de preenchimento.

Marte, regente de Áries, está em Gêmeos, em contato com Saturno-Plutão e também com Vênus em Peixes e Mercúrio-Quíron em Áries – aliás, Mercúrio e Marte estão em recepção mútua. Todos formam um tipo de configuração, que não tem um nome formal, mas que certamente trabalha em sincronia e pode ter efeitos muito criativos e originais. Neste caso, pode sugerir a possibilidade de darmos expressão concreta, de efeito transformador (Saturno-Plutão em Capricórnio) aos nossos planos e vontades (Marte em Gêmeos), que podem “iluminar” e ter efeito curador sobre nossas feridas e sensação de inadequação (Quíron), havendo ainda a possibilidade de termos mais lucidez e clareza sobre o que nos feriu e fere e comunicar isso adequada e diretamente ao outro (Mercúrio), para que o entendimento e a conciliação possam ocorrer (Vênus).

Essa configuração também desemboca em Vênus e isso traz presente a capacidade criativa e responsiva, a sensibilidade, empatia e a delicadeza no trato com o outro. Em tempo: com Mercúrio conjunto a Quíron nos próximos dias, vale ficarmos atentos à nossa comunicação, ao que dizemos, com ou sem intenção de ferir, mas que pode ferir mesmo assim, e também ao que omitimos – o silêncio pode machucar, às vezes. A Lua em Libra faz quincôncio a Vênus em Peixes e isso pode representar oscilação nos julgamentos das situações, a incerteza e o medo de desagradar, que nos faz incorrer exatamente no erro que queríamos evitar – o que pode causar embaraços. Contudo, Lua-Vênus, se bem utilizadas, podem trazer a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro e prevenir que esse Mercúrio melindroso e magoado saia disparando aleatoriamente.

A Lua Cheia puxa uma locomotiva e isso, além de lhe dá mais destaque, nos lembra que muitas vezes é o sentimento, o engajamento emocional que nos empurra para a frente, ou melhor, que nos puxa! Nas próximas duas semanas, somada à percepção verdadeira da alteridade, precisamos alinhar nossos propósitos com o nosso coração; precisamos ter delicadeza, sensibilidade e escutar nossos instintos e sentimentos quando entrarmos em ação.

Portanto, nas semanas a seguir, precisaremos buscar a dose certa, a proporção adequada entre proximidade e desapego; como estar presentes, ativamente, verdadeiramente, ao mesmo tempo cuidando para não estar completamente em função do outro e nem esperar que ele o faça – é importante ter vida própria e, diga-se de passagem, vida interessante, cheia de vitalidade e plenitude! E é tempo de exercer a civilidade, de ser ativos no meio comum, na comunidade, debatendo ideias e respeitando a todas as expressões. Civilidade, sensibilidade e gentileza – é o que precisamos trazer para todas as nossas relações, afetivas e demais relacionamentos. E que elas não sejam disfarces para a verdade, que deve ser parte essencial desse pacto.

Feliz Lua Cheia para você! Onde você estiver, não deixe de olhar para o céu à noite e apreciar a beleza e a magia do Luar!

*O ciclo lunar, que vinha acontecendo ‘ao contrário’ de certa forma – com a Lua Nova ocorrendo depois da Lua Cheia no eixo de signos – por exemplo, em fevereiro tivemos primeiro a Lua Cheia em Virgem e depois a Lua Nova em Peixes – volta agora ao seu caminho “regular”. No dia cinco de abril tivemos a Lua se renovando em Áries e agora a Lua se torna plena em Libra. Temos então uma segunda Lua Cheia em Libra – a outra foi no dia 20 de março, no dia do ingresso do Sol em Áries! Agora aas lunações voltam a ocorrer em “ordem”: primeiro a Lua Nova no eixo zodiacal em questão, depois a Lua Cheia, enfatizando os temas da polaridade de signos do ciclo nessa ordem.