Seio bom e Seio Mau – Solstício de Inverno e Eclipse Solar Anelar em Câncer

Como podemos intensificar ainda mais um ano já bombástico? Aqui vai uma receita simples, mas um tanto rara: Coloque um eclipse total-anelar do Sol num grau crítico cardinal – no caso, Câncer, dos sentimentos profundos e viscerais – exatamente no dia do solstício, num período em que cinco planetas estão retrógrados – dois deles pessoais incluindo Vênus, o planeta que menos retrograda – e outro, Netuno, está estacionando menos de 24 horas depois para também ficar retrógrado; coloque esse eclipse dissonante com um Saturno entronado na própria casa; e ainda em quadratura a um Marte super sensível… Lembre-se ainda que o céu está carregado de Água e quase não há Fogo… Adicione a tudo isso o fato de estamos vivendo uma pandemia, já extremamente pressionados por tensões diversas, crise sanitária, econômica, política, por um trauma e um luto coletivos… É uma fórmula atômica! E é o que temos para este fim de semana, desdobrando-se pelos próximos dias e semanas e continuando a reverberar por meses e até anos, já que estamos falando de um eclipse solar! Vamos explorar um pouco isso tudo?

Solstício de Inverno no Hemisfério Sul e de Verão no Hemisfério Norte: 20 de junho de 2020, 18h44min BSB

Solstício – O Velho Sol e o Novo Sol

O ingresso do Sol nos signos cardinais é um momento de uma mudança significativa na energia da nossa ação no mundo e também na nossa organização interna, mental, orgânica, emocional e espiritual. O ingresso do Sol em Áries e em Libra marca os equinócios, quando o Sol cruza o equador e temos dia e noite iguais. Já a entrada do Sol em Câncer e Capricórnio marca os solstícios, de inverno ou verão, quando temos o dia ou a noite mais longos do ano, de acordo com o hemisfério em que estejamos no presente momento. Esses quatro dias do ano são portais energéticos bastante potentes e sinalizam uma mudança crucial no direcionamento das coisas no mundo externo e interno, tanto é que sinalizam as mudanças nas estações – quer um sinal de mudança mais visível do que este?

Portanto, esse é um grau de iniciação, que sinaliza uma mudança de direção, um novo começo, um novo ciclo de três meses, até setembro . Contudo, a Lua está na fase mais escura até três dias depois de ser nova, e nesses dias não favorece que iniciemos nada, apenas após ela começar a aparecer no céu. O que podemos fazer durantes esses dias de Lua Escura é meditar bastante sobre o que queremos mudar, qual lado da encruzilhada vamos tomar a partir de agora. Câncer é signo de Água e a qualidade cardinal indica uma ação… a partir de agora nossa ação é imbuída de sentimento, temos que colocar o coração em tudo o que fazemos e temos que pensar no nosso clã ao agirmos no mundo.

Ilustração gráfica do Solstício – Do wikimedia Commons: CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1071043

Noites Sujas

Nos solstícios, o Sol, no seu caminho aparente ao redor da Terra, atinge o ponto máximo na declinação em latitude, Norte ou Sul, chegando ao Trópico de Câncer (Norte) ou Capricórnio (Sul). São pontos extremos e de lá ele volta. Simbolicamente nossa consciência também chega a um ponto extremo em algum assunto ou situação que estejamos vivendo no nosso contexto pessoal e também coletivo. Podem ocorrer insights potentes, uma eclosão importante, mas que podem ser precipitados por uma crise severa, seja emocional ou de ordem prática. No solstício de inverno, caso do Hemisfério Sul, vivemos o momento mais escuro do ano e é o momento em que “o feminino cósmico, a Deusa Mãe dá à luz ao novo sol. O velho sol morreu e o novo está nascendo. No folclore Balcã, os dias que precedem o solstício são considerados sujos, dias escuros, onde nossas bagagens pesam mais e precisamos de uma purificação. A partir do Solstício de Inverno, o Sol começa a crescer em luz novamente, até que o Sol atinja o ponto do Solstício de Verão, que é o momento da ejaculação solar, a luz que dá vida, pois ele ‘abençoa’ a Terra! É um momento de vigilância (Solstício de Inverno), porque o Sol ainda não nasceu!” (Mariana Paunova, mestra em Filologia e professora de Dança Circular especializada em danças dos balcãs).

Do wikimedia Commons: By A013231 – Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=9003274

Solstício e Eclipse

Este solstício de junho de 2020 é potencializado porque é seguido de um Eclipse Anelar do Sol, acontecendo poucas horas depois do ingresso do Sol em Câncer, ainda no grau zero. Os eclipses sinalizam um tempo em que a energia está intensificada, extremamente instável, perturbada e perturbadora – tudo fica meio fora do normal e estranho – estamos no limiar entre uma coisa e outra coisa, entre um tempo e outro tempo. Situações saem de controle mais facilmente e, definitivamente, sentimos tudo muito intensamente – SENTIR é exatamente o verbo de Câncer! Em tal estado de coisas, a cautela não é apenas uma opção, mas uma necessidade, se for para chegarmos do outro lado deste portal com alguma segurança. Quem quiser correr os riscos e não se acautelar, fique à vontade, mas não diga que não foi avisado!

Do Wikimedia Commons: By Senthi Aathavan Senthilverl – Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=79907960

A Mãe, o Bebê e a Parteira

Câncer é o signo do par arquetípico mãe-bebê podendo ser identificado tanto com a mãe que cuida quanto com o bebê que é cuidado. E é também a parteira-portal que traz esse bebê ao mundo! É o ventre que gera e o bebê que é gerado; é o seio que amamenta e é a boca faminta que suga esse seio; é o cheiro do leite materno, é o cheiro do bebê; é a nutrição física, emocional, afetiva; são os vínculos que vamos criando na nossa família e depois, fora dela; é a nossa carência/falta, mas também o preenchimento quando essa vinculação se deu de forma adequada; é a interdependência que temos uns dos outros e que, quando desequilibrada, descamba para dinâmicas de co-dependência; é a própria família e seus laços, saudáveis ou tóxicos; é o lar, é a casa, é a pátria; é a nossa própria origem, nosso clã ou tribo, de onde viemos, do passado recente ou distante; é o almoço quentinho na mesa; Câncer é os líquidos circulando pelo nosso corpo, particularmente a linfa ou, de novo, o leite materno… E poderíamos ficar aqui o dia e a noite inteiros enumerando os simbolismos de Câncer… Mas acho que você entendeu e lembrou… Ah! Câncer é a memória ou memórias que guardamos do passado, seja dentro de nós, seja na forma dos álbuns de fotografias amareladas ou outros artigos de valor sentimental.

Wikimedia Commons – By Jean-Christophe Windland – Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=83595399

E eu lembrei de tudo isso aqui porque vejo que as energias densas desses dias e desse tempo estão nos mandando de volta aos porões da nossa irracionalidade. Primeiramente, o céu está carregado de Água: nuvens escuras que se precipitam sobre nós num aguaceiro torrencial, que encharca tudo de sentimentos e impressões fortes: tudo é sentido muito visceralmente, muito profundamente! E num eclipse solar, a luz do Sol, a consciência, é eclipsada pela Lua, os instintos e a irracionalidade. Ficamos mais impulsivos, irracionais e instintivos. A lua se coloca entre Sol e Terra, demandando que olhemos para tudo o que ficou preso nos porões do nosso inconsciente, para esse passado antigo e ainda temeroso, talvez. É, portanto, um tempo em que o nosso infante carente e colérico precisa ser acolhido e abraçado, o que me leva a Klein e o seio bom e o seio mau, e a Winnicott e a mãe suficientemente boa.

Wikimedia Commons – By Tom Adriaenssen (Inferis at Flickr) – Flickr (7 November 2005), CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=612976

Seio bom, seio mau

Melanie Klein, psicanalista austríaca posterior a Freud, foi uma das primeiras psicanalistas a analisar crianças e ela formulou algumas teorias muito interessantes a partir de seu trabalho com elas. Uma delas é a do seio bom e o seio mau. O bebê nasce na posição esquizo-paranoide, com o ego fragmentado e vendo a mãe, ou seu seio, como um objeto dividido. Na teoria do seio bom/seio mau ela diz que quando a criança está com fome e a mãe vai amamenta-la, ela está tão faminta que suga sofregamente, achando que aquele seio é mau, porque não satisfaz a sua fome; quando a mãe troca o bebê de seio, ele já não está tão faminto e agora mama de forma mais tranquila e prazerosa e consegue aproveitar essa mamada muito mais. Contudo, o bebê não entende por que a mãe sempre dá primeiro o seio mau, que o frustra, e somente depois, vem o seio bom, prazeroso e gratificante. Ele não entende que é a sua fome sôfrega que o impede de apreciar a mamada desde o começo. Com o tempo, se a criança se desenvolve adequadamente, ela é capaz de fazer a integração dessa mãe e vai percebendo que o seio bom e o seio mau pertencem à mesma mãe e ela sai da dicotomia preto-branco, bom-mau certo-errado e percebe que há muitas nuances entre um extremo e outro – ela apreende as ambivalências da vida – inclusive se dá conta das ambivalências da mamãe – e, se tudo der certo, consegue conter em si o conflito desses opostos sem atuá-los ou projetá-los no mundo exterior tão inconscientemente na forma das polarizações e extremismos (2). Nota: obviamente esse é um resumo muito grosseiro de uma teoria vasta e profunda e que estou usando aqui de forma breve e bem superficial, apenas para embasar um ponto. Obviamente a teoria de Klein vai muito além disso.

By Genthe, Arnold – Library of CongressCatalog: Wikimedia Commons – Domínio Público

A mãe suficientemente boa

Já a mãe suficientemente boa de Winnicott (John Woods Winnicott, pediatra e psicanalista inglês) é a mãe que consegue criar para o bebê um mundo seguro o bastante, onde a raiva e outros sentimentos destrutivos, tanto dela, quanto dele, são contidos de forma segura. Como assim? Imagine um bebê zangadíssimo, esperneando de dor ou fome, sem conseguir comunicar porque sofre, berrando a plenos pulmões por horas ou dias. O bebê, nos primeiros meses de vida, não tem noção de separatividade, o ego ainda não existe ou não está formado/organizado, ele e a mãe são o mundo inteiro, então quando esse bebê está zangado, o mundo inteiro está zangado – essa é a raiva primal. A mãe, exausta, também já está bastante frustrada e tem que lidar com as próprias ambivalências quanto à maternidade. A mãe suficientemente boa, independentemente da sua raiva e frustração, consegue conter o choro e a raiva do bebê num abraço amoroso, consegue acolher, ao invés de dar vazão a um ímpeto destrutivo que sua ambivalência poderia trazer. Ela mesma conseguiu lidar com a própria raiva e destrutividade, agora consegue conter a raiva do seu bebê. Ela não é perfeita, mas é boa o suficiente e oferece a esse bebê contenção e segurança nessa fúria. E essa criança aprende que é amada mesmo nos momentos mais terríveis e isso lhe assegura e estrutura nesse processo de formação do ego, a vinculação mãe-bebê vai se consolidando, garantindo que essa criança seja saudável.

Wikimedia Commons – By Danny15 – Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=30422235

Essa teoria me lembra também de uma peça publicitária que vi há muitos anos, não me lembro mais de quê… acho que era sobre adoção. Um homem adulto contava sobre o dia em que se sentiu realmente amado, amparado, “salvo”. Ele vinha de um lar fragmentado, de condições muito difíceis (não lembro exatamente o contexto) e havia sido adotado por uma professora, ele, uma criança já grande, talvez pelos seus dez anos de idade… um dia a professora chegou em casa e achou a casa completamente alagada, porque a criança havia aberto todas as torneiras da casa e deixado a água correr… E quando a mulher chegou ele começou a chorar muito amedrontado, porque “sabia” que levaria uma surra homérica e provavelmente seria devolvido para a adoção… Porém, ao invés disso, a professora se ajoelhou diante dele, abraçou-o fortemente e começou a chorar muito – ele também chorou. Esse homem relata como esse momento foi decisivo para ele se tornar o adulto que se tornou posteriormente, ajustado socialmente e levando uma vida “normal”.

Eu trago esses teóricos porque estamos vivendo dias em que precisamos trazer a mãe suficientemente boa para conter a nossa criança enfurecida na raiva primal e irracional e também na carência infantil, porque o grau zero de um signo traz a síntese desse signo e aqui ele está potencializado por um eclipse total, num contexto já bastante tenso. Nossa mãe talvez não esteja mais por perto para nos dar esse abraço e acolher a nossa raiva, a nossa dor, desespero, tumulto interno – porque sim, é possível que muitos de nós estejam se digladiando com demônios pessoais ferozes e devoradores! – portanto, somos nós que precisamos conter esse infante carente, irracional, colérico, destrutivo, birrento esperneando loucamente em nós.

E por que estou falando tanto da raiva, do infante raivoso, birrento e carente? Por causa do mapa desse eclipse! A Lua Nova e o eclipse ocorrem em quadratura a Marte em Peixes – uma quadratura separativa e fora de signo, mas ainda assim, potente, porque esta é a quarta lunação consecutiva que ocorre em aspecto tenso (quadratura) a Marte – as outras foram a Lua Cheia em Escorpião em sete de maio; Lua Nova em Gêmeos em 22 de maio; e o eclipse penumbral da Lua no dia cinco de junho, em quadratura exata! Portanto, Marte tem estado muito ativado nestas lunações, num período em que ele não está na melhor forma! Daqui a pouco Marte entra em Áries, onde vai ficar retrógrado, desafiando os planetas de Capricórnio por vários meses… Portanto, haja contenção e acolhimento para essa nossa raiva primal, individual e coletiva!

A Lua Nova e Eclipse também acontecem em quincôncio a Saturno em Aquário – ativando carências, inseguranças e medos de uma forma enervante, porque muito indireta e sem solução fácil. E ainda há uma quadratura ampla, mas aplicativa a Quíron em Áries, também simbolizando questões primais de sobrevivência do ego, sentimentos de inadequação, feridas incuráveis e uma grande vulnerabilidade. Considerando-se que um eclipse lunar nos chama a olhar para situações do passado – o que fizemos ou deixamos de fazer – agora esse passado demanda um olhar frontal da nossa parte, não mais de canto de olho. O que me lembra que Mercúrio está retrógrado em Câncer, dando o mesmo recado, no modo canceriano: você deixou cair alguma coisa aqui atrás… O leito do rio é revirado, a água fica turva e aquilo que estava preso lá embaixo nas profundezas emerge à superfície… Que tipo de material é esse que agora surge à nossa frente, constrangedoramente? Cada um sabe dos seus conteúdos, porém o constrangimento não precisa estar nessa equação – novamente, aqui precisamos daquele abraço compassivo e gentil nos lembrando que não temos que ser perfeitos, que não precisamos entrar no enredo do “culpado”, vítima-algoz, precisamos apenas ser responsáveis.

E ainda temos Vênus na sua última semana de retrogradação, já aparecendo no céu do amanhecer como Estrela Matutina, Phosphorus, Lúcifer, a Portadora da Luz – uma Vênus mais independente, libertária e… bastante belicosa! Realmente, o teatro dos relacionamentos incendeia! e Lúcifer, portador da luz vem bem a calhar neste momento de consciência obscurecida.

Como se não bastasse…

Como este eclipse acontece duas semanas depois de outra lunação muito potente, que “coincidiu” com a retomada e reabertura do comércio em vários lugares no mundo, é muito possível que ele represente os “resultados” dessas ações recentes, talvez até uma segunda onda de pandemia ou o seu recrudescimento em alguns lugares – mais uma vez, Mercúrio se faz presente, porque nos lembra do que andamos fazendo nos últimos três meses, desde dez de março, quando estava voltando da sua última retrogradação – você sabe o que se passava no iníco de março, foi quando a OMS declarou oficialmente o estado de pandemia. A outra coisa que adiciona tensão é Urano no Ponto Médio entre a Lua Nova e Netuno, que sugere “perturbações repentinas, ansiedade, convulsões (epilepsia) uma doença ou fraqueza que emerge repentinamente, uma crise emocional, luto; uma disposição imprevisível ou incalculável, tendência a ações impulsivas” (3). Portanto, como se não bastasse o tumulto interno, a possibilidade de “tumulto” e crises externas é grande como esse Urano tão salientado!

Num eclipse solar as figuras solares, como autoridades, chefes de estado, líderes em geral são fortemente desafiados, de uma forma ou de outra – sua autoridade pode ser questionada. O masculino também fica vulnerável.

Série Saros Solar 137

O mapa da Série Saros 137, à qual pertence este eclipse, é um mapa também bastante tenso. Esta série nasceu em 25 de maio de 1389 e o eclipse atual é o 36 de uma série de 70 eventos. No mapa vemos uma conjunção entre Netuno, Vênus e Plutão em Touro – Vênus enquadrada pelos dois – todos em quadratura a Saturno em Leão, o que já indica uma série bem difícil para os relacionamentos e acordos em geral. A Lua Nova ocorre no Ponto Médio entre Mercúrio e os Nodos, Saturno está no Ponto Médio entre a Lua Nova e Urano e Júpiter ainda faz quincôncio a ao PM entre Plutão, Nodos, Netuno e Vênus – é uma equação bastante tensa e inibidora. A Dra. Bernadette Brady, analisando este eclipse diz sobre ele: “Restrições, inibições, separações e ilusões são a marca desta família de eclipses. Eventos ocorrem de forma a parecer bloquear o indivíduo. Neste bloqueio, o indivíduo fica propenso a julgar erradamente suas forças ou a situação e é aconselhável esperar até que o eclipse passe antes de adotar alguma ação. Essa é uma série Saros bastante difícil”, (4) conclui ela. Assim, percebemos que parte das nossas perturbações e tempestades têm origem nos conflitos relacionais de todo o tipo, particularmente relações amorosas ou acordos, sendo que amizades e relações familiares também não ficam imune. Essa sensação de bloqueio também está relacionada à pandemia, é claro, assim como há grande possibilidade de aumento de contágios, ainda devido à posição de Marte em Peixes e devido à posição de Urano no PM Sol-Lua/Netuno.

Visivilidade e dados técnicos do eclipse – NASA

A última vez que tivemos um evento da Série Saros 137 foi em dez de junho de 2002 a 20° de Gêmeos e anteriormente em 30 de maio de 1984, a 9° de Gêmeos. A última vez que tivemos um eclipse solar total ocorrendo a 0° de Câncer foi em 21 de junho de 2001 – de outra Série Saros. Vale a pena olhar o que acontecia nessas datas, especialmente 2001, para entender melhor como esse eclipse pode se manifestar atualmente.

O eclipse tem duração total de cinco horas e 48 minutos o que significa que seus “efeitos” impactam a nossa vida cinco anos e dez meses.

By J. M. W. Turner – 4AFo7BatGeF12Q at Google Cultural Institute maximum zoom level, Public Domain,

Sabianos, Sábios Símbolos

O Símbolo Sabiano do grau 0° (zero) de Câncer traz essa imagem: “Em um navio, marinheiros baixam uma velha bandeiram e levantam uma nova”. Rudhyar diz que a nota principal desse símbolo é o ponto de não retorno, “uma mudança radical nas lealdades exteriorizadas num ato simbólico”… Qualquer mudança nos lados políticos nas próximas semanas não será mera coincidência! Rudyar diz: “Num ‘navio’ que simboliza a consciência do ego flutuando, por assim dizer, no mar do vasto Inconsciente, a vontade individualizada toma uma decisão básica. A força Yang dominante permite que a força Yin inicie sua ascensão de seis meses ao poder” – de 0 de Câncer a 0-zero de Capricórnio. “O ‘coletivo’ vencerá gradualmente o ‘indivíduo’ e, no final, o estado dominará a pessoa. Agora, porém, a pessoa individual desfruta de sua hora mais gloriosa; ela exulta em sua capacidade de tomar uma ‘decisão livre’ – isto é, de agir como um indivíduo que seleciona seu objetivo de vida e sua lealdade” (5). Ora, os Símbolos Sabianos são símbolos, não são para serem lidos e interpretados literalmente, mas este aqui… Sinceramente, não podia ser mais contundente neste momento em que vivemos! Eu venho falando desde o início do ano sobre a sensação de esmagamento que o indivíduo sente neste ano, tanto pela análise do mapa da ingressão do sol em Áries, quanto por causa dos eclipses, todos eles enfatizando uma posição vulnerável do indivíduo, frente a forças de poder coletivo muito grandes. No vídeo da semana pulicado em 14 de junho, eu também falava isso.

By Gross, Anthony – http://media.iwm.org.uk/iwm/mediaLib//143/media-143892/large.jpgThis is photograph Art.IWM ART LD 2038 from the collections of the Imperial War Museums., Public Domain,

Eu também lembro que o Símbolo Sabiano do eclipse anterior, do dia cinco de junho também traz a imagem de um navio: “Gaivotas voam ao redor de um navio esperando comida” – este símbolo falava da necessidade de desenvolvermos independência e autossuficiência, mas os dois símbolos trazendo a ideia de um navio, em momentos de eclipses nos faz pensar… Este ego que flutua atualmente muito à deriva, num mar de incertezas e inseguranças… trocando lealdades aqui e acolá… Quando vamos encontrar um porto seguro? Será que ainda existe um porto seguro? Este porto seguro tem que estar primeiro dentro de nós e só o encontraremos se o capitão deste navio, o Self, puder realmente comandar sem restrições… porque se deixarmos nosso pequeno ego e a mente enganosa assumirem o leme, talvez afundemos nesse mar revoltoso… para não falar nessa mudança de lealdades!

By Aelbert Cuyp – Web Gallery of Art:   Image  Info about artwork, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=15452755

Um navio simboliza o barco da vida, empreendendo a grande jornada da alma vida afora. Foi na Arca que Noé guardou todos os casais de animais antes de a Terra ser inundada… O navio evoca, pois a ideia de proteção, de algo resguardado e protegido, “a ideia de força e de segurança numa travessia difícil” (6) e o navio também é outro símbolo para o útero, onde a vida se origina e cresce! É o vaso, o receptáculo, o que nos remete ao começo, ao próprio signo de Câncer. “É o espaço interior de uma grande construção. É melhor concebê-la, não como um imenso vazio, mas como o local onde a vida deve circular, a vida que vem das alturas, a vida espiritual (…) é o convite para A Grande Viagem” (6).

By Sefer azeri – Own work, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=56037044

Então, atualmente nosso navio navega por mares tempestuosos e precisamos garantir que ele chegue inteiro ao porto. Para isso, o nosso capitão precisa ter carta branca para conduzir e administrar esse navio. Os marinheiros, nosso ego, também precisam garantir que este navio esteja bem cuidado, que seu casco esteja em boas condições para seguirmos nessa viagem incerta. E nosso ego, se não teve uma mãe suficientemente boa, pode continuar acreditando que tudo é culpa do seio mau da mamãe terrível… e haja trocar bandeiras! (alô polarizações políticas e afins!)… agora, nós mesmos precisamos prover a mãe suficientemente boa para esse ego/infante frustrado, quando possível, buscando ajuda de uma boa terapia e de outros recursos, além dos nossos próprios.

Em termos bem práticos, estes dias pedem cautela dobrada, tanto na nossa vida prática quanto na emocional e nas nossas relações. Se você se perceber em meio a uma crise, primeiro, respire fundo e recue.. conte até três ou até dez, ou mesmo, até cem! Porque a probabilidade de reagirmos de forma muito impulsiva e piorarmos a situação é muito grande, portanto, na dúvida, é melhor esperar! Relações familiares podem ficar bastante tensas também, especialmente nas próximas duas semanas, que ficarão ensanduichadas entre dois eclipses no eixo Câncer-Capricórnio.

E considerando-se que este eclipse ocorre conjunto ao Nodo Norte, Cabeça do Dragão, ele nos exige crescimento, maturidade, um esforço consciente em direção a algo que sabemos que demanda muito de nós… Nas palavras de Michael Lutin: “o que você deve fazer exatamente o oposto daquilo que você ‘gostaria”, que seria o caminho ‘mais fácil’ – mire naquilo que é mais difícil para você, faça o esforço! Vai ser recompensador!

E aqui vão algumas sugestões simples que talvez ajudem:

  • Exercícios de respiração e ancoramento para “segurar a onda” dessa energia super potente;

  • Meditação – use o seu método favorito, mas o Mindfulness pode ser ótimo, pois nos ancora no momento presente;

Aromaterapia – há vários óleos essenciais que ajudam no centramento emocional e mental, além de ajudarem a elevar a nossa imunidade; consulte a Aromaterapia Do Terra (não to ganhando nada, não);

  • Florais de Bach – use esta fórmula para períodos de muita tensão em que haja também sofrimentos de longo prazo: Rescue + Walnut + Sweet Chestnut + White Chestnut; se você, além de tudo está cuidando de pessoas doentes e sente o fardo muito pesado, use Rescue + Olive + Elm + Red Chestnut;

  • Períodos de eclipses são muito potentes para rituais mágicos, contudo, as energias deste eclipse são muito potentes e voláteis e, a não ser que você seja um mago/bruxo experiente e que saiba muito bem o que está fazendo, não se aventure – o resultado pode ser perigoso!

  • Criatividade – expresse o tumulto de forma criativa! Câncer é o signo do poeta, por isso, escreva, cante, dance, movimente-se, ponha os demônios para fora e dance com eles, eles podem lhe dar dicas preciosas – a cura geralmente está ligada àquilo que causou a dor!

Não sabemos ainda quando a pandemia vai acabar, quando esse tempo desafiador vai arrefecer, mas concluo dizendo que ainda temos o compromisso de vibrar o nosso melhor e elevar nosso espírito! Fazendo aquilo que estiver ao nosso alcance; olhar para esse passado sem medo, honrá-lo, para que possamos finalmente nos liberar e caminhar para o futuro, com amorosidade e gentileza, amparando-nos mutuamente em solidariedade!

E você, ficou curiosa ou curioso sobre onde esse eclipse e os outros acontecem no seu mapa astrológico? Que saber  que mudanças podem significar na sua vida? Agende uma consulta: psicologica.astrologia@gmail.com 

1 – Mariana Paunova, mestra em Filologia e professora de Dança Circular especializada em danças dos balcãs

2 –  http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2007000200005

3 – Ebertin, Reinhold – The Combination of Stellar Influences

4 – Brady, Bernadette – The Eagle and The Lark

5 – Rudhyar, Dane – an Astrological Mandala

6 – Chevalier & Gheerbrant – Dicionário de Símbolos

 

mariaeunicesousa

Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

3 thoughts on “Seio bom e Seio Mau – Solstício de Inverno e Eclipse Solar Anelar em Câncer

  • 21 de junho de 2020 em 15:23
    Permalink

    Haha
    Aqui o texto.
    Gratidão Infinita Sempre, Maria Eunice.
    Um grande abraço.
    Esteja Bem.
    🌞

    Resposta
  • 22 de junho de 2020 em 08:25
    Permalink

    Muito obrigada pela sinceridade e pela partilha do seu saber e da sua humanidade. Continuemos a viagem com foco, paciência e cautela.

    Resposta
  • 24 de junho de 2020 em 01:18
    Permalink

    Que abordagem excepcional, Maria Eunice!
    Parabéns! Gratidão!

    Resposta

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