Lua Nova em Virgem – Transmutando Chumbo em Ouro
A Lua Nova em Virgem de hoje (05/09/2013, 8:36, Brasília) convida-nos a refletir sobre a Opus Alquímica e a figura do alquimista, aquele que transmuta chumbo em ouro. Esse arquétipo é importante para essa Lua Nova tanto por acontecer no signo de Virgem, quanto pelo aspecto seguinte que a Lua faz, com Mercúrio, o deus que preside sobre a Opus Alquímica.
E o que é a Opus alquímica? A Opus alquímica é a transmutação, a transformação de chumbo em ouro. Mas não necessariamente trata-se de chumbo e ouro de fato, mas a Opus seria uma metáfora para o trabalho interior da alma, para transmutar nossos aspectos mais inferiores em ouro alquímico, em algo que não se corrompe. É uma metáfora também para o processo de individuação. Sendo esse um processo essencialmente relacionado à transmutação da consciência, e à busca do divino por um caminho solitário e independente da Igreja, os alquimistas sabiam do risco que corriam diante dessa Igreja, por isso falava-se em transformação de metais inferiores em ouro. De fato, no trabalho alquímico os alquimistas utilizavam vários conhecimentos como a astrologia, a química, a metalurgia, a medicina, a filosofia, a magia e nisso trabalhavam com os elementos químicos, alguns deles muito tóxicos, mas todo esse trabalho era metafórico e o ouro alquímico ambicionado era a transmutação interior. No processo, muitos morriam, outros enlouqueciam, porque lidar com os segredos da Natureza cobra um preço alto. Um dos riscos maiores a que eles se expunham era o controle da matéria, a vontade de poder , que é também um risco grande quando se trabalha com a psicoterapia e psicologia profunda. Os alquimistas estavam perfeitamente cientes dos riscos implicados, inclusive dos riscos de explosões e morte, e sabiam que nada seria conseguido se não fosse Deo Concedente, ou seja, se não fosse da vontade de Deus.
Essa era uma postura de humildade extrema, de fazer o trabalho necessário, com o máximo de integridade possível, mas sabendo que a parte fundamental dependia da divindade. E a divindade aqui era Mercúrio, um deus extremamente ambivalente e escorregadio, tal como o metal a que dá nome. Por isso, os alquimistas nunca sabiam qual seria o resultado da Opus, mas tinham que buscá-la mesmo assim.
Por tudo o que foi dito acima, Virgem é um dos signos associados com a alquimia, além da regência de Hermes-Mercúrio, e de uma das principais qualidades de Virgem, que é a transformação da natureza bruta, de algo tosco e feio em algo belo e sublime. E Virgem faz isso magistralmente através de sua atenção ao detalhe, do cuidado primoroso, da busca da perfeição, mas sobretudo pelo trabalho laborioso e paciente que é tão característico desse signo. Seja na criação da obra de arte, da peça artesanal ricamente acabada, da devoção dedicada ao ritual diário, do empenho colocado no serviço ao outro, está presente esse toque mágico e alquímico de transformar a matéria escura em algo reluzente.
Na Opus alquímica um dos procedimentos cruciais era a purificação da matéria bruta, onde se incinerava, calcinava a matéria para separá-la dos resíduos inúteis. Purificação é essencialmente uma palavra virginiana, um signo que está sempre preocupado em separar o útil do inútil, e para quem os rituais de limpeza são partes primordiais do cotidiano.
Por isso, nessa Lua Nova de Virgem, cuidemos da nossa Opus alquímica. Cuidemos da Obra em construção que somos nós. Separemos o joio do trigo, limpemos nossa casa, nossa vida, nossa alma, jogando fora aquilo que é inútil, purificando aquilo que fica e que pode ser transmutado em nós, em nossas relações. Transmutemos o chumbo dos maus hábitos, dos comportamentos viciosos e tóxicos, da estagnação, da nossa natureza mais baixa e tosca em ouro alquímico. Reflitamos também na Opus Diária que é o trabalho, qual seu sentido, qual seu valor real, qual seu significado para nós. Gibran dizia: “E o que é trabalhar com amor? É tecer o tecido com fios desfiados de vosso próprio coração, como se vosso bem-amado fosse usar esse tecido. O trabalho é o amor feito visível”.
Por fim, não podemos esquecer, a Opus Alquímica é a obra de uma vida inteira e para que seja executada duas qualidades virginianas são essenciais: integridade interior e humildade para esperar pelo Deo Concedente.
Parabéns Eunice, por mais este excelente texto. Não poderia deixar de mencionar o qual interessante é a possibilidade de transformar o chumbo das imperfeições humanas, no ouro espiritual. Este texto, em muito me fez refletir sobre a importância de usar corretamente as ferramentas que naturalmente temos, operacionalizando-as nas mais diversas situações da vida através dos “conhecimentos especiais” que adquirimos ou desenvolvemos. Agindo assim, temos a possibilidade de trazer um pouco mais de luz para as nossas vidas e consequentemente para todo o mundo.