Lua Cheia em Touro – Frutifique o otimismo no meio da tempestade
A culminação do ciclo iniciado com o Eclipse Solar em Escorpião se dá hoje com a Lua Cheia em Touro, no grau 14°25’ deste signo, em oposição ao Sol, a 14°25’ de Escorpião (06 de novembro de 2014, 20h22min, horário de Brasília; 23h22min, horário de Lisboa). A Lua faz oposição ao Sol e a Vênus em Escorpião, quadratura a Júpiter em Leão, sextil a Quíron em Peixes e trígono a marte e a Plutão em Capricórnio.
É uma Lua Cheia que traz um mapa bonito, com um formato curioso de um diamante, bem ao gosto dos signos de Terra, especialmente de Capricórnio. Mas será que este “diamante” é verdadeiro? Será que seu brilho é genuíno? Que tesouros a Lua Cheia em Touro vem nos ajudar a desenterrar, a descobrir? Que pedras vem pedir que lapidemos?
Sobre o Eclipse em Escorpião dizíamos que era um eclipse difícil de prever efeitos e resultados, dada a sua forte carga instintual; um eclipse carregado de paixão e carecendo de lucidez e objetividade; num período em que Marte está Fora dos Limites do Sol – Marte fica Fora de Limites de 28 de setembro até o dia 21 de novembro. Leia sobre o Eclipse Solar em Escorpião.
Se na Lua Nova e Eclipse do dia 23 de outubro havia pouca Terra, nesta Lua Cheia, há o bastante: além da própria Lua em Touro, temos Marte e Plutão, os dois regentes de Escorpião conjuntos em Capricórnio. Pouco continua o AR, com apenas Mercúrio vazio a 27° em Libra, simbolizando novamente que neste ciclo, de um modo geral, somos levados mais pelos nossos sentimentos e instintos do que pelas faculdades lógicas e racionais. Com a entrada de Mercúrio em Escorpião no dia oito, teremos zero de AR, apenas a Lua trafegando por um ou outro signo uma vez por semana.
Olhando o mapa da Lua Cheia, vemos que Vênus e Marte novamente têm papel de destaque nas configurações. Vênus está conjunta ao Sol e oposta à Lua, configurando uma situação de cisão na alma feminina, com uma possível manifestação clássica de triângulos amorosos. A imagem do feminino se divide em “a prostituta” ou “a santa”, a esposa ou a amante. A mulher pode achar-se nesta situação concreta: sendo a amante de um homem comprometido ou a esposa traída; já o homem pode ser o pivô de tal relacionamento, pois sua psique não consegue conciliar na mesma mulher a imagem da esposa/mãe com a da amante e deusa do sexo. Mas essa é só uma das possíveis interpretações de tal configuração. Marte e Plutão são os regentes dos planetas em Escorpião, e estão aliados entre si em Capricórnio e em recepção mútua com Saturno em Escorpião – como se fossem velhos camaradas, estão em viagem, hospedados uns na casa do outro, e vice-versa.
Outra coisa que chama atenção neste mapa é a quantidade de planetas fixos, que aponta para energias rígidas e vontades inflexíveis. Sol, Vênus e Saturno estão em Escorpião; Lua em Touro, Júpiter em Leão – todos signos fixos, e todos em contato entre si, direta ou indiretamente. Marte faz conjunção a Plutão em Capricórnio, um signo, que apesar de cardinal, tem grande necessidade de controle e é conhecido por sua rigidez e intolerância ao novo. A Lua Cheia ocorre numa T-Square com Júpiter de foco em Leão, que por sua vez está em quadratura a Saturno em Escorpião, apontando para uma falta de proporção, para um excesso, uma inflexibilidade nas crenças, na visão de vida; um fanatismo cego e controlador, talvez até uma cegueira coletiva. Esse mapa me lembra um mapa bastante conhecido, o mapa de Hitler, que tinha a Lua em Capricórnio conjunta a Júpiter em trígono ao Sol, Vênus e Marte em Touro e Urano conjunto ao ASC em Libra, em oposição a Mercúrio em Áries; Saturno estava em Leão. Elementos muito parecidos a estas configurações atuais: Áries, Touro, Leão, Libra e Capricórnio e ênfase nos signos fixos. De alguma forma essas configurações me cheiram a totalitarismo, a manipulação das massas em nome de um ideal demagogo ou da derrubada de algo – em tempo, Hitler subiu ao poder exatamente na última passagem de Urano por Áries. Eu fico me perguntando o que vai acontecer quando Urano fizer oposição ao Urano natal de Hitler (sim, mesmo depois da morte da pessoa, o mapa natal continua a ser ativado, especialmente no caso de pessoas públicas – é quando essas pessoas e seus feitos voltam à mídia, seja por homenagem ou depreciação).
Nesta Lua Cheia, embora haja uma energia de enraizamento e ancoragem, o que, depois das erupções dos últimos dias, é uma energia mais que bem vinda, há o perigo de nos tornarmos muito literais e inflexíveis, como o burro que só enxerga um raio muito limitado de espaço à sua frente, porque o dono lhe pôs antolhos para impedi-lo que ver coisas que não lhe interessam – a ele, o dono. O “dono” no caso, a meu ver, é a mídia, que define o que devemos ou não saber, como devemos pensar, porque na verdade quer pensar e decidir por nós – e quantos de nós aceitamos, de bom grado, os tais antolhos, agradecidos de que alguém assuma esse “fardo” difícil que é pensar e decidir por si mesmo. No mapa da Lua Cheia para Brasília, temos Netuno conjunto ao MC, remetendo-nos ao desejo regressivo de que “tomem conta de nós”, mesmo que isso implique um regime totalitário – só assim para nos sentirmos protegidos de nós mesmos e de nossa incapacidade de pensar, escolher e arcar com as conseqüências de nossas escolhas.
A Lua Cheia ocorre no eixo Touro – Escorpião, o eixo que nos desafia a guardar ou eliminar, a estabilizar ou destruir, a dar corpo e substância ou aniquilar de vez. Considerando que o sol sempre chega antes da Lua ao signo da oposição, enfatizando as energias do referido signo, a Lua vem depois propor um equilíbrio no eixo. Parece-me que para que a frutificação do ciclo seja plena, para que a lavoura prospere e a colheita seja farta e bem sucedida, é necessário antes o trabalho duro e artesanal de eliminação das ervas daninhas que ameaçam a lavoura; é preciso podar as árvores, livrando-as dos galhos que dispersam a seiva, para que esta seja concentrada e melhor aproveitada. A mesma coisa se dá com o diamante bruto, que, em seu estado original é fosco e grosseiro. Para que se veja sua verdadeira beleza e esplendor, é necessário o trabalho cuidadoso de lapidação, de aparo de arestas. Na lapidação a pedra é submetida a grande pressão e à ação de certos líquidos, mas para que a lapidação seja bem sucedida, é preciso saber, com precisão, onde o diamante pode ser lapidado, qual a “veia” certa, do contrário, põe-se a pedra a perder e o prejuízo é certo.
A Lua cheia propõe que limpemos o terreno da erva daninha das cegueiras que nos impedem de crescer e frutificar de forma plena; que nos demos ao trabalho de escavar com cuidado para descobrir os tesouros de um coração resiliente e determinado, que não se dobra a ameças nem a tempestades, por mais duras que elas pareçam; que lapidemos a própria alma, aparando o medo e o pessimismo, que nos impedem de usufruir da abundância da colheita; que lapidemos o diamante bruto da nossa inteligência e percepção; que utilizamos ao máximo o pouco Ar Mercurial, para que possamos retomar a capacidade racional de pensar e decidir por nós mesmos e ficarmos atentos a tentativas de manipulações várias, venham elas de onde vierem – Isso é particularmente pertinente para o Brasil, que tem, no mapa da Independência, Saturno no grau 9 de Touro, ou seja, a Lua Cheia de hoje faz uma conjunção ampla a este Saturno, que em Touro, é mais rígido do que o normal – botemos as barbas de molho!
Touro é um signo associado com riqueza e tradição, regido por Vênus, ele gosta de luxo e prazer – pedras preciosas definitivamente se aplicam aqui, como também a Capricórnio.
É um signo também sensorial e indulge no prazer das texturas, odores e sabores – a seda é o toque supremo de delicadeza. O que me leva ao Símbolo Sabiano do grau 14° de Touro, cuja imagem traz “uma pessoa com um chapéu de seda, agasalhada contra o frio, enfrentando uma tempestade”. Este símbolo pertence ao Primeiro Hemiciclo, o da individualização e diferenciação do homem, em contraponto ao Hemiciclo da Coletivização. Assim, estamos falando aqui de cristalização do indivíduo, que precisa ocorrer antes do processo de coletivização. Se não há indivíduo “em casa”, ele será engolido pelo coletivo, será gado, massa de manobra. Mas voltando ao Símbolo: A imagem é de dureza, de dificuldade, de desconforto – algo intolerável para Touro. “Implica enfrentar os desafios e as dificuldades, sem perder a confiança interior e o otimismo, mantendo no processo um senso de dignidade e compostura. Há possibilidade de tempestades emocionais com as quais se precisará lidar acreditando que tudo terminará bem. Manter a melhor aparência e uma face determinada e corajosa nos fará ganhar o respeito dos outros, que talvez não estejam cientes de como as coisas são difíceis para você. Há o risco de não se mostrar sentimentos verdadeiros e de se recorrer a uma mostra superficial de força” (1).
A imagem é clara o bastante: a Lua Cheia frutifica, mas em tempos de dureza que comprometem a abundância da colheita. Mesmo assim, ao invés de lamentar e reclamar, é preciso continuar o trabalho com determinação, confiança e alegria, mantendo a postura de dignidade e a elegância. Tendo no coração o pragmatismo, a firmeza e a fecundidade da Terra. A regente da Lua Cheia, Vênus, está em queda em Escorpião e está em conjunção aplicativa (de aproximação) ampla a Saturno e em quadratura a Júpiter, ou seja, os dois “Benéficos” estão às voltas com os limites de Saturno, que restringe sua ação, benevolência e generosidade – mas também seu possível exagero. Mas, como tudo tem mais que um lado, Júpiter remete novamente à necessidade de sermos otimistas, e neste caso Saturno faz questão que este otimismo seja bem enraizado e pé no chão.
É tempo de vestir nossa maior e mais elevada autoconfiança, firmeza e estabilidade, para enfrentar os desafios e as tempestades com otimismo, mesmo que as forças totalitárias e desconhecidas ameacem a paz e o senso de continuidade das coisas. Manter o prumo e o equilíbrio individual no meio do caos que impera lá fora é de suma importância, porque quanto mais individuais despertarem da cegueira e se tornarem conscientes, mais equilibrado será o sistema.
Faça a sua parte, permita-se ser lapidado sob a pressão dos tempos difíceis, que o farão reluzir o brilho mais genuíno; frutifique otimismo e confiança mesmo diante da mais severa das tempestades!
Feliz Lua Cheia para Você!
(1) Linda Hill – Sabyan Symbols