As 12 Noites Sagradas – CÂNCER

cancerrE então chegamos a CÂNCER, o signo da MÃE e do FILHO.

Minha virada de ano foi com um sobrinho, numa pequena ceia em minha casa. Depois da bagunça, tive que dar uma “geral” no meu “sagrado lar”. Eu mesma não tenho filhos e costumo dizer que usei minha maternagem com os sobrinhos que tenho… Mais de 50! Acredite! E o seu dia, como foi? (Se você não sabe o que são As 12 Noites Sagradas, clique aqui)

“Uma estrela brilha no céu emanando o seu brilho da Constelação de Câncer o portal do qual emanam as forças espirituais dos Querubins os Seres da Harmonia.

Foi a ação dos Querubins no início da evolução que criou o cinturão protetor de estrelas em volta do nosso sistema separando-o da totalidade macrocósmica

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Reprodução

Esta ação está expressa na própria configuração do tórax: as forças de Câncer configuram os doze pares de costela, o invólucro protetor físico do coração, o órgão da vida.

Os Querubins trazem o impulso para que as transições de um ciclo para outro ocorram de forma harmoniosa. Eles atuam na forma da espiral cujas forças vem do ciclo anterior, criam um invólucro e se direcionam para o próximo ciclo – em uma seqüência repetitiva, harmoniosa. Podemos observar estas espirais cósmica também em ciclos menores da natureza . São os Querubins que cuidam por exemplo que a semente do outono renasça como uma nova planta na primavera.

Na biografia encontramos também estas transições no nosso desenvolvimento que às vezes se apresentam de forma dramática como crises.

Nesta Noite Santa através do portal de Câncer recebemos os impulsos espirituais dos Querubins que nos trazem força para nos harmonizarmos com o novo e cria aconchego para que os momentos de transição ocorram de forma harmoniosa.” (1)

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Câncer – De um livro Medieval de Astrologia Wikimedia Commons

CÂNCER é o primeiro signo de ÁGUA. Água Cardinal. É um signo feminino, passivo, negativo. É regido pela Lua, o satélite que rege as mulheres e os sentimentos, justamente por isso, é o signo do SENTIR, o signo do pertencimento. Onde temos Câncer é onde ansiamos por PERTENCER, é onde precisamos de SEGURANÇA, sobretudo EMOCIONAL. Câncer é profundamente apegado à FAMÍLIA e às suas origens, seja ao lugar onde nasceu ou até mesmo à pátria, por isso mesmo o LAR é de importância primordial para o canceriano. E o que é o lar senão um outro útero, onde nos refazemos das labutas do mundo? O lar é onde buscamos proteção e refúgio e por isso tem tudo a ver com Câncer. Câncer também dá muito valor à HISTÓRIA e ao PASSADO, por isso se interessa muito por museus, arqueologia, História… Ah, e adora colecionar fotos antigas, normalmente tem montes e montes de álbuns de família (aliás, Câncer adora colecionar). Gosta de sentir que precisam dele, porque gosta muito de CUIDAR dos outros e de NUTRIR a família, os amigos, o parceiro, seja com comida ou com afeto. Nutrição é palavra chave para o signo, que rege os seios e a amamentação, assim como o estômago.

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Câncer – Salvador Dali – Reprodução

A CRIATIVIDADE é uma das suas principais características, nascida da grande SENSIBILIDADE, da IMAGINAÇÃO muito fértil e dos sentimentos profundos e viscerais que o alimentam. É só dar uma olhada nas biografias e ver que muitos poetas nasceram sob o signo de Câncer. É COMPASSIVO e muito PROTETOR de tudo aquilo que lhe é caro. Às vezes também pode ser TÍMIDO, mal-humorado, DEFENSIVO e até apelar para chantagem emocional ou manipulação quando se sente ameaçado ou quando sente que está prestes a perder o objeto sagrado da sua afeição.

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Caranguejo – Reprodução

Câncer é extremamente reservado e cauteloso diante de novidades, bem diferente de Gêmeos, que anseia por elas – aliás, o signo seguinte é sempre a antítese do signo anterior. Seu movimento é lateral, indireto, tangencial, exatamente como o caranguejo, que dá nome ao signo. Aliás, podemos aprender muito da natureza de Câncer estudando e observando o caranguejo. Você alguma vez já observou um caranguejo na praia? Se tiver oportunidade não deixe de olhar. Esse crustáceo, que é o “animal” símbolo de Câncer e que inspirou o símbolo gráfico do signo, é capaz de ficar um longo tempo parado, olhando em volta, sem se mover, só observando. Quando tudo se aquieta ou quando ele acha que ninguém está olhando, ele sai em disparada, numa carreira decidida em direção ao seu objeto de desejo – tomara que não seja seu dedão do pé! – que ninguém nem sabia qual era. Quando ele agarra, não solta jamais. Suas patas são, na verdade, como pinças, que ele usa para agarrar as presas. O bicho vive tanto na superfície quanto embaixo da terra, onde faz buracos que são suas tocas. Ele pode ficar muito tempo sobre a terra, mas quando se sente ameaçado dispara para sua toca e fica lá isolado por um longo tempo, até se sentir seguro para subir à superfície de novo. Ele não sabe nadar, apenas anda no fundo de rios ou mares e precisa de água, de lugares úmidos para viver. Sua carapaça é super dura e resistente, para proteger uma carne macia e delicada. Assim como as serpentes, ele “troca de roupa” várias vezes ao longo da vida, pois conforme vai crescendo, a carapaça fica pequena e se quebra naturalmente, surgindo outra por baixo. Ele tem ainda umas anteninhas que usa para captar cheiros e sabores, tanto no ar quanto na água, uma ferramenta que pode ser muito útil à sobrevivência, já que o avisa de possíveis predadores ou presas. Várias partes do corpo são cobertas por cerdas que são sensíveis ao tato.

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Câncer – Astrologia Medieval Reprodução

Praticamente tudo o que se refere ao caranguejo se aplica ao signo de Câncer: ele vai atrás do que quer de forma indireta, e raramente deixa os outros saberem no que está realmente interessado, até mesmo para evitar competição e rivalidade. Então, quando menos se espera, ele faz um movimento lateral, mas decidido, agarra a presa e não solta – a tenacidade desse signo é famosa! Por causa disso Marte está em detrimento aqui, porque Marte gosta e precisa que as coisas sejam diretas e objetivas e com Câncer nada é direto. Da mesma forma que o crustáceo, quando se sente ameaçado, Câncer se tranca no seu refúgio – o lar, doce lar – bate a porta do quarto e não abre para ninguém, seja porque está irritado, magoado ou receoso de algo. Suas mudanças de humor também são folclóricas – lembre-se, é regido pela Lua, que a cada dia está diferente! Normalmente apresenta uma couraça dura, uma aparência talvez até meio fria a princípio. Mas não se engane, essa casca grossa é na verdade para proteger a enorme vulnerabilidade emocional e a profunda sensibilidade. Da mesma forma que o crustáceo, Câncer tem “antenas psíquicas” que captam variações no ambiente e que o fazem adequar suas respostas e reações ou simplesmente se proteger em caso de perigos – os signos de água geralmente têm essas antenas psíquicas. Como a água, ele também assume as formas das coisas que toca, apesar de ser Cardinal, tem uma capacidade grande de se adapatar, moldando-se com facilidade às necessidades daqueles que ama, sem perceber que, às vezes, se anula completamente, tentando ser o que o outro quer que ele seja. Os signos de água são muito difíceis de definir, de compreender completamente, sempre haverá uma parte inacessível, mesmo ao mais íntimo dos amigos. É muito afeito a abraços e demonstrações abertas de afeto e de sentimentos, sejam eles alegres ou densos.

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Câncer – Vitrais da Catedral de Chartres – França Reprodução

Uma das grandes dificuldades de Câncer é o apego e a dependência emocional que ele tem que combater vida afora e que o faz, eventualmente, apelar até mesmo para a chantagem emocional. Seus sentimentos abissais também podem ser esmagadores, o que o faz entrar no melodrama e ter dificuldade de se desapegar das coisas ou de pessoas – assim como o caranguejo, suas “pinças” psíquicas são super potentes, o que lhe dá uma grande tenacidade, para o bem ou para o mal.

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Cãncer – Guido Bonatti – Liber Astronomiae Reprodução

Super apegado à mãe, ele precisa, em algum momento ao longo da vida, cortar o cordão umbilical para conseguir se desenvolver como individuo adulto, maduro e separado e conseguir ter autonomia e auto-suficiência, a exemplo de Capricórnio, seu oposto complementar. Sobre esse laço poderoso com a mãe é o que tratam os mitos de Câncer, que exploramos abaixo.

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Escaravelho – Reprodução

Câncer é visto como o grande cozinheiro do Zodíaco, mas será que é só isso? E quais são seus mitos? Novamente recorro a Liz Greene em A Astrologia do Destino (2) para falar destes mitos. Uma das imagens mais arcaicas associadas com Câncer é a do escaravelho, um besouro que é símbolo de imortalidade – os egípcios o viam como um besouro empurrando uma bola de esterco e para eles o escaravelho era uma imagem da auto-criação, acreditava-se que ele surgia daquela bola de esterco – que é na verdade o meio adequado para que as larvas se desenvolvam. Os Caldeus diziam que através de Câncer os homens desciam das esferas celestiais para a encarnação, então chamavam ao signo de “O Portão dos Homens”. Alguns textos gregos antigos diziam que era Câncer e não Áries quem abria o Zodíaco, que era o signo primeiro da roda. “Isso está de acordo com a idéia que representa a primeira aparição da vida, a entrada do espírito num corpo físico. A cúspide da quarta casa, a casa natural de Câncer, tem sido associada com o fim da vida; aqui é vista também como o começo, pois este é o ponto do Sol à meia-noite, quando o velho dia morre e um novo dia nasce”, diz Liz Greene, sendo assim, é a própria semente e fonte da vida – o que liga o signo não só à Mãe, mas também ao Pai porque aqui não falamos apenas da saída do útero, mas da própria semente espiritual que fecunda o óvulo e que inicia a vida.

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A Grande Mãe – Escultura neolítica de Cuccurru – Museu nacional de Arqueologia – Cagliari – Itália – Reprodução

O caranguejo aparece num dos trabalhos de Hércules, aquele em que ele mata a Hidra de Lerna. Antes que ele conseguisse vencer a batalha, ele quase a perdeu porque Hera, a mulher de Zeus e sua antagonista – Ela odiava todos os filhos bastardos do marido – enviou um caranguejo, que  “mordeu” seus tornozelos e pés, quase fazendo-o perder a batalha. Mas Hércules conseguiu finalmente pisar nele e esmagá-lo. Para honrar a criatura, Hera o colocou nos céus como a constelação de Câncer. A ira de Hera, diz Liz Greene, não é só a ira da esposa traída que odeia a prole ilegítima do marido. É principalmente a ira do matriarcado contra o herói que ameaça suas regras. Este é um dos temas principais de Câncer, a batalha contra a mãe e A Mãe, a luta pra sair de seu abraço sufocante e debilitante, que tenta evitar que o filho cresça e se torne independente dela. Permanecer nos braços e no colo da mamãe é profundamente tentador, mas em ultima instância pode significar a morte psíquica porque o individuo nunca será inteiro, maduro e separado enquanto não se libertar desse poderio. A Grande Mãe arquetípica, por vezes, prefere destruir seu filho a permitir que ele escape de seu domínio. O caranguejo e a Hidra são aliados e o caranguejo usa das táticas indiretas, vindo por trás, ao invés de confrontar a Hercules abertamente – esse é um aspecto sombrio de Câncer, diz Greene, onde o parceiro abertamente oferece amor e suporte, enquanto secretamente tenta minar a autoconfiança do outro nos seus momentos de luta, exatamente para que ele não se torne independente. Então há duas dimensões de Câncer: a Mãe Terrível, que quer controlar a consciência do filho a todo custo, e o Pai Divino, que é a fonte da vida e a quem o herói deve aspirar para se livrar do domínio primitivo da mãe.

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Desconheço o Autor – Reprodução

Outra imagem citada por Greene é a Uroboros, a Grande Serprente Cósmica que come a própria cauda devorando a si mesma para depois dar à luz a si própria novamente. A Uroboros é um dos símbolos mais antigos da origem do homem e do universo, o elemento criativo primal, o oceano do inconsciente coletivo, como disse Jung. Câncer, pois, representa esse útero materno, que traz a união do masculino e feminino, a fonte eterna de vida e da criação. Greene diz que o clássico “Complexo de mãe” associado a Câncer, não se refere necessariamente à mãe biológica, embora ela possa ser um gancho adequado da projeção da Mãe Arquetípica. Esse complexo faz a pessoa buscar, vida afora, a imagem da mãe em parceiros afetivos, buscando alguém que “cuide” dela como a mãe, ou ao contrário, procurando alguém para cuidar,  pra ser seu “bebê”. Obviamente isso não é um complexo consciente, senão não seria um complexo.

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A Uroboros – A Serpente Cósmica Geradora da Vida Reprodução

Tiamat, a serpente-monstro da mitologia Babilônica também é parte da mitologia de Câncer. Ela teve muitos filhos e começou a devorá-los, mas seu filho Marduk, um deus de fogo e herói solar, a matou antes, repetindo o tema do filho que precisa “matar”  (psiquicamente) a mãe para poder se individualizar.

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Monstro de Sete Cabeças – tido como sendo Tiamat e Marduk Reprodução

Uma outra imagem associada a Câncer é a da Parteira, aquela que ajuda a trazer vida nova ao mundo, que funciona como portal, que media a chegada da nova vida. Assim, artistas de áreas diversas funcionam também como “parteiras” ao trazerem à vida as imagens informes dos reinos oceânicos, que anseiam para serem manifestas, seja na forma de uma criança, seja na forma de uma composição ou obra de arte.

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Kate Lacour – Reprodução katelacourart.tumblr.com

Há muitos outros mitos e imagens que falam deste signo e de sua qualidade primal, além de sua infinita criatividade, que muitas vezes se manifesta de forma mais óbvia apenas no desejo da maternidade ou paternidade. Porém nosso objetivo não é esgotar essas imagens e mitos, apenas trazer presente os temas básicos do signo. Greene diz que “a imagem da Grande Mãe ou Grande Deusa permanece como uma força das mais poderosas vida afora na trajetória do Canceriano. E esse laço super-poderoso pode paralisar tanto homens quanto mulheres e os amarra de tal maneira que o potencial individual é afogado. O lado luminoso é o potencial de mediar, como a parteira, as imagens do inconsciente. A questão da separação é um rito de passagem dos mais importantes para Câncer e tem que ser feito, sob pena de o filho permanecer para sempre um infante preso ao poder da Mãe. Como o caranguejo, que tem que ficar perto tanto da água quanto da terra, Câncer é levado a ancorar-se no mundo concreto com um pé eternamente na água, assim, ele pode finalmente se tornar o útero através do qual as crianças do mar podem nascer.”

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Câncer – Johfra Bosschart – Reprodução

Meditação para Câncer

Essa meditação é tirada de um livro de Elisabeth Broke. Faça-a num lugar onde não vá ser perturbado por pelo menos 20 minutos. Deite-se no chão de forma confortável e solte qualquer peça de roupa que esteja apertada. Respire profundamente várias vezes e se auto-induza a um relaxamento. Relaxe corpo e mente. Volte sua atenção para dentro de você mesmo. Afunde dentro de você mesmo…  Mais fundo, mais fundo… Veja-se como você era dez anos atrás… Visualize as roupas, o corte de cabelo, o que estava fazendo então naquele momento da vida… Tenha uma imagem bem vívida de você mesmo nessa época. Então, volte mais dez anos e repita o processo… Tome tempo para realmente SENTIR essa idade… Vá voltando de dez em dez anos, repetindo o processo, até chegar ao ponto em que era um bebê nos braços da sua mãe. Olhe nos olhos dela, sinta o amor profundo da sua mãe por você. Deixe seu olhar doce banhá-lo inteiro e inebrie-se com esse sentimento… Sinta se há algo que você gostaria de dizer a ela, e diga, de forma extremamente respeitosa e reverente. Agora volte mais um pouco, até o útero, quando você era um com sua mãe. Sinta-se nadando nas águas do útero, no líquido amniótico. Escute, há um tambor batendo, bum-bum! Bum-bum! Bum-bum! Que ruído é esse? Escute atentamente, é o coração da sua mãe, batendo em uníssono com o seu! Sinta o que ela está sentindo. Ela está feliz, preocupada, nervosa? Por que? Consegue compreender agora por que ela agiu como agiu tantas vezes? Sinta-se novamente envolto pelas águas e apenas aproveite esse idílio e essa união perfeita, esse momento de paraíso! Agradeça à sua mãe (e junto, a seu pai) pela vida que ela lhe deu, agradeça profundamente. Gradativamente vá voltando ao presente. Se achar dificuldade pra voltar, faça o caminho inverso: visualize-se quando bebê, depois aos 10 anos, depois aos 20, etc. Até chegar à sua vida atual, ao seu quarto. Respire fundo e sinta seu corpo. Abra os olhos e escreva suas impressões. (3) Se quiser pode escrever uma poesia, desenhar, pintar, compor uma canção…

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www.envuelorasante.com – Reprodução

Música para CÂNCER

Amanhã é dia de LEÃO!

Fontes:

(1) http://www.festascristas.com.br/12-noites-santas/12-noites-santas-textos-diversos/483-as-doze-noites-santas-edna-andrade

(2) A Astrologia do Destino – Liz Greene

(3) Meditação retirada de A Woman’s Book of Shadows – Elisabeth Broke

Sue tompkins – The Astrologer’s handbook

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Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

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