As 12 Noites Sagradas – LEÃO
Hoje é o dia de Leão. Passei boa parte desse dia envolvida com os felinos que atualmente se hospedam na minha casa: sete! Estão crescendo velozmente e hoje brincaram muito na minha sala. E o seu dia, algum felino apareceu? Algum ato criativo? (Se você não sabe o que são As 12 Noites Sagradas, clique aqui)
Edna Andrade fala sobre a noite dedicada a Leão: “As forças de Leão configuraram o coração humano e os dirigentes da Antiguidade e os reis da Idade Média associavam sua realeza com este signo, que era relacionado com a coragem e a prontidão de realizar no exterior o que é determinado a partir de dentro: da voz do coração.
Na oitava Noite Santa, a partir do portal do Leão, recebemos os impulsos de entusiasmo e coragem para enfrentar as provas que o destino nos traz. Nesta noite, abandone o medo dos desafios que você tem pela frente. Da região de Leão, os Tronos, Espíritos da Vontade, lhe trazem poderosas forças para vencer as provas que as suas escolhas lhe trazem.” Veja o original aqui no site de Antroposofia.
Como todo signo de FOGO, Leão é CONFIANTE, Carismático, DRAMÁTICO, Vivaz, Entusiasmado, INTUITIVO e cheio de fé na vida. Ele é Fogo FIXO. Masculino, Positivo, Ativo.
LEALDADE, MAGNÂNIMIDADE, GENEROSIDADE e calor são algumas das principais qualidades do Leonino. Romântico e idealista chega mesmo a ser inocente. Às vezes. Outra de suas principais habilidades é perceber e valorizar o potencial que há no outro, além de INSPIRAR CONFIANÇA, sendo ele mesmo muito CONFIANTE. Quando fora de equilíbrio essa confiança pode tornar-se ARROGÂNCIA e ao invés de confiante ele torna-se INSEGURO e busca compulsivamente ser o centro das atenções – mas só quando em desequilíbrio! Às vezes ele pode mesmo ser vítima do “complexo do impostor”, tamanha a insegurança e segue temendo “ser descoberto” a qualquer momento.
Regente do CORAÇÃO, de modo geral tudo a que o Leonino se aplica é de CORAÇÃO, não faz nada pela metade. HONRA, INTEGRIDADE e HONESTIDADE são também importantes aqui, porém é preciso vigiar para combater o vício do ORGULHO e da Vaidade. DRAMA é outra característica forte e é comum encontrar os leoninos balançando suas jubas no mundo da atuação, seja no teatro, no cinema ou na TV. Ele precisa do palco, dos holofotes, da atenção e dos aplausos do público. Ele é ESPECIAL e único. Precisa de brilho e glamour. Teatral, adora também o Romance.
Leão é o regente da Casa Cinco da Mandala Astrológica, a casa das crianças, dos filhos, da criatividade, dos talentos artísticos, da diversão, do prazer, dos hobbies, do flerte, do namoro e do sexo sem compromisso, do relaxamento e também dos jogos e especulações. Assim, Leão está muito associado à idéia da diversão e da alegria, àquilo que a gente faz por prazer e não por obrigação. Especialmente, Leão nos fala da criança que há em nós, aquela parte de nós que nunca cresce, que é espontânea, inocente, feliz e confiante na vida.
A principal criação de Leão é tornar-se ele mesmo. Leão vive uma jornada mítica, cujo objetivo é “crescer em direção à realização e expressão da autenticidade pessoal, integridade e autoridade, que não seja dependente da opinião dos outros” (Clare Martin) (1).
Liz Greene diz algo parecido: “Leão parece descrever o desenvolvimento da essência única individual e sua busca pela fonte”. (os parágrafos seguintes configuram um resumo da mitologia do signo de Leão, como aparece em seu livro A Astrologia do Destino). Ela discorda da idéia generalizada de Leão seja um signo fortemente criativo, e nos lembra que há muito mais geminianos, cancerianos e piscianos nas artes em geral. “Eu sinto que a grande criação do Leão é ser ele mesmo”, diz Greene.
Assim como Capricórnio, como Áries e Sagitário, o tema principal do Leão gira em torno da figura do Pai. Em cada um desses signos encontramos uma faceta diferente do pai e em Leão ele é o pai doente, impotente, comandando um reino devastado e à espera que o filho venha redimi-lo.
A figura do Leão como rei dos animais e das selvas é um tema universal. Nas mitologias babilônica e egípcia ele já era bastante conhecido, sendo cultuado como Sekhmet, uma deusa solar. Na mitologia grega ele aparece numa das tarefas de Hércules, a que ele tem matar o Leão de Nemeia. Ele teria que matar o animal sem nenhuma arma, somente com as próprias mãos, um animal que era praticamente invulnerável. Mesmo assim, Hércules conseguiu matá-lo pegando-o pela garganta e estrangulando-o. Depois disso ele transformou sua pele e cabeça num traje que usaria para sempre, simbolizando que tinha assumido os poderes e qualidades associados ao leão. Liz Greene lembra que a batalha entre homem e animal é um motivo arquetípico universal dos mais antigos e simboliza a luta do ego em desenvolvimento com os instintos, que devem ser domados para que ele se torne de fato, um indivíduo, e não um número na massa inconsciente.
O leão aparece em várias estórias e mitos, acompanhando deuses e deusas diversos. Ele aparece também na mitologia, em diversas fases da Opus alquímica, como a Calcinatio, por exemplo, em que é necessário cortar-se as patas do leão para se domar os desejos.
Existe também a figura do leão verde devorando o Sol, simbolizando a experiência da consciência que é esmagada e engolida pelos desejos violentos e frustrados. Porque o leão deseja, deseja muito! Sobre o Leão alquímico Jung diz: “na alquimia, o leão, a besta real, é um sinônimo pra Mercúrio, ou, para ser mais acurado, para um estágio de transformação. Ele é a forma de sangue quente do monstro predador e devorador que aparece primeiro como o dragão… Isso é precisamente o que leão destina-se a expressar – a emotividade apaixonada que precede o reconhecimento dos conteúdos inconscientes”.
Liz Greene lembra que as criaturas de água são criaturas de sangue frio: o caranguejo, o escorpião, o peixe. Já o leão tem sangue quente e está associado a um erotismo inequívoco, a concupiscência e orgulho, assim como a impulsos agressivos, sejam eles saudáveis ou destrutivos. Porém, se não é possível domar um caranguejo ou escorpião, certamente o leão é domável e desde a antiguidade eram mantidos em palácios como companhias e bestas reais. O simbolismo disso é que o rei deveria ser capaz de lutar com suas paixões, pois “o homem que não consegue conter seus impulsos fogosos, não pode governar a outros, nem servir como exemplo para eles”. Assim, o leão representa um estágio do processo de individuação, pois há um trabalho alquímico a ser feito. O leão tem que se transformar da forma bestial original em algo mais, tem que aprender a domar seus instintos. Este processo pode ser bastante doloroso para o leão “cujo coração de criança é profundamente ferido pela reação dos companheiros a seus excessos. Ele teve ‘a melhor das intenções’, mas parece que os outros não apreciam. Mais freqüentemente eles ficam mesmo zangados”. Assim, ele está destinado a seguir numa busca pelo auto-entendimento. E esse é o tema principal da estória mais fortemente associada a leão, que é a Lenda de Parsival e o Graal.
Parsival era um jovem meio tolo, mas muito entusiasmado. Ele não conheceu seu pai. Foi criado somente pela mãe numa floresta longe de qualquer cidade ou comunidade – esse inicio de vida sem a figura do pai é algo comum no padrão de Leão. Um dia aparecem cinco cavaleiros na floresta onde ele mora e parsival fica tão fascinado e encantado que decide se tornar cavaleiro também. Sua mãe não gostou nada da idéia, mas ele não quis saber, foi grosseiro com ela e foi embora sem nem dizer adeus. Ela morreu em seguida de tanta dor e pesar – o Leão é mesmo meio grosseiro e tolo no início da vida. No caminho apareceu um cavaleiro vermelho, com quem ele lutou sem motivo e a quem matou, usando depois sua rmadura – o vermelho, diz Liz, é uma associação imediata à passionalidade do Leão. Ele andou, andou e por fim chegou ao fim da estrada, que acabava num rio. Ele viu um pescador que o ensinou o caminho para o castelo do Graal. De repente, o castelo apareceu, do nada, materializando-se diante de seus olhos e deixando-o estupefato. O portão estava aberto, porque, misteriosamente, ele era esperado pelo Rei-Pescador doente. O rei estava doente, na coxa ou na virilha, simbolizando a impotência e incapacidade de procriar porque é sua masculinidade que está ferida. Uma visão então apareceu para Parsival, uma espada, uma lança que pingava sangue, uma donzela que trazia o Graal de ouro e incrustrado de pedras preciosas, e uma outra donzela carregando um prato de prata. Esses quatro objetos sagrados estão relacionados aos naipes do Tarô: Espadas, Paus, Copas e Ouros. Lembram ainda também a quaternidade, que simboliza a inteireza do Self.
Parsival viu esses objetos passarem diante dele, numa cerimônia solene, mas não disse nada, Ele se recolheu para dormir e viu que o castelo estava deserto. Ao sair, uma outra mulher lhe disse que ele tinha acabado de falhar terrivelmente. Ele deveria ter perguntado: “A quem serve o Graal?” para que o rei fosse curado e o reino restaurado. Ele foi apresentado ao seu destino pela primeira vez, e falhou. Assim, vagou e vagou muitos anos e só encontrou o castelo novamente depois de ter conseguido a necessária maturidade e compaixão. Ele não era capaz de sentir ou de sofrer e isso fica claro pela forma como abandonou sua mãe sem pensar duas vezes e por ter matado o cavaleiro vermelho sem motivo. Jung diz que “sua real ofensa está na primitiva falta de ambigüidade do seu comportamento, que surge da inconsciência do problema interior dos opostos. Não foi o que ele fez, mas o fato de ele ser incapaz de avaliar o que fez”. Essa inocência desajeitada é parte do Leão jovem, como o fato de não ter pai. E parece que o Destino, diz Liz, apresenta a visão do Graal antes que ele esteja pronto para entendê-lo. O que quer que o Graal seja, sucesso pessoal, o destino espiritual, parece aparecer para Leão sem esforço, através da intuição, que é um dos atributos do Fogo.
Depois de muito andar, ele novamente encontra o castelo e toda a experiência se repete. Então ele é capaz de fazer o seu papel e fazer a pergunta, que quer dizer, na verdade uma pergunta básica que se faz diante das coisas importantes; “o que significa tudo isso?” Tão logo ele pergunta, o rei é curado e ele descobre que ele é na verdade seu avô, ou, em outras versões, seu próprio pai. O reino é restaurado e Parsival se torna então o rei.
O mito do Graal fala da busca pelo pai. A principio, na vida do Leão, parece a busca pelo pai biológico, mas depois fica evidente que é algo mais, que a busca é pelo Pai Espiritual, em ultima análise, uma busca pelo Si Mesmo, o mais profundo valor da vida. Obviamente Leão não é o único signo que busca individuação, já que parte do desenvolvimento do ser humano, mas esse mito parece mostrar um padrão misterioso da vida de Leão. Leão, como Capricórnio e Áries geralmente vivencia uma decepção com o pai, que é impotente de alguma forma. Mas ele precisa descobrir e buscar o castelo do Graal, para redimir não só ao pai pessoal, mas a si mesmo.
Leão é regido pelo Sol, e não podemos deixar de falar do deus Apolo, o deus solar por excelência. Apolo era um deus das profecias e o Oráculo de Delfos, dedicado a ele e centrado em seu templo, era procurado por todos que queriam colocar questões aos deuses. No pórtico do templo se lia “Homem, conhece-te a ti mesmo”. Apolo na verdade conseguiu seus poderes proféticos e curadores ao vencer a serpente Pyton e submetê-la à consciência solar e ao Ego. Os poderes ctônicos e primitivos da Grande Mãe utilizados pela consciência solar.
A vida é polaridade, e o oposto complementar de LEÃO é AQUÁRIO. Enquanto Leão é o Rei, Aquário é o Reino. Leão nos mostra onde somos especiais e únicos, Aquário nos diz que somos comuns e iguais a todo mundo. É necessário integrar essa polaridade e perceber que “todos somos especiais E iguais” (Frank Clifford).
Também fazem parte da SOMBRA de Leão a síndrome de “Eu, o Rei”, quando ele torna-se insensível e egoísta e acha que os outros são extensões dele mesmo; a síndrome do “Eu sei o que é melhor para você”, quando ele, com a melhor das intenções, se torna intrometido dizendo-lhe o que fazer com sua vida, mesmo que você não tenha perguntado, nem pedido seus conselhos; e ainda a síndrome do “Sabe-Tudo”: ele é um rei, como um rei pode não saber alguma coisa? É difícil para Leão admitir que não sabe ou não consegue fazer alguma coisa. Isso o torna pedante, um chato, às vezes.
O que fazer com esta sombra? Primeiro, “estar consciente de si mesmo e de suas possíveis falhas; segundo, estar consciente da existência e das necessidades dos outros, dando-se conta do impacto do seu comportamento nas outras pessoas, permitindo que elas sejam independentes e dando-lhes seu devido crédito” (Liz Greene) E não menos importante, Leão precisa investir tempo e esforço em sua própria expressão criativa, para que não fique com inveja e tente roubar o brilho dos outros.
Arquétipos e Mitos
O Rei; O Pai impotente; A Jornada do Herói em Busca de Si Mesmo; Parsival e o Graal; O Rei Artur e a Távola Redonda; O Rei Doente e a Terra Devastada; A Criança Divina;
Meditação de Leão
Deite-se ou sente-se de forma confortável. Respire profundamente várias vezes até relaxar completamente. Visualizae agora que está num jardim bonito e bem cuidado. É um dia de verão e o Sol é cálido na sua pele. No centro do jardim há uma árvore, enorme e frondosa. De um de seus galhos pendem dois balanços. Num dos balanços há uma criança, se balançando feliz. Aproxime-se. Chegue mais perto. Observe a criança. Perceba que ela é você, é você quando criança. Converse com ela. Como ela está? Qual sua aparência? Está triste? Feliz? Zangada? Carente? Qual seu sentimento? Escute-a, ouça o que ela tem a lhe dizer, com calma e atentamente. Se ela precisar de colo, dê-lhe colo. Embale-a nos seus braços. Pergunte o que ela gostaria de lhe dizer a esta altura da vida. Pergunte que sonhos ela tem. Pergunte se ela precisa de alguma coisa ou o que você pode fazer por ela. Então, quando perceber que está tudo bem e que tudo foi dito, sente-se no outro balanço e comece a se balançar, você em um e a sua criança no outro. Sinta o vento, a euforia, a alegria. Divirta-se junto com a sua criança. Ria, ria muito! Esqueça todas as suas preocupações e apenas seja, apenas divirta-se no balanço vigoroso, dando impulsos cada vez mais altos. Sinta-se inebriar com essa sensação e quando estiver pronto, volte para seu quarto e para o momento presente. Abra os olhos e pinte, dance, escreva… Faça o que tiver vontade. E nunca esqueça da sua criança!
Música para Leão:
https://www.youtube.com/watch?v=3KgpEru9lhw
https://www.youtube.com/watch?v=7jh-E5m01wY
https://www.youtube.com/watch?v=ZxOtYNf-eWE
https://www.youtube.com/watch?v=bv802bpA-iw
Fontes:
A Astrologia do Destino – Liz Greene
Mapping the Psyche – Clare Martin
The Astrologer’s handbook – sue Tompkins
Getting to the Heart of your Chart – Frank Clifford
Ok. Li tudo e estou mais do que agradecido: estou em êxtase por finalmente descobrir a Astrologia que tanto procurava. O que você escreveu me tocou e torceu minha cabeça por inteiro. Muito obrigado por postar este conteúdo e deixar um legado na vida de alguém.
Olá Marcos!
Bem vindo ao blog! Muito obrigada pela visita!
Fico feliz que você tenha gostado e se reconhecido!
Se souber o signo do seu Ascendente, leia o texto sobre este signo também.
Volte mais vezes. Será um prazer ter a sua companhia!
Grande abraço!
😀