Lua Cheia em Câncer – Hora da dieta coletiva!
Cuiabá: 05/01/2015 01h53min
Brasília: 05/01/2015 02h53min
Lisboa: 05/01/2015 04h53min
A Lua Cheia de hoje vem frutificar as semente plantadas na Lua Nova do dia 21 de dezembro, quando tínhamos uma energia forte de início, de novos começos, porque tivemos a Lua Nova ocorrendo logo depois do Solstício de Verão, com a energia Cardinal de Capricórnio super enfatizada por um stelium de cinco planetas neste signo. Em Capricórnio fomos chamados a focar no trabalho, obrigações, deveres, imagem social. Em reestruturar nossas vidas de acordo com a realidade, de forma austera e responsável, deixando de lado, inclusive, questões e assuntos mais pessoais e individuais.
Agora com a Lua Cheia em Câncer urge equilibrar esse eixo, porque a Lua Cheia fala exatamente da necessidade de equilíbrio na polaridade em que ocorre. Neste caso, precisamos equilibrar trabalho e vida privada; obrigações sociais com as familiares e as necessidades subjetivas; a auto-suficiência com a necessidade de vínculos afetivos; o excesso de realismo com uma dose saudável de sentimentos e de sonhos; o foco no trabalho e na carreira sem esquecer de se nutrir e cuidar do coração e daqueles que amamos; manter o olhar focado no futuro e nos planos que precisam ser executados, sem ignorar o passado e as origens. Especialmente, equilibrar em nós os papéis parentais e suas funções: a figura do Pai e da Mãe, além das funções da nutrição e sustentação familiar e social.
Os assuntos do coração, da nutrição emocional, do lar e família ficam, pois, mais que destacados. Porém nada aqui é fácil ou simples, visto que a Lua Cheia ocorre muito próxima da quadratura Urano-Plutão, estimulando-a pela enésima vez nestes três últimos anos. O Sol está a 14°30’ de Capricórnio, conjunto a Plutão, conjunção que tem cerca de um grau de orbe, os dois recebendo a oposição da Lua a 14°30° de Câncer. Todos eles quadram Urano em Áries, que está conjunto ao Nodo Sul e em oposição ao Nodo Norte. Na verdade, Sol e Lua estão em quadratura exata ao eixo Nodal (Nodo Norte e Nodo Sul), formando uma Grande Cruz Cardinal. Com a Lua Cheia ocorrendo no eixo Câncer-Capricórnio já temos uma ênfase na família e no papel dessa família dentro da sociedade. Mas quando colocamos Urano-Plutão na equação, mais o eixo nodal, as dinâmicas familiares são obrigadas a passar por grandes transformações. Isso não é novidade. Tivemos uma Lua Cheia parecida em dezembro de 2012, quando o Sol estava a 7° de Capricórnio, conjunto a Plutão a 9° os dois opostos à Lua a 7° de Câncer e todos eles quadrando Urano a 4° de Áries. Então, de fato, este não é um tema novo e não podemos nem alegar “mas eu não sabia que tinha que trabalhar isso”.
Sem mencionar que entre meados de 2013 e meados de 2014, com Júpiter transitando por Câncer esse eixo também estava totalmente na berlinda, ainda mais com a Grande Cruz Cardinal de 2014 incluindo Libra. Na verdade, desde 2008, quando Plutão entrou em Capricórnio, nada mais foi o mesmo nas dinâmicas familiares e sociais, concorda? Então, há uma repetição nos temas, porém, como disse Heráclito, “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários”. Assim é com essa quadratura Urano-Plutão, assim é com essa Lua Cheia de hoje. Já viemos trabalhando seus temas há algum tempo, e a cada vez que eles são acionados, uma nova camada da cebola é retirada, burilamos e refinamos ainda mais as questões que precisam ser trabalhadas, seja em nós mesmos, seja nas nossas interações no mundo.
Nesta Lua Cheia nos é proposto novamente uma reavaliação na forma como gerenciamos essas coisas e essas áreas da nossa vida. Como distribuímos o tempo, a atenção e a energia entre elas, mas também como gerenciamos as questões coletivas da responsabilidade social, no sentido mais verdadeiro do termo e não aquele a que as empresas recorrem para fingir que se importam com o social. As questões domésticas e a carreira ficam sob os holofotes e a presença de Urano e Plutão implica que não tem como ignorarmos tudo isso, que são assuntos urgentes, que coisas abruptas podem acontecer, mudando o curso dos acontecimentos de forma inesperada e inexorável; implica ainda a necessidade de transformar os modelos estagnados, a forma como vínhamos lidando com esse lado da nossa experiência humana. A tensão enorme colocada com a oposição Sol-Plutão e Lua desemboca sobre Urano em Áries, e para mim isso quer dizer que os “Pais do Mundo” (Câncer e Capricórnio) precisam “parir” algo completamente novo, inusitado, algo ainda não tentado ou experimentado, e tudo isso sem refutar a tradição e as raízes, ao contrário, transformá-las, pois é a partir de tudo isso, da transformação do poder estabelecido e da transformação das nossas relações afetivas que podemos vislumbrar o surgimento de algo mais genuíno, que venha implicar uma revolução ainda maior da atuação do individuo no mundo.
Negativamente, essa configuração simboliza rupturas e colapsos em relacionamentos e famílias (especialmente para indivíduos com planetas entre os graus 10 e 20 dos signos Cardinais: Áries, Câncer, Libra e Capricórnio) e um momento em que não dá para adiar a discussão franca sobre os modelos familiares antiquados e falsos a partir dos quais avaliamos a sanidade e a “normalidade” do nosso núcleo familiar. Existe mesmo um modelo de “família normal”? O que é isso? A gente compra no supermercado? Dá para pedir pela internet? O que é normal? O que é anormal? O que é mais importante, ser aceito socialmente e ser visto como uma família “adequada” ou ser verdadeiro com as pessoas que amamos e permitir que elas sejam elas mesmas, aumentando o nível de honestidade e autenticidade da nossa vida?
Não há nada de errado com os modelos, a questão não é essa. Eles são extremamente úteis e costumam dar um norte no desenvolvimento dos processos. O problema é quando o modelo se torna mais importante do que a experiência real da vida, quando não nos damos conta que o “modelo” está ultrapassado e precisa ser repaginado, ou às vezes, totalmente substituído.
Vivemos um tempo em que todos os modelos que conhecíamos estão sendo questionados: modelos de família, de função social, de carreira, de trabalho, de relações afetivas, de formas de dar e receber amor, de formas de nos expressar e nos nutrir mutuamente, de formas de nos relacionar com o mundo, com o planeta, com as pessoas, com a própria vida. Que novos modelos surgirão? Ainda não sabemos. Talvez o impacto de todas essas mudanças e transformações que estamos vendo acontecer hoje só vá ficar claro daqui a algumas gerações. Nossos filhos, ou mesmo nossos netos dirão e viverão. Estamos vendo e fazendo História e é preciso ter muito claro o peso das nossas escolhas individuais nesse processo, o impacto da nossa vontade pessoal e a forma que isso vai reverberar no mundo, no universo. Responsabilidade pela minha família, pelos meus afetos, pelos “meus”, mas também pelo mundo lá fora e pelo futuro que estamos construindo. Será que vamos gostar desse “futuro” daqui a alguns anos? É preciso construir um modelo novo, inovador, de vida nutritiva mas também responsável e sustentável – se é que já não é tarde demais!
O Símbolo Sabiano da Lua Cheia, que ocorre a 14°30’ de Câncer nos traz uma imagem bem desconfortável, que nos lembra exatamente do nosso lado “glutão” e insaciável: “Um grupo de pessoas que comeu em excesso e gostou”.
Símbolo mais que pertinente para nossa discussão e que nos chama à responsabilidade mais uma vez. Vivemos numa sociedade de excessos, onde se come demais, se bebe demais, se gasta demais, se consome demais, se usa e abusa de tudo, inclusive das pessoas, que transformamos em coisas para nosso desfrute. A idéia aqui é que tudo é feito ao extremo, o que acende um sinal de alerta, uma vez que Urano já dá um tom extremista para essa Lua Cheia. É preciso ter um senso de controle, de contenção, não só na gestão dos recursos pessoais, mas também dos recursos coletivos – a quadratura Júpiter-Saturno está aí batendo à porta para nos lembrar disso! – Linda Hill disseca esse grau e nos diz: “pode ser uma boa idéia aproveitar da boa sorte e podemos sentir que nossas necessidades são plenamente atendidas em algumas áreas, mas é preciso cautela para não ir longe demais na busca por satisfação. Pode ser necessário conter-se pr um tempo a fim de diferir o que ingerimos – o que consumimos – caso contrário, podemos ter até problemas de saúde. O símbolo implica ainda a coesão do grupo através da indulgencia dos sentidos – ora, não é isso o que mais vemos na sociedade de consumo em que vivemos? – Os que têm muito e os que nada têm”.
Nesse período do ano é comum as pessoas iniciarem dietas, ou porque isso faz parte de suas listas de mudanças para o ano, ou simplesmente porque se excederam nas festas de fim de ano. A Lua Cheia vem nos dizer que, de fato, é hora de fazer uma boa dieta. Mas não só a dieta pessoal, para entrar em forma ou diminuir o peso na consciência. A dieta mais importante é a dos excessos generalizados com os quais temos vivido, refestelando-nos em tudo, como se tudo fosse infinito, até mesmo submetendo animais a práticas cruéis em nome de nosso refinado paladar – não, eu não sou vegetariana, mas não concordo com uma enormidade de práticas da nossa industria alimentar.
Vivemos numa sociedade obesa, não só fisicamente, mas principalmente obesa mental e conceitualmente, de consumismo, de abusar de coisas que nem são essenciais, aumentando ainda mais a pressão sobre um planeta já bastante debilitado. Até mesmo culturas tradicionalmente tidas como saudáveis estão resvalando no fast food alimentar e cultural. Mais preocupante é que além de consumirmos em demasia, desperdiçamos uma enormidade de recursos. E o pior, às vezes comemos demais e continuamos mal nutridos, porque enquanto priorizamos a quantidade a qualidade vai para as cucuias. Da mesma forma, nossos excessos em outras áreas não quer dizer que estejamos mais felizes, pelo contrário, talvez o vazio se torne apenas mais evidente, mais largo e mais desesperador. Precisamos cuidar dessa indigestão coletiva em que sucumbimos, a indigestão alimentar no sentido literal, assim como no sentido figurado. Dieta já! Ou infartaremos todos em algum momento obscuro do futuro.
No sentido prático a Lua Cheia em Câncer nos pede que priorizemos as relações familiares, os vínculos afetivos, assim como o cuidado com a nossa nutrição física, afetiva, psicológica, espiritual. É uma Lua de sentimentos primais, abissais, então fique atento a alterações bruscas de humor ou a rompantes emocionais, inclusive àqueles que “pescamos” na atmosfera, provenientes de outras pessoas e do ambiente. Podemos ficar melindrosos e super sensíveis, então vale a pena tirar algum tempo e ficar a sós para colocar as emoçoes e os sentimentos em ordem. A casa em que essa lunação cai refina seus sentidos e significados para o âmbito pessoal. Como já disse acima, pessoas que têm planetas entre os graus 10 e 20 dos signos Cardinais são mais afetados por esta lunação.
Feliz Lua Cheia em Câncer!
Para embalar a Lua Cheia, acredito que essas músicas são bem adequadas>
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Maria Eunice sou tua fã. Como “pessoa” e agora também como nutri (tentando reduzir alimentos de origem animal). Obrigada. Namastê