Lua Nova em Áries – Vamos à Luta!
Um novo ciclo lunar se iniciou na madrugada desta sexta-feira, às 05h50min, no horário de Brasília (10h50min para Lisboa). Até então, apesar de já estarmos no ano novo astrológico, ainda vivíamos sob os auspícios do Ciclo de Peixes, começado em seis de março. A partir de agora um novo ciclo lunar entra em cena, e com ele, novas diretrizes para se gerenciar o tempo, os assuntos, a vida e o cotidiano – o ciclo lunar descreve como os acontecimentos e ciclos maiores se desenvolvem na vida cotidiana.
Ao contrário no ciclo anterior, em que havia um derramamento extremado da sensibilidade, uma dispersão e perda de clareza – potencializados pela retrogradação de Mercúrio por Peixes – neste, estamos cheios de energia e determinação, com muito desejo de avançar e realizar, entrando em tudo de cabeça, com forte energia tanto física quanto mental! Em outras palavras, estamos prontos para A Briga! Que briga? Qualquer que seja a briga que você quer e precisa lutar para jogar fora a sensação de fracasso e o medo.
A Lua se renova a 15°17 de Áries e como aspectos, faz apenas quadratura a Saturno e Plutão em Capricórnio, além de um trígono muito amplo a Júpiter em Sagitário. É um ciclo de muito impulso… e muita frustração! Tem muita vontade, muita gana e determinação, mas, tão logo nos pomos a caminho, encontramos todo tipo de bloqueio e impedimento e isso nos deixa muito impacientes, irritados, frustrados… zangados! Então, é um ciclo que fala de raiva e pode ser um belo aprendizado, como lidar com a raiva e tirar proveito dela, ao invés de deixar que nos envenene e nos aniquile, antes mesmo de chegarmos ao campo de batalha.
Então, é um ótimo momento para se perguntar o que deixa você com raiva e por que! Afinal, o que é a raiva? Raiva é uma reação que geralmente se origina de duas situações: a) você quer fazer ou conseguir algo e é impedido por alguém ou alguma coisa, então, ao sentir-se bloqueado sente frustração e raiva; b) você se sente ferido, ofendido ou prejudicado de alguma forma por alguém e isso leva ao sentido de injustiça e à raiva – neste caso, a raiva nasce de uma dor e uma tristeza, a de ter sido ferido, prejudicado, injustiçado.
Na situação b, idealmente a parte ofensora se desculparia e se retraria com você, mas não vivemos num mundo ideal e muitas vezes o ofensor não apenas não se desculpa, como talvez nem se dê conta de que o feriu – o que muitas vezes faz aumentar a raiva e o senso de ser injustiçado. Neste caso, nós precisamos nos curar por nós mesmos, precisamos expurgar essa raiva ou ela irá nos empestear e intoxicar e ficaremos doentes mentalmente, emocionalmente e até fisicamente. Este artigo não tem o objetivo de tratar desse tipo de raiva e eu devo voltar a esse assunto no futuro, num texto que fale exclusivamente sobre isso.
Já na situação a, nós nos sentimos bloqueados, impotentes, frustrados – todos esses são sentimentos, emoções e sensações relacionados à quadratura de Saturno, ou seja, um bloqueio à energia de realização ariana e aqui, por se tratar de Sol (nossos propósitos e objetivos conscientes) e Lua (nossas necessidades de nutrição, conforto e segurança), adiciona-se ainda muita insegurança, medo, peso, senso de obrigação e responsabilidade. Porém, algo de suma importância que precisa ser notado é que se estamos zangados porque nos sentimos bloqueados, significa que estamos tentando realizar algo, que temos um propósito, que QUEREMOS algo intensamente! Existe uma energia massiva de realização, uma VONTADE poderosa, que não deve ser posta em dúvida ao ser confrontada com os obstáculos – ao contrário, os obstáculos funcionam apenas como testes e como ferramentas de domínio e o domínio deve funcionar também no sentido de não desanimarmos diante das dificuldades e empecilhos aparentes. Portanto, este é um ciclo para colocar nossa vontade e nossa capacidade de realização à prova!
É importante ter clareza e foco do que queremos realizar, entretanto, igualmente vital é saber que encontraremos desafios, mas que eles não devem nos desviar dos objetivos. Ao nos depararmos com tais desafios, ao invés de simplesmente desistir, devemos parar e refinar nossas estratégias: existem alternativas, outros métodos, outros caminhos? Ou seria melhor esperar um pouco? Temos algum tempo que nos permita aguardar o caminho ficar limpo?
Por maior que seja a frustração, precisamos domá-la e à irritação, para que a raiva não leve a melhor sobre nós. Aliás, a raiva pode ser o grande combustível que vai alimentar o motor da nossa vontade. Ao invés de bater a cabeça contra a parede e urrar de frustração, devemos pegar essa energia densa e canalizá-la de forma bem concreta: podemos fazer uma bela sessão de luta, aproveitando para, no processo, metaforizar que combatemos aquilo que está tentando nos impedir de chegar aonde queremos; podemos fazer uma caminhada vigorosa, podemos dançar um rock pauleira, podemos nos atirar a um trabalho manual de alto gasto energético (como uma faxina, por exemplo), enquanto repassamos nossa estratégia e fazemos os devidos ajustes… O essencial é não perder essa energia potente ou desperdiça-la xingando, brigando com deus e o vento ou reclamando contra o mundo.
Quando estamos com muita raiva, a energia é quase palpável de tão formidável e se soubéssemos o quão poderosa ela é, nós a moldaríamos com nossas mãos e a direcionaríamos para algo positivo e construtivo. É possível! Como? Consulte a sua intuição, que lhe mostrará qual método funciona melhor para você! Cada pessoa é diferente e o que funciona para um pode não fazer o menor sentido para outro – nessa hora, autoconhecimento ajuda muito! Assim, quando se perceber muito frustrada/o e zangada/o, concentre-se e sinta de forma integral essa raiva e veja oq eu voc~e pode fazer com ela de realmente produtivo.
Marte, regente da Lua Nova, está em Gêmeos, cheio de ideias – aliás abarrotado! Positivamente isso significa uma grande abertura para oportunidades, a mente ágil e alerta, rapidez de raciocínio e decisão. Por outro lado, esse pode ser um problema: o excesso de ideias e objetivos, que podem nos levar a começar muitas coisas e a perder o interesse rápido, assim, é necessário eleger aquelas ideias e objetivos que realmente valem a pena e focar!
A Lua Nova também faz um belo trígono a Júpiter em Sagitário, sugerindo novo entusiasmo e abertura para abraçarmos novos conhecimentos, desejo de expansão, busca de ultrapassar nossas limitações. O trígono que o Sol faz a Júpiter também implica que logo este entrará em retrogradação – a partir das 14h01min do dia dez de abril – indicando um período em que Júpiter entra em modo de revisão dos assuntos ligados à justiça, questões midiáticas, assuntos relacionados a universidades e instituições educaionais, publicações de grande porte, etc. Decisões e pareceres emitidos nos últimos meses nessas esferas podem ser revistos entre dez de abril e onze de agosto. Questões religiosas e espirituais também entram em standby para reavaliações. Júpiter também é importante porque lidera uma formação de Tigela no mapa, indicando que seus assuntos tornam-se focais.
Quíron está em posição de destaque e não pode ser ignorado: está no Ascendente do mapa de Brasília. Isso é indicativo de que não sairemos do lugar se não reconhecermos e assimilarmos nossas fraquezas e limitações – essas limitações são diferentes daquelas representadas por Saturno, que são superáveis. As fraquezas sugeridas por Quíron não têm conserto e mesmo assim, precisam ser assimiladas e vistas, ou não nos deixarão em paz. é uma questão de humildade, de saber até onde nossa perna alcança porque fingir que damos conta de mais do que realmente podemos é, além de arrongancia, receita de desastre.
Em termos mundanos, essa Lua Nova pode indicar um ciclo explosivo para o Brasil, pois o Ascendente do mapa para Brasília também é o signo de Áries – com Quíron no Ascendente – e Sol e Lua estão na casa 1, sugerindo um impulso febril na diligência dos assuntos nacionais, talvez até decisões precipitadas, conflitos entre o poder e as massas. Outra coisa notável é que essa lunação cai em quadratura exata ao eclipse parcial do Sol do dia cinco de janeiro, ou seja, os assuntos que estavam fervendo naquelas semanas voltam a entrar em ebulição – isso se aplica tanto às questões sociais, políticas e mundanas quanto às situações de cunho pessoal: se você viveu situações críticas e desafiadoras nas primeiras semanas de janeiro, algumas coisas podem ser acionadas novamente, caso não tenham sido devidamente resolvidas lá naquele período.
Editado: enquanto estava escrevendo lembrei muitas vezes – mas acabei esquecendo de anotar – da quadratura ao eixo nodal e de que neste mês de abril Saturno e Plutão estarão em conjunção ao Nodo Sul da Lua. Isso implica que para avançarmos nos nossos empreendimentos, talvez tenhamos que abrir mão de muita coisa superflua e ficar apenas com o indispensável. O ideal é identificarmos voluntariamente o que é “dispensável” na nossa vida e dia a dia, porque se não temos isso claro e nos agarramos ao que não é essencial, podemos ter isso arrancado de nós à força! Por isso, é melhor jogar fora de uma vez e se ater ao básico!
O Símbolo Sabiano do grau 16 de Áries (15°17’) traz a imagem seguinte: “Espíritos da natureza são avistados trabalhando à luz do pôr do sol”. Dane Rudhyar nos diz que o ponto chave deste símbolo é “a sintonia com a potência das forças invisíveis da natureza”. Essa imagem e metáfora nos falam da importância de nos conectar com a natureza, no que ela tem de mais sutil e também mais intenso: seu espírito invisível, aquilo que não sabemos definir, que faz a natureza ser o que é, luxuriante, viva, cheia de energia e de força! Algo que geralmente nos esquecemos quando nos concentramos nos nossos objetivos humanos, é que a natureza tem uma consciência também, uma força, uma vida um lugar na ordem das coisas e é importante que nossos objetivos tenham ressonância com os espíritos invisíveis, que estão ao nosso redor, quer prestemos atenção a eles ou não.
Rudhyar diz que:
“À luz da realização pessoal (símbolo do pôr do sol e da sabedoria), o homem pode estabelecer um contato vivificante com forças naturais. Elas estão ativas a qualquer momento em que processos de crescimento ocorrem, mas a mente individualizada do homem geralmente está focada demais em trabalhar em metas conscientemente estabelecidas para poder perceber concretamente a presença de forças invisíveis (ou “ocultas”) em operação. Essas forças constituem um domínio específico de qualquer vida planetária. Elas são inerentes a todas as “biosferas”, em qualquer planeta. São energias não individualizadas e não-livres que se formam no substrato de todos os processos da vida – assim, do processo de integração no nível do planeta como um todo, ou seja, o planeta como um organismo vivo com seus sistemas automáticos de crescimento , manutenção e multiplicação orgânica. Nesse organismo planetário, essas forças da natureza atuam como fatores de harmonização orientadores e equilibradores – um pouco como o sistema endócrino faz no corpo humano e, por trás desse sistema, a teia mais oculta das energias dos chakras relacionadas ao prana – a energia solar. É quando esta energia se torna menos dominante – assim simbolicamente ao pôr do sol – ou quando a energia do corpo é enfraquecida pela doença, jejum ou privação sensorial, que se torna mais fácil perceber esses ‘espíritos da natureza’ e dar a eles formas que simbolizam o caráter de suas atividades. Essas formas diferem das imagens culturais de cada coletividade humana, conservando, no entanto, algumas características basicamente semelhantes. Quando esse símbolo sabiano chega à consciência de uma pessoa em busca de significado, deve ser visto como um convite para abrir sua mente para a possibilidade de abordar a vida de uma maneira holística e não racional, intuitiva” (1).
Assim, é importante nos lembrarmos que não estamos sozinhos neste planeta e nossos objetivos conscientes precisam abarcar as outras formas de vida, de existência e consciência – as outras “almas” que aqui habitam – do contrário, se insistimos no modelo de dominação vigente, vamos apenas aumentar nosso distanciamento da Grande Alma, que norteia vida na Terra… Então lembramos também que há possibilidades de alguns dos nossos intentos não se realizarem e serem frustrados – neste caso, vale nos perguntarmos se estávamos realmente alinhados com nossa alma e com o Propósito Maior, não apenas o nosso propósito pessoal, mas principalmente aquele que regula o caminhar de todos… Desnecessário dizer que é fudamental prestarmos atenção à intuição nesse processo, pois ela será a luz norteadora dos propósitos com alma e de sua consequente realização.
Concluindo, este ciclo traz muita energia de realização, ideal para quem quer se lançar a novos empreendimentos! Força, coragem, determinação, mas traz também a necessidade de termos clareza de quais propósitos são reais e vitais e quais são apenas jornadas vazias e fantasiosas do ego. No primeiro caso, se nosso objetivos e empreendimentos nascem das profundezas da nossa alma, podemos vencer todos os obstáculos e ainda aprender muito com eles, do contrário, se tiverem mais ressonância com as jornadas egoicas e não com a alma, então talvez fiquemos pelo caminho e daí precisaremos voltar e refletir sobre o equívoco, para podermos recomeçar – talvez no outro ciclo, mais adiante, não importa, o que importa é que sempre podemos recomeçar! Em termos práticos, o ciclo traz maior propensão a impaciência, frustrações e explosões, portanto, quem já tem o estopim curto, precisar ficar mais vigilante para não criar conflitos desnecessários!
OBS: Lembre-se que os primeiros dias da Lua Nova são dias de Lua Escura: não há clareza ou lucidez suficientes para se iniciar nada! São dias de meditação e elucubração, em que selecionamos as sementes mais adequadas para o plantio do ciclo em questão, dias apenas de meditar sobre nossas intenções e os novos projetos que queremos começar. No terceiro dia, quando a Lua começar a aparecer fina no céu, aí sim, é tempo de etrar em ação, por a mão na massa e começar a concretizar os planos!
Feliz Novo ciclo para você!
(1) – Dane Rudhyar, em An AStrological mandala:
http://www.mindfire.ca/An%20Astrological%20Mandala/An%20Astrological%20Mandala%20-%20Aries16-30.htm