Lua Nova em Escorpião – quem ganha se nos enfrentamos?

O ano de 2019 está nos seus estertores e conforme nos aproximamos do fim, as coisas ficam mais intensas e críticas. Como eu havia apontado no artigo sobre 2020, as mudanças globais sugeridas pelas grandes configurações ativas em 2020 já se fazem sentir neste segundo semestre de 2019. O ciclo iniciado pela Lua Nova em Escorpião na madrugada desta segunda, 28, acentua e reforça este clima nas próximas semanas.

A Lua se renovou à 00h39min no horário de Brasília (03h39min para Lisboa), a 04°25’ de Escorpião, formando configurações que sugerem uma exacerbação das polarizações e extremismos que vemos incendiando o mundo atualmente – em alguns casos, literalmente.

Para começar, no mapa vemos a Lua e o Sol em oposição a Urano, uma oposição exata por poucos minutos, prometendo muitas reviravoltas e situações com resultados inesperados nas próximas semanas. Os ânimos podem ficar mais inflamados ainda e as polarizações recrudescem enormemente, com propensão a comportamentos provocativos e ansiosos, que podem, de fato, dar vazão a conflitos e enfrentamentos – considerando-se as notícias recentes do Brasil e do mundo, as coisas tendem a ficar explosivas mais neste ciclo!

Escorpião, por si só, já é um signo de extremos: ou gela ou escalda, não tem meio termo. É um ciclo que já nos convida a viver apaixonadamente, intensamente. Adicionando-se esse aspecto a Urano, temos um aumento da voltagem e da eletricidade nas interações. É interessante notarmos que a oposição que Lua e Sol fazem a Urano é o único aspecto maior desta Lua Nova, da mesma forma que Urano tem estado relativamente desconectado de outros planetas no céu atual, recebendo apenas os eventuais aspectos lunares ou dos planetas mais rápidos – Além da oposição a Urano, a Lua Nova faz um quincôncio separativo a Quíron, de quase dois graus e quintiles a Saturno-Plutão. Um Urano sem aspectos sugere tremenda inquietação e ansiedade, compulsão por liberdade e independência, rebeldia extremada e comportamento revolucionário, às vezes de forma doentia. Como aspecto único, essa oposição amplifica a sensação de polarização.

Marte, regente tradicional da Lua Nova, adiciona suas próprias tensões: está em quadratura também muito próxima, de menos de meio grau, a Saturno em Capricórnio. Marte e Saturno em aspecto tenso também indicam enfrentamentos, tensões acumuladas que podem explodir de forma violenta e pressões, às vezes, insuportáveis. Positivamente é um aspecto que, quando bem utilizado, nos equipa para a ação disciplinada, para o esforço concentrado e determinado, visando resultados muito de grande valor. Contudo, com este aspecto ativo precisamos lidar também com muitas frustrações, porque as coisas não ocorrem no nosso tempo ou do jeito que desejamos – a vida ensinando que do jeito dela é melhor e mais sábio! Marte-Saturno nos chama a aplicar nosso esforço concentrado em algo de muito valor para nós, mas alerta que além do esforço e da determinação, também precisamos ter muita paciência para esperar o tempo certo das coisas. Como se não bastasse, este mesmo Marte também faz quadratura ao outro regente de Escorpião, Plutão, também em Capricórnio, braços dados com Saturno. A sensação de paralisia pode ser enorme, ao mesmo tempo em que há uma imensa pressão para se fazer algo, para se resolver as coisas… Como resultado podemos nos partir ao meio se não formos cuidadosos e um pouco flexíveis.

Marte está finalizando o ciclo de cerca de dois anos, tanto com Saturno quanto com Plutão, iniciado em março e abril de 2018. Algumas das frustrações que experimentamos agora podem ter a ver com situações deste período. Outra coisa digna de menção é o fato de Marte fazer parte do stelium que se formará em Capricórnio em março de 2020 – certamente outro período incendiário, Marte sendo um disparador por excelência! É importante termos ciência do que é que acende o nosso estopim individual, o que “aperta nossos botões”, para que não fiquemos à mercê dessas reações impulsivas e possivelmente destrutivas. Se isso é importante em termos de autoconhecimento para a vida em geral, torna-se mandatório e pode ser o grande diferencial nas próximas semanas, entre lidar com crises de forma madura ou deixar que o mundo exterior acenda nossos estopins, aleatória ou propositadamente.

Marte ganha destaque também pelo fato de ser o único planeta em Ar – quem diria, talvez nos ajude a ter alguma objetividade! – e também por encabeçar uma Locomotiva atualmente nos céus! Por esses dias o céu é Terra e Água – o que em alguns momentos nos faz sentir um clima pantanoso, pesado, arrastado… pântano do qual não sabemos bem como sair. Nesse cenário, ter objetividade e lucidez é essencial e o famoso detrimento de Marte – Libra é o signo do seu detrimento – aqui pode fazer toda a diferença, pois traz a capacidade de negociação e conciliação, além do planejamento estratégico.

Mercúrio se prepara para entrar em retrogradação, de 31 de outubro a 21 de novembro… É tempo mesmo de desacelerar e se não levamos isso a sério, a frustração se acentua! Mercúrio retrógrado e marte quadrando Saturno… Arme-se de paciência – muita coisa vai fluir, mas novamente: talvez não exatamente no nosso tempo cronológico de humanos modernos que vivem em função dos compromissos sem alma. É um tempo para nos alinharmos com o conceito de kairós, o tempo sincrônico, o tempo da alma, o tempo fora do tempo!

Em resumo, nós temos pela frente quatro semanas muito peculiares, de mais polarização. Contudo, se em termos de mundo chegamos a um ponto sem volta, novamente vale nos perguntarmos quem ganha com esse estado de coisas. Nas nossas relações pessoais ou na nossa visão política e de mundo, sempre que nos percebermos adotando uma postura rígida, inflexível, polarizada, do tipo nós x eles, vale recuar um passo e refletir que essa polarização que vemos no mundo hoje é criada e estimulada por “terceiros”, que têm muito a ganhar com a divisão e o conflito. Enquanto nos perdemos no embate e no enfrentamento, combatendo uns aos outros, nós nos distraímos de coisas maiores e do fato de que nossa atenção está sendo desviada propositadamente: estamos sendo lesados! Perdemos ambos que polarizamos, tu e eu, mas alguém lucra com isso, e muito! E nós, vamos nos permitir ser levados e manipulados assim? Os ânimos irão se acirrar cada vez mais daqui em diante e nós precisamos ter clareza de nós mesmos, do que nos move, nossas ideias, crenças, ideologias, esperanças… e lembrar, principalmente, do ser humano que está na base disso, seja o outro, ou eu! São tempos sombrios, mas não durarão para sempre e nós precisamos fortalecer nossos valores mais caros, para não nos perdermos na brutalidade e na barbárie! Ou vamos nos envergonhar de nós mesmos lá na frente!

O Símbolo Sabiano do grau 5 de Escorpião (04°25’) traz a imagem de Uma costa rochosa massiva resiste à batida do mar. A luta entre o rochedo e o mar é ancestral, eterna, antecede o humano na Terra… O rochedo se transforma, mas muito lentamente, colocando sempre resistência formidável às investidas do mar revolto. Este símbolo traz uma imagem ao mesmo tempo de estabilidade e de estagnação ou inércia – os poderes estabelecidos que se tornam resistentes à mudança. A imagem é também de um confronto violento, em que uma força impetuosa se lança sobre outra, de grande tenacidade. Como podemos mudar e contribuir com a mudança maior sem nos esfacelar completamente no processo? Dane Rudhyar nos diz que este símbolo mostra “como um estilo de vida comunitário vinculativo e resistente pode se tornar. Nisto há força e estabilidade, e esses são fatores necessários na vida social do homem – até novos horizontes aparecerem”.

Quais são esses novos horizontes? A aurora está raiando, mas a luz ainda é insuficiente para divisarmos o que nos espera ou o que vamos construir. É necessário estarmos comprometidos com a transformação que tanto almejamos, porque as falas estão se esvaziando pelas repetições. Escorpião tem como tema básico a transformação da vida – se estagnou, elimina para que a energia possa ser liberada e ser transmutada em algo novo! Como faremos isso? Como empreendemos essa transformação? Primeiramente, tirando a resistência, estando abertos e dispostos a ver o novo; a lidar com a nova perspectiva, com o desconforto. Não há uma cartilha pronta, não há uma fórmula prescrita… é como diz aquele ditado: vamos ter que nos colocar no caminho para vê-lo se descortinar à nossa frente. Talvez tenhamos que desaprender muita coisa e isso vai exigir coragem; talvez tenhamos que admitir nossa ignorância diante de outras tantas coisas, e isso, além de coragem, vai exigir humildade também. Não está claro aonde o caminho leva, mas mesmo assim precisamos toma-lo. E a caminhada será menos assombrosa e temerária se, ao invés de nos enfrentarmos mutuamente, nos juntarmos para combatermos nossos e algozes em comum: a ignorância, a intolerância, o obscurantismo, o atraso, o preconceito, o conservadorismo, a estupidez, a velhacaria, o ódio e, sobretudo, o medo! O medo é o pior de todos os inimigos e é nele que não podemos vibrar!

Onde voc~e estiver, um ótimo ciclo para você!