Lua Nova em Aquário – Rebeldia para quê? Contra o quê?
A Lua se renovou na tarde desta sexta-feira, 24 de janeiro de 2020, a 04°21′ de Aquário, às 18h42min no horário de Brasília e às 21h42min no horário de Lisboa.
Eu vou começar essa análise pelo Símbolo Sabiano do grau 5 de Aquário (04°21′), pelo qual tenho muito carinho, por ser o grau do meu Ascendente e eu fiquei deveras emocionada quando me lembrei que a Lua Nova caía nesse grau, o que por sua vez me lembrou desse símbolo, que me é muito caro: “Um conselho de antepassado é visto implementando os esforços de um jovem líder”. Dane Rudhyar nos diz que a nota principal deste símbolo é “a base raiz dos desempenhos passados que fortalecem e sustentam qualquer decisão tomada por um indivíduo durante uma crise”.
Este símbolo é muito pertinente para o momento que vivemos atualmente, de tempos críticos e extremos, em que muitos se sentem desnorteados pela intensidade e velocidade dos acontecimentos e em que precisamos tomar decisões e fazer escolhas vitais e drásticas. Ele nos remete, de imediato à reverência e respeito com que devemos tratar àqueles que vieram antes, nossos ancestrais, porque só porque eles fizeram o que fizeram e viveram como viveram, com todos os sacrifícios implicados, é que a vida pôde chegar até nós. E também nos garante que sempre podemos invocá-los e à sua sabedoria para orientação e guiança, porque esta sabedoria está sempre disponível para nós, se soubermos acessá-la e respeitá-la. Nós podemos acessar essa sabedoria e guiança através da meditação e diversas outras práticas espirituais, até mesmo por simplesmente escutar o nosso coração ou lembrar “o que meu pai/mãe/avó/avô (a pessoa que é a sua referência) faria nessa situação? Todas as vivências e todos o conhecimento dos que vieram antes estão guardados e protegidos, mas disponíveis para nós, se soubermos ouvir e auscultar.
Este símbolo também nos lembra que viemos de uma base, como diz Rudhyar: “todo o passado da humanidade está por trás de qualquer esforço individual, especialmente em tempos de decisões críticas (…). Todo indivíduo é muito mais dependente da força das realizações de seus antepassados - ou oprimido por suas falhas e falta de visão – do que normalmente acredita. Isso pode significar um fundamento oculto da força individual ou a inércia de uma tradição incapaz de transcender suas origens limitadas”. Eu gosto de pensar que independentemente das “falhas e falta de visão”, estes antepassados têm um legado positivo para nós, talvez até mesmo por terem “errado” tanto!
Eu comecei pelo símbolo exatamente porque este ciclo Aquariano traz uma verve poderosa de rebeldia e contestação. A Lua se renova em quadratura próxima a Urano em Touro, “esticando” a quadratura Sol-Urano que ocorreu apenas dois dias atrás, o que denota semanas de humores voluntariosos, obstinação e talvez alguns radicalismos. E de fato, pode ser um tempo propício para quebrar barreiras e nos liberarmos de entraves e limites que já não fazem sentido para nós, porém, há o risco de enveredarmos – ou vermos isso fortemente pelo mundo – pela rebeldia gratuita, que não apenas é destrutiva, mas não leva a libertações reais, porque ainda nasce de impulsos egoicos imaturos.
Para mudarmos, é preciso respeitar o que veio antes, mesmo quando queremos criar algo completamente novo. Porque mesmo se vamos inventar algo novo, recorremos ao conhecimento que propiciou a existência daquilo que já é ou está. Em última instância, talvez não exista nada sobre a Terra que seja genuinamente novo, porque tudo é recriação e transformação e tudo se origina de uma base prévia. É disso que precisamos nos lembrar neste ciclo tão rebelde, naqueles rompantes de “quebradeira” de que porventura formos acometidos em algum momento. Afinal, não podemos esquecer que Aquário é regido tradicionalmente por Saturno, o Velho, o Senhor do Tempo e da Tradição!
Saturno está, aliás, como sabemos, plenamente entronado em seu Castelo de Nobres Pedras Capricornianas, conjunto com o todo-poderoso Plutão de um lado e ainda aguardando a chegada de Júpiter do outro – os três juntos é que irão mesmo “causar” nos próximos meses! Por isso, de um lado temos a forte energia Aquariana, de rebeldia, progresso e futuro; e do outro, a montanha capricorniana da tradição o que nos leva a um embate entre essas duas forças: passado e futuro, o velho e o novo! Nós precisamos estar cientes da hora em que o velho precisa ceder espaço ao novo e de quando eles podem coexistir, lado a lado! Nem sempre precisamos destruir tudo o que é para inovar – pelo contrário, podemos nos beneficiar bastante daquilo que veio antes e que ainda esteja em boa forma e atuante!
Este mapa tem uma forte carga de Ar e Terra, o que aponta para um ciclo de muita objetividade e praticidade, mas talvez carecendo de uma visão mais abrangente das coisas, já que há menos Fogo. Contudo, a paixão talvez seja compensada pela quadratura Vênus-Marte, que embora represente conflitos, também nos estimula e aquece, para além da realidade civilizada – porém fria – de Terra-Ar.
E é claro que num ciclo em que Urano está tão destacado, também recebemos a intimição de olhar para nós mesmos e, ao invés de nos rebelarmos contra o que está fora, deixarmos as hipocrisias de lado e perscrutarmos primeiro nossa própria alma, atitudes e comportamentos. Afinal, como podemos exigir de outros aquilo de que nós mesmos não somos capazes? Então, cabe nos perguntarmos: contra o quê – dentre os meus predicados que já me cansam e nada iluminam – vou me rebelar? Onde posso inovar, inventar, sair da previsibilidade enfadonha? como recriar minha vida ou mesmo, me recriar? Onde, como posso fazer diferente e fugir da “moda” ditada por quem não tem nada a ver comigo? Onde posso ser mais original e menos repetidor de padrões? Como minha luz e minha lucidez pode clarear e abrir novos caminhos e possibilidades? Tendo feito esse auto-exame, o que vou repudiar no contexto em que me encontro, contribuindo para que haja uma mudança positiva, ao invés de apenas criticar/destruir vaziamente?
É essencial lembrar que nem tudo o que é “velho” é necessariamente imprestável e nem tudo o que é novo é necessariamente “melhor”. E de novo: em tempos tumultuados, de mudanças e crises, sempre vale a pena recorrer à sabedoria dos que vieram antes. eles sempre estarão disponíveis para nós!
Eu desejo que nossa rebeldia seja rica de questionamentos sábios e inquietos, mas que seja também humilde e honesta, para não nos excluirmos da avaliação do conselho ancestral e nem refutarmos sua sábia e necessária orientação!
Um ótimo Ciclo Aquariano para todos!
Gostei muito!
Amei o texto! Esperando os próximos.