A ascensão do amor realista – Vênus e Marte em Capricórnio – Parte I
Assim como Vênus passa por um trânsito extraordinariamente longo pelo signo de Capricórnio – de 05/11/2021 a 06/03/2022 – também teremos uma conjunção excepcional entre Vênus e Marte nas próximas semanas. Excepcional porque, além de ocorrer num tórrido ménage à trois com Plutão, essa conjunção vai durar MAIS DE DOIS MESES! Mas antes, vamos recapitular e voltar ao começo da fase atual do romance entre eles?
Este artigo se estrutura em duas partes: a primeira trata especificamente da retrogradação e volta ao movimento direto de Vênus e segue abaixo; a segunda trata da longa conjunção Vênus-Marte em Capricórnio, e por questões práticas, publico num segundo post, que você pode ler aqui.
Vênus retrogradou a 26° de Capricórnio, amalgamada a Plutão em 19/12/21, logo após a Lua ser Cheia em Gêmeos, duplamente eclodindo iluminações e insights – afinal, o ciclo de lunação é basicamente uma narrativa do relacionamento das polaridades masculina (Sol) e feminina (Lua). Vênus e Marte simbolizam os dois outros pares de opostos alquímicos, Feminino e Masculino. Leia sobre os significados gerais de Vênus retrógrado.
Lua e Vênus são os dois corpos celestes femininos no panteão básico de astros que a astrologia usa simbolicamente para entender a vida na terra e o caminhar diário da Lua simboliza, portanto, nosso fazer e sentir diários, a assimilação e elaboração da vida no cotidiano. Por isso olhamos tanto para a Lua quando outros movimentos importantes ocorrem no céu astrológico.
Vênus estacionou para ficar direta em 28 de janeiro, a 11°05’ de Capricórnio, em trígono a Urano em Touro, comandado por ela. A Lua estava minguando em Sagitário, signo oposto a Gêmeos – estamos, definitivamente, completando um ciclo!
Nas últimas seis semanas, tivemos que olhar com muita atenção a qualidade de nossas relações: pessoais, amorosas, comerciais e de trabalho, identificando onde havia desajustes, partes mortas, engessadas ou desvitalizadas, descompassos e, principalmente, desequilíbrios de poder nessas relações.
Quando Vênus iniciou essa retrogradação, estava junto a Plutão e chamava para confrontos – internos ou externos – e para o reconhecimento de dinâmicas relacionais potentes ou de poder – encaixe sua situação aí –, algumas dessas dinâmicas talvez muito tóxicas, verdadeiros acidentes nucleares, aniquiladoras de vida! Sinalizava uma busca de avaliação dessas dinâmicas, em vários níveis, um olhar muito honesto e cru sobre nós e sobre o outro, e acerca de nossas expectativas sobre outros e sobre nós mesmos.
Nesses últimos quarenta dias descemos muitos degraus dentro da nossa alma, adentramos partes muito obscuras, buscando ir fundo, bem fundo! Provavelmente nos deparamos com muita coisa desagradável e tivemos que enfrentar alguns medos – quando descemos nessas profundezas, podemos nos assustar com o que encontramos pelo caminho. Às vezes, porém, a assombração não se confirma, embora estejamos muito assustados, com medo do escuro desse nosso inconsciente, não encontramos tanta coisa assustadora – pelo contrário, podemos encontrar alguns tesouros. O fato é que podemos ter nos surpreendido positiva ou negativamente, mas tivemos que empreender essa descida.
No dia oito de janeiro Vênus encontrou-se com o Sol, no momento mais importante deste ciclo de retrogradação. Um casamento alquímico a 18° de Capricórnio, prévio ao Crescente Lunar em Áries – algo germinando na consciência inconsciente.
Agora, com Vênus estacionando para ficar direta, estamos exatamente no ponto mais fundo do poço obscuro que cavamos dentro de nós e identificamos que esta parte do trabalho está finalmente chegando ao fim – a jornada continua, porque na subida encontramos Marte! Estamos concluindo a jornada, já encontramos, vimos e reconhecemos o que precisa ser visto e precisamos voltar à superfície. Vamos empreender a longa subida de volta com esses tesouros – e também com alguns lixos, resíduos e detritos anímicos que precisam ser purgados e expurgados. E sim, o processo ainda pode demandar muita energia psíquica, muito preparo e estamina emocional. Afinal, estamos numa jornada alquímica de várias nuances: devido à presença de Plutão, nigredos, calcinatios, putrefactios, purgatios e coagulatios foram vividas intensamente. Com sorte, subiremos com mais um pedacinho de pedra filosofal. A questão que definirá o sucesso de nossa empreitada é se nos comprometemos com esse exame com suficiente seriedade.
Solve et coagula – dissolve e coagula, desmonta e une. Isso é um processo que remete muito à relação dentre Netuno (Solve/dissolve) e Saturno (coagula), os dois planetas lentos que estão muito potentes atualmente por transitarem suas próprias casas astrológicas – sim, tradicionalmente, Júpiter também entra nessa equação. Digressões à parte, voltemos à trilha!
É um momento absolutamente formidável, de mais um encontro crucial conosco mesmos. Mais do que pensar no ou sobre o outro e seu impacto na nossa vida, é um olhar necessário, e deve ser bem realista, sobre as dinâmicas que colorem a relação de mim para comigo mesma, entre Eu e Eu mesma, que, por sua vez, determinam a maneira como me relaciono com esse outro lá fora. E essa relação com o outro é parte intrínseca da experiência de estarmos vivos!
Vênus estaciona a 11°05’ de Capricórnio e duas coisas são muito marcantes. A primeira é: se antes Vênus estacionou e ficou retrógrado junto a Plutão, exigindo esses confrontos, purgações e limpezas, agora Vênus estaciona em trígono a Urano, o Despertador Cósmico. É a hora da Sublimatio, do desprendimento, das liberações e renovações; das elaborações que podem nos catapultar para outros patamares no processo de maturação! É a hora de ter um olhar diferente e mais fresco sobre quem somos e sobre nossas dinâmicas; sobretudo, de estarmos dispostos a fazer mudanças!
O segundo ponto chave é que Vênus volta ao movimento direto na Lua Minguante/Balsâmica. Então, estamos realmente completando uma jornada, já de olho no futuro – a Lua Balsâmica sempre olha para o futuro!
Começamos essa jornada partindo de uma iluminação, de um ponto de uma consciência muito aguda, ou um ponto muito agudo na consciência – como queira! – um momento de revelações, que podem ter sido muito desconfortáveis pra nós (a Lua Cheia a 27° de Gêmeos, culminando o ciclo iniciado em um Eclipse Total do Sol a 12° de Sagitário), focando e iluminando pontos obscuros (Vênus-Plutão em Capricórnio).
Agora a Lua míngua em sagitário (sexta, quando Vênus estaciona) e Capricórnio (sábado e domingo, Vênus direta). E Vênus volta ao movimento direto em trígono de menos de um grau a Urano. Embora este trígono não se complete, ele está muito próximo e sugere que podemos permitir que muitas dessas dinâmicas sejam finalizadas; podemos nos despedir de muitas coisas, dando um significado novo e, principalmente, liberando tudo isso.
Nos últimos quarenta dias muitas coisas podem ter mudado em nós, na vida concreta ou emocional. Reconhecemos essas mudanças? Sim, mudanças aconteceram, não só nesses quarenta dias, mas nos últimos dezoito meses, desde a última retrogradação de Vênus, de 13 de maio a 25 de junho de 2020, em Gêmeos – olha o signo da Lua Cheia aí de novo!). O minguante da Lua nos ajuda a deixar minguar o que precisa acabar ou morrer, tanto na realidade concreta das nossas relações, quanto na tessitura invisível da nossa alma.
Vênus vai demorar para retomar sua velocidade usual – isso só se dá a partir de 19 de março. É um tempo bom para conversar com os próprios botões, olhar no espelho, enxergar-se a si mesmo e assimilar o caminho que foi percorrido. Comparar mudanças, até mesmo sutis. O que éramos e o que somos agora. Onde estávamos e onde chegamos. Assimilar e agregar isso à nova experiência de ser quem somos, porque, certamente, agrega e traz valor à própria experiência de estarmos vivos. Ao que somos concretamente.
Se a conjunção Vênus-Plutão pedia pra olhar os lixos, as dinâmicas desequilibradas de poder, as inverdades promovidas por inseguranças, pela adequação às expectativas sociais ou pelo que quer que fosse exigido, agora o trígono a Urano indica uma disposição de mudar, um desprendimento das relações enrijecidas e super formatadas, baseadas em controle. Podemos soltar e nos liberar de muitas velharias. Essa mudança não é só externa, no sentido de como isso se dá a partir de agora nas relações com o outro. É, fundamentalmente, a mudança interna sobre como nos relacionamos conosco mesmos, o quanto nos valorizamos, para podermos ir ao encontro desse outro com menos expectativas irreais, e menos compulsivamente. E, quem sabe, com mais desprendimento e leveza, uma percepção nova da importância da própria autonomia, senso de valor mais aguçado, representados pelo trígono que Vênus faz a Urano em Touro, regido por ela.
No domingo, além de Vênus já direta, mas ainda estacionária por parte do dia, também temos Mercúrio retrógrado e Lua amalgamados a Plutão, o Deus do Submundo e também das transformações profundas. Simultaneamente, o Sol faz quadratura a Urano neste dia. De fato, este é um fim de semana formidável para despertarmos para o que não serve ou não funciona e dar grandes guinadas para ajustar nossa rota. Vamos deixar isso reverberar pelo corpo e células, pela mente e coração, respire inspirando, deixando assentar, tomando posse e nos apoderando de todas as vivências e insights.
Durante as últimas seis semanas e ainda pelas próximas, dentre os muitos insights que provavelmente nos ocorreram ou que poderão ainda se manifestar na consciência, alguns deles podem ter a ver com isso:
- Capricórnio é signo de autossuficiência e autorresponsabilidade. Como podemos exigir de outros aquilo que não damos e provemos a nós mesmos?
- Às vezes nos submetemos a dinâmicas abusivas porque não queremos nos responsabilizar por nós, nosso crescimento e os consequentes ônus (se atente, que sempre têm bônus também!) decorrentes disso.
- Vendemos nossa liberdade e autonomia por segurança material, status, posição e poder? E estamos agora reclamando do preço?
- Os contratos que assinamos, os acordos que acordamos, implicavam em dar e receber, direitos e deveres… eles estão sendo devidamente cumpridos, equilibradamente?
- Nossas relações continuam porque seguem fazendo sentido, porque são vitais para nós, ou só porque precisamos cumprir os contratos?
- Se construímos nossa realidade e não gostamos da realidade que estamos vivendo, que decisões e atitudes nos trouxeram a este ponto atual? E que decisões e atitudes poderão nos levar a um ponto diferente, mais desejável e saudável?
- Tenho noção dos meus limites, do que estou disposta a negociar para caber na vida do outro e para que o outro caiba na minha?
- Nas minhas relações de trabalho e vida profissional, sinto que sou leal e fiel aos meus valores e princípios, ou patrolo a mim mesmo para “chegar lá” e conquistar um sucesso cujos parâmetros são ditados pelo mundo exterior?
- O que é sucesso pessoal e profissional para você? O que pauta sua ascensão profissional?
- “O contrário da solidão é a partilha; amor não depende de formas; você não precisa controlar, se não tem ninguém te controlando; nada é mais leve do que não se preocupar se outra pessoa está errando; olhar as próprias necessidades pode ser libertador; você não precisa merecer amor; transformar é liberar espaço” (este último item é uma compilação de uma postagem do perfil @meiodaterra, no Instagram, sobre a conjunção Vênus-Plutão).
Acrescente a esta lista seus próprios insights relacionais, que pipocaram dentro de você e nas suas relações nessas últimas semanas. Conte-me: como foram as últimas semanas para você? Você é bem-vinda/bem-vindo/bem-vinde a deixar seu comentário aqui no post!
A sequência desse artigo, tratando da conjunção de Marte e Vênus, está aqui!
Bem observado Maria Eunice!Ótimo artigo! Pesquisei e há muitos e muitos anos eles não fazem uma conjunção tão longa!
Uma única palavra me vem a mente dessa profunda experiência, Eunice; Porque eu me orgulho de ter empreendido a dangerossima viagem: Catarse. Meu dilema é LIBERDADE versus SEGURANÇA. Mas ei de vencê-lo. Bjo grande, maravilhoso o artigo, bem como os tantos outros generosos compartilhamentos.
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