A Semana Astrológica: o peso da desesperança

Semana de 23 a 29 de novembro

A vida às vezes muda de forma inexorável, à revelia da nossa vontade… Às vezes isso ocorre de forma abrupta – um piscar de olhos e tudo se altera definitivamente. Em outras situações, a mudança vai se instalando sutilmente, vagarosamente, quase que imperceptivelmente e só conseguimos nos dar conta do porte e da grandeza de tal transformação quando olhamos em retrospecto, porque enquanto estamos no momento temos apenas uma vaga noção de que algo se move, embora não saibamos definir o quê. É como estar num navio imenso em alto mar, em que a embarcação parece se mover muito lentamente, embora esteja na verdade viajando a uma velocidade considerável – a velocidade média dos navios de cruzeiro varia entre 50 e 100 Km/h. Como não temos referências de pontos fixos ou de continente, fica mais difícil perceber a real velocidade do veículo.

Vivemos um tempo em que percebemos as mudanças nestas duas formas: há tanto mudanças radicais e completamente abruptas, como há também alguns movimentos mais sutis dos quais só nos damos conta depois que se instalaram de forma definitiva. Estas semanas que vivemos até o fim de dezembro exemplificam de forma especial esses padrões. A começar por esta semana, que está muito pesada, como se carregássemos o peso do mundo inteiro sobre nossos ombros, mas mais pesada ainda é a incerteza do que nos aguarda ali à frente, a desesperança.  Essa é uma semana super importante que vê a primeira quadratura Saturno-Netuno acontecer, a primeira de uma série de três e a significadora desse peso todo que carregamos no coração. Essa primeira quadratura ganha potência porque está praticamente exata no dia da Lua Cheia, que tende a tornar tudo ainda mais dramático e intenso. Saturno ganha os aliados Sol e Mercúrio, que fazem conjunção a ele por estes dias e Netuno fica encurralado em Peixes, com Sol, Mercúrio e Saturno do lado Sagitariano e a Lua do outro, em Gêmeos. Uma Lua Cheia que pode exacerbar ainda mais o fundamentalismo de grupos religiosos, que podem, por sua vez, desencadear o caos em pontos diversos do planeta, como já estamos vendo acontecer em várias partes do mundo. Uma Lua Cheia que vem acentuar, de forma muito dolorosa, o peso da nossa desesperança. 

Além da Lua Cheia e da primeira quadratura exata entre Saturno e Netuno, Sol e Mercúrio fazem conjunção a Saturno e depois quadratura a Netuno. Marte em Libra também faz quincunce ao mesmo Netuno, daí o fato de essa quadratura ficar tão potencializada nesta semana. Mercúrio ainda faz sextil a Marte, dando uma voz mais direta a Marte, que fica meio hesitante e cheio de dedos em Libra. Mas essa hesitação Marciana pode depois virar uma metralhadora ressentida, atirando pelos motivos errados, na hora errada, nos alvos errados.

Vênus em Libra, que é toda voltada para a construção de parcerias e que poderia ajudar com suas habilidades diplomáticas, encara nesta semana a necessidade de ser independente e mais direta, necessidade representada pela oposição a Urano em Áries e a quadratura separativa a Plutão, além do quincunce a Quíron – portanto, Vênus não pode se dar ao luxo de ser conciliadora por estes dias. Nos relacionamentos esse dilema pode se constelar de forma clássica, com um dos parceiros querendo compromisso e outro pulando pela janela ainda com as calças/ou saias nas mãos. É realmente muito difícil conciliar esse conflito entre querer estabelecer relações sérias e duradouras e ainda assim manter um senso de individualidade, liberdade e independência. Urano também acorda nosso lado mais libriano e conciliador para o risco, sempre presente, de nos perdermos no outro, de tentarmos agradar em demasia só para sermos parte de um casal – de abrirmos mão de quem somos por medo da solidão e do anonimato romântico. De modo mais geral e social, esses movimentos requerem cautela nos mercados financeiros, que tendem a ficar bastante instáveis e voláteis. Socialmente também há grande instabilidade e inquietação, como uma ameça a nos rondar, como se o chão fosse ruir sob nossos pés a qualquer momento – isso nem tanto por causa de Vênus, mas por causa de todo o contexto.

E como se não bastasse tudo isso, ainda temos Quíron voltando ao movimento direto no domingo. Quíron estacionou em 23 de junho a 21°33’ de Peixes e estaciona novamente para retornar ao movimento direto no sábado, dia 28, a 16°56’ de Peixes. Anna Maria Costa Ribeiro diz que um planeta, quando retrógrado, tem uma tendência à dissimulação de seus princípios e necessita de esforço de integração com o mundo externo. Nestes cinco meses em que Quíron ficou retrógrado, talvez tenhamos tentado ignorar ou dissimular algumas de nossas dores mais excruciantes; talvez tenhamos postergado o enfrentamento de algumas feridas e choques psíquicos com os quais não conseguíamos lidar. Escolhemos não ver, simplesmente. Agora que Quíron começa a se mover para a frente, temos a chance, ou melhor, precisamos parar com a dissimulação e lidar com estes assuntos, até porque, só conseguiremos chegar à cura quando não precisarmos mais dissimular coisa nenhuma, sendo este um dos sinais de que se está curado do que quer que seja: a gente não precisa mais fingir, não precisa mais criar desculpas – a gente simplesmente não se importa mais, ou, pelo menos, a gente consegue olhar as coisas que antes nos machucavam sem que aquilo nos incomode tanto e talvez até consigamos compreender o porquê de tais situações nos terem “acontecido”.

A Lua abre a semana na fase Corcunda, em Áries. Consolida seus esforços em Touro e torna-se plena e Cheia em Gêmeos na quarta-feira. Fecha a semana na fase Disseminadora, em Câncer, no domingo.

Dia a dia

A SEGUNDA-FEIRA começa com a Lua Vazia em Áries, depois da conjunção a Urano, ocorrida ainda no domingo. Além de vazia, ela fica muitas horas sem fazer aspecto nenhum, amanhecendo bem isolada. A Lua entra em Touro às 14h26mine logo faz quincunce ao Sol recém ingresso em Sagitário. Vênus está hoje em oposição plena a Urano e em quincunce, também exato, a Quíron. A Lua também faz sesqui-quadratura a Júpiter e quincunce a Mercúrio, virando foco de um Yod-Dedo de Deus. Como ela faz sextil a Netuno em Peixes e quincunce a Marte (aspectos exato na madrugada de terça), Marte também vira foco de outro Yod. A segunda começa meio irritadiça, estamos feito bicho enjaulado, ou feito fera selvagem com a pata ferida que não deixa ninguém se aproximar para ajudar. As coisas estão desconexas dentro de nós e consequentemente o mundo também parece estar fora de sincronia. Temos dificuldade de nomear o que sentimos e mais ainda de expressar nossas necessidades, então, o dia fica passível de pequenas explosões de irritação e rebeldia. À tarde, quando começamos a achar nosso “chão”, as coisas poderiam se encaixar e entrar nos eixos, mas se antes não identificávamos o que sentíamos, agora não só identificamos, mas o sentimos intensamente, fisicamente até. Precisamos encarar algumas verdades emocionais que estão em dissonância com nossas “boas intenções” conscientes e um dilema se instala, entre sermos práticos ou intuitivos.

Precisamos fazer a sintonia fina interna – é isso ou corremos o risco de nos auto-sabotar mais adiante, ou até hoje mesmo, porque o fim do dia fica mais tenso e nos sentimos encurralados e pressionados por forças invisíveis de um lado e por promessas que tenhamos feito anteriormente e que agora percebemos, está difícil de cumprir. Juntando o pragmatismo com o excesso de franqueza, talvez nos vejamos às voltas com situações em que voltamos atrás no que dissemos, no que planejamos ou pretendíamos, ou ainda talvez sejamos pressionados a revelar segredos ou situações iniciadas lá na Lua Nova… De um jeito ou de outro, precisamos lidar com a situação de forma prática e simples, porque não adianta chorar sobre o leite derramado, precisamos mesmo é registrar o aprendizado. Vênus em contatos tensos com Quíron e Urano, exatos hoje, demanda que despertemos para algumas dores, aborrecimentos e dissabores que insistimos em ignorar.

Precisamos encarar a verdade dos fatos e quanto mais “deselegantes” e sórdidas forem estas verdades, mais honestos precisamos ser. Desapegar-mo-nos dos ideais “bonitinhos” e insossos de relações perfeitamente planejadas e cheias de expectativas. Se tivermos coragem de nos mostrar tal como realmente somos, com nossas verdadeiras cores e em contrapartida, de igualmente  aceitar o outro tal qual é, talvez nos surpreendamos positivamente com relações mais prazerosas e genuinamente felizes, em lugar daqueles passos e falas ensaiados, mas vazios. Lua e Vênus estão em oposição por signo, sugerindo uma cisão no lado feminino, esteja ele na psique de mulheres ou de homens. É preciso encarar também as necessidades dissonantes dos desejos, que geram conflitos atrozes, não só internamente, mas também no mundo exterior, especialmente quando não estamos plenamente conscientes dessas contradições. Ser independente e livre ou ser parte de um casal; buscar a aceitação social ou mandar tudo às favas para focar na própria individualidade; conciliar nosso lado mais selvagem e primitivo com a necessidade social por civilidade… Damos conta de mediar esse conflito sem nos partir ao meio?

Esse climão de estrangulamento perdura pela madrugada de TERÇA-FEIRA, perturbando a tranquilidade do sono porque os Yods Mercúrio-Marte-Lua e Lua-Netuno-Marte ficam formados por algumas horas. Ao longo do dia, porém, a Lua realiza aspectos mais favoráveis: faz trígonos a Plutão e a Júpiter, formando um Grande Trígono de Terra, que vira Pipa, devido ao sextil a Quíron, super desacelerado. Entretanto, a Lua faz também quincunce a Vênus e junto com Quíron, torna-a foco de outro Yod. Saturno está a três minutos da quadratura a Netuno. A Lua fica vazia às 23h27min, depois do trígono a Júpiter. Um Grande Trígono que talvez nos ajude a encarar os problemas com pragmatismo e talvez minimizar, nem que seja por um dia, a sensação de desesperança e fadiga que tem tomado conta de nós nos últimos tempos. Apazígua, mas não resolve. Estamos diante de um abismo, ou melhor, de um lamaçal de desilusões, que é nossa condição neste planeta, em termos sociais, políticos, religiosos, ambientais… E olhamos para nós mesmos e nos percebemos completamente incapazes de mudar algo, até em nossas próprias vidas. Entre sonhos, ilusões desfeitas e a realidade nua e crua a nos apontar o dedo acusadora, talvez cedamos e nos desequilibremos momentaneamente, incapazes de lidar com tanto desajuste. Mas aqui mora o potencial de transformação porque Urano, em oposição a essa Vênus foco do Yod aponta que a saída é pela verdadeira revolução individual de cada um, enquanto não mudamos nós, não muda o mundo. Rebelar-nos contra o excesso de placidez e conciliação. Felizmente este Grande Trígono nos dá alguma sustentação de maneira que conseguimos “segurar a onda” e manter os pés no chão e a cabeça no lugar. Conseguimos olhar de forma mais prática e adotar algumas medidas objetivas que nos ajudem de alguma maneira a ser realistas, mas com temperança, com um estoicismo de quem não sabe o que o futuro traz e se prepara o melhor que pode para lidar com as coisas como elas são: sem expectativas. E, se não podemos curar o mundo todo, podemos pelo menos cuidar do nosso entorno e fazer pequenas coisas, mudar pequenas atitudes concretas que melhorem de forma prática situações pontuais.

A Lua entra a QUARTA-FEIRA vazia em Touro. Mercúrio faz conjunção a Saturno e quadratura a Netuno, que já estão quase exatos também. A Lua ingressa em Gêmeos somente às 15h16min e é Cheia às 20h44min, a 03°20’ de Gêmeos, em quadratura a Netuno e oposição a Saturno e Mercúrio, além do Sol. A quarta-feira começa muito preguiçosa e em marcha lenta. É difícil concatenar as ideias quando o corpo está “pesadão” e querendo apenas repouso, especialmente porque a mente está incomumente pessimista e sombria hoje. Sentimos o peso da realidade massacrando nossa visão extremamente idealista da vida e do mundo. Ou talvez nos identifiquemos em demasia com o cobrador dos impostos morais e apontemos o dedo para aqueles que julgamos menos íntegros do que nós. Mas será que realmente podemos apontar o dedo para alguém, quem quer que seja?

Hoje nos deparamos com uma realidade sombria, ainda mais sombria do que tínhamos intuído e embora talvez possamos dizer que tal realidade não é nossa “culpa” direta, não podemos, de forma alguma, nos isentar da responsabilidade moral pelo estado em que o mundo está, porque estamos neste planeta, e de um jeito ou de outro, contribuímos para a forma com que ele se apresenta – nós construímos essa realidade em que nos encontramos, direta ou indiretamente, por ação ou omissão. A Lua Cheia potencializa de forma severa e ampla os temas da quadratura SATURNO-NETUNO, Gêmeos-Sagitário é o eixo da propagação de informações, crenças, conhecimento. Então, se ainda havia alguém neste planeta inconsciente do abismo e do desastre material, ambiental, espiritual que construímos para nós mesmos ao longos dos séculos, agora não poderá mais argumentar desconhecimento, porque os ventos da Lua Cheia Geminiana espalharão essas verdades sombrias aos quatro cantos do mundo  e quem não souber via meios formais, intuirá ou sentirá no âmago do ser que algo está mesmo muito errado – precisamos lidar com as consequências da desintegração física e moral do mundo que criamos. O preço da ignorância será mais alto no futuro, portanto, não há escolha.  Mas se essas influências propagam as verdades das quais não podemos fugir, também trazem o potencial de buscarmos soluções práticas no aqui e agora, que possibilitem  uma cura, ou pelo menos uma maior consciência da interconexão da vida. Mais sobre a Lua Cheia na quarta-feira.

Saturno em Sagitário completa a primeira quadratura plena a Netuno em Peixes na QUINTA-FEIRA, dia portentoso, que torna mais aguda a sensação de desamparo que viemos sentindo há muitas semanas – leia sobre Saturno-Netuno. A Lua está envolvida em duas T-Squares Mutáveis, uma separativa envolvendo Sol, Mercúrio, Saturno e Netuno e a outra envolvendo Júpiter e Quíron, da qual ela, dona Lua, é o foco. Como ajuda ela faz trígono a Marte e Vênus em Libra e sextil a Urano em Áries, mas também faz quincunce a Plutão em Capricórnio. Qual o preço de uma boa vida? Qual o custo de uma vida boa? O que é uma vida boa – sob a perspectiva de quem? Será que precisamos mesmo de toda essa parafernália consumista e tecnológica que se torna obsoleta tão logo é comprada? Como é que viemos parar nesse buraco sem saída em que nos encontramos? Um buraco que é tanto econômico quanto social, moral, religioso e espiritual? Um ponto de interrogação nas nossas crenças, uma dissolvição nas verdades absolutas que acalentamos por tanto tempo, a confrontação da falácia das responsabilidades não assumidas na construção deste mundo pós-moderno. Um dia sujeito a muitas crises, em que precisamos confrontar nossa imoralidade e amoralidade no que tange aos desmandos empreendidos contra o planeta, contra a natureza e em última instância, contra o próprio ser humano. Estamos encalacrados, mental e espiritualmente, sem saída possível que não seja admitir que falhamos miseravelmente na condução deste “mundo novo” com o qual sonhamos tanto e que agora está ruindo sob nossos pés, porque não tem sustentação, porque foi baseado em mentiras, ilusões e engôdos e porque escolhemos postergar o enfrentamento das consequências como se nunca tivéssemos que encará-las. Será que podemos mesmo alegar que fomos enganados e ludibriados pela mídia, governos, políticos, conglomerados multinacionais? Ou fomos nós que escolhemos não ver para onde estávamos indo porque era mais confortável, porque não queríamos sair do conforto do rebanho? Será que é porque às vezes é melhor se sentir conduzido, para não se ter que arcar com responsabilidades? São questionamentos que calam fundo na nossa mente e também na alma e se há uma solução ou cura possível, ela passa primeira pelo enfrentamento dessas verdades duras. Estamos dispostos a olhar para nós mesmos e assumir nossa parcela de responsabilidade?

Ainda em quadratura a Júpiter em Virgem, a Lua, Cheia em Gêmeos, abre a SEXTA-FEIRA. A Lua se harmoniza com Vênus e fica vazia depois deste contato, à 01h36min. Ingressa em Câncer somente às 17h27min. Quíron estaciona a 16°56’ de Peixes. Mercúrio, regente da Lua, está em Sagitário, separando-se da conjunção a Saturno e da quadratura a Netuno e aproximando-se outra T-Square, com Júpiter e Quíron. Um dia em que talvez precisemos calar a mente e entrar em estado meditativo, o que quer que estejamos fazendo, ao invés de nos espalhar em muitas direções. Um dia inteiro de Lua vazia, que sugere reflexão e ponderação. Por mais que tenhamos impulsos de voejar por aí, talvez seja melhor conter a inquietação ou desperdiçaremos tempo e energia porque as conexões hoje estão interrompidas temporariamente. Antes de ir lá fora é preciso encontrar a ancoragem adequada, para que a mente não fique excessivamente inflada de pensamentos fúteis, superficiais e vazios, perdida nas próprias voltas e dobraduras infinitas. Talvez seja mais útil e proveitoso repassar planos, fazer análises mais profundas acerca das pontes que devemos construir e dos acordos que precisam ser negociados. Hoje apenas se alinhava, para que o ponto e a costura definitiva sejam feitos depois. Temos muito tempo e muito estímulo mental, então, podemos nos perguntar: aonde chegamos com tanto conhecimento e tantas habilidades? Como podemos colocar tal conhecimento e habilidades a serviço da melhoria da vida? Que ideias simples mas viáveis podem  nos apontar soluções criativas para as dificuldades que estamos enfrentando? Às vezes, em momentos de descompromisso relaxamos da pressão e as ideias podem fluir melhor e mai criativamente – não desperdicemos essas oportunidades.

No SÁBADO a Lua Canceriana faz quincunces ao Sol, Saturno e Mercúrio em Sagitário. Faz também quadratura a Marte em Libra e a Urano em Áries, além de se opor a Plutão em Capricórnio, formando, os quatro, uma Grande Cruz Cardinal que deixa o sábado bastante tenso. A Lua ainda faz trígonos a Netuno e a Quíron em Peixes, que estaciona para voltar ao movimento direto às 04h43min. O Sol faz conjunção a Saturno, exata amanhã. Alguns dos conflitos que pipocam neste sábado podem nos lembrar de tantos outros ocorridos entre março e julho do ano passado, quando tivemos essa mesma Grande Cruz armada por muitos meses – exceto pela presença de Júpiter, que está hoje em Virgem. O sábado fica carregado com uma atmosfera reativa e inflamável. Contendas e antagonismos envolvendo questões familiares e relacionais, que sofrem com as pressões provenientes do trabalho, da vida pública e dos papéis e expectativas sociais. O indivíduo não quer ceder, pois sente que já negociou em demasia; a família faz drama e talvez recorra a chantagens e alguma manipulação; o parceiro reclama de ficar sempre em último lugar; o patrão cobra mais comprometimento… No fim, ficamos estrangulados neste curto-circuito, fechado e perigoso. É preciso tomar decisões e já; fazer escolhas que permitam que tenhamos mais desenvoltura, que criem tempo e espaço para darmos prioridade ao que de fato é prioridade. Se assim não for, podemos explodir nossa raiva e frustração, nossa agressividade passiva nos lugares errados, inclusive contra nós mesmos. Uma maneira de contornar toda essa reatividade é tentar nos colocar no lugar do outro e ter compaixão por seus dilemas, que certamente são muito parecidos com os nossos – ao invés de percebê-lo como inimigo ou opositor, tentar entender suas motivações e razões, porque ele é um reflexo da dificuldade interna que teimamos em não ver. Por outro lado, toda essa energia cardinal exige canalização e seria um grande desperdício não empregá-la em alguma atividade criativa que exija toda essa capacidade de liderança, de gestão e de execução. É preciso pois entrar em ação, pois a inatividade hoje pode ser letal ou pelo menos, perigosa. Onde podemos empregar toda essa estamina e energia de alta voltagem?

John Roddam Spencer Stanhope_Prerrafaelita
John Roddam Spencer Stanhope – Artista Pre-rafaelita – Reprodução do Wikimedia Commons

O DOMINGO chega com essas e outras tensões. A Lua Canceriana faz sextil a Júpiter em Virgem e quadratura a Vênus em Libra, ficando vazia depois deste contato, às 10h47min. A Lua ainda faz sesqui-quadraturas a Saturno e ao Sol em Sagitário, tornando-se Disseminadora a partir deste aspecto com o Sol. O sol está em conjunção plena a Saturno  e em quadratura a Netuno em Peixes. Hoje o peso da cobrança simbolizada por Saturno-Netuno recai sobre nossos ombros de forma mais consciente – parece que despertamos de um sonho nebuloso para uma realidade penosa, inclemente. Talvez a pregação do padre, do pastor, do guru ou mesmo do nosso alter-ego interno seja bastante implacável, o que nos faz balançar e resvalar em culpas ancestrais. Uma sensação terrivelmente incômoda de peso, desesperança, insegurança, incerteza colore o dia de cinza. Nossos “pecados”, sejam eles pessoais, sociais ou coletivos estão escancarados dentro de nós e à nossa frente. Como pudemos nos enganar por tanto tempo?  A consciência de tais “pecados”, dívidas coletivas sejam elas materiais ou energéticas, delitos e transgressões sociais, nos faz sentir como no momento da Queda de Adão, da expulsão do paraíso, porque é assim que nos sentimos hoje: excluídos do amor do pai e sujeitos à sua fúria e olhar reprovador, um Pai que é um Javé legislador e implacável. Mas se nos conscientizamos de nossa queda e de nossa falibilidade, não é para nos prostrarmos na histeria moralista e autoflagelante, na culpa hipócrita que nada retrata, atitudes que também não trarão nenhuma solução prática. Antes, precisamos utilizar essa nova consciência para mudar o que realmente pode ser mudado: nossa atitude pessoal; primar pela integridade que nos dita para Ser o que se é, falar o que se crê, crer no que se prega, viver o que se proclama, até as últimas consequências” (Dom Pedro Casaldáliga). Assim chegamos a um senso sólido e consistente de autoridade interior que prescinde de moralismos e outros ismos fajutos e que está disposta a se comprometer para transformar, de fato, o mundo em que vivemos, a partir da fé, da visão de um mundo mais justo, do conhecimento aplicado – elementos que devem se manifestar em ações concretas e na nossa atitude mais consciente e mais responsável, e que engloba as perspectivas física, mental, sentimental e espiritual. Será que conseguimos?

Uma semana de paz, discernimento, consciência e luz para você, onde você estiver!

mariaeunicesousa

Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

5 thoughts on “A Semana Astrológica: o peso da desesperança

  • 23 de novembro de 2015 em 23:08
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    Sua lucidez é reconfortante em meio a tantos outros artigos sem a sua profundidade.
    Parabéns!

    Resposta
  • 28 de novembro de 2015 em 17:05
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    Muito interessante, é sem dúvida bastante longa o que provavelmente muitas pessoas não irão ler,” o que é pena” Gostaria muito de esclarecer muitas das minhas dúvidas, pois, acho muito esclarecedor para certas situações com que nos deparamos no dia a dia “provavelmente estará aqui grandes resposta”…Deixo o meu Abraço e um Muito Obrigado. Boa Sorte, Saúde, Paz, Luz e Tudo o que desejar. Abraço

    Resposta
    • 6 de dezembro de 2015 em 22:53
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      Obrigada a você também, Helena, pelo precioso feedback!
      Outro abraço fraterno para você! Volte sempre!
      🙂

      Resposta
  • 29 de novembro de 2015 em 21:13
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    “Será que conseguimos?”

    Uma pena ter conseguido ler o texto só hoje, o último dia da semana.. E me surpreendi como me foi (está sendo) certeiro.

    Paz

    Resposta
    • 6 de dezembro de 2015 em 22:52
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      Obrigada pela visita, de qualquer forma, Thamara!
      Volte sempre!
      Será sempre um prazer ter sua companhia!
      😀

      Resposta

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