Lua Nova em Sagitário – Moldando a realidade

Começamos mais um ciclo lunar nesta segunda, dia 18 de dezembro, às 04h40min no horário de Brasília e às 06h40min no horário de Lisboa. A Lua se renova a 26°31’ de Sagitário, separando-se de uma conjunção a Vênus e estando, Lua e Sol, também em trígono a Urano e em quadratura a Quíron. Mas, mais importante é a conjunção a Saturno, dois dias antes de este ingressar em Capricórnio, o que nos diz que essa lunação vem enfatizar o trânsito de Saturno por Sagitário! É como se, depois de três anos neste signo, ainda temos a chance de finalizar qualquer coisa que tenha ficado pendente a este respeito. Mesmo Saturno ingressando em Capricórnio no dia 20, ainda teremos algumas reverberações de Saturno em Sagitário até que se finde este ciclo da lunação de hoje.

O ciclo de Sagitário é o período do ano de nos projetarmos no futuro, qual lança ou flecha arremessada muito longe, no espaço a perder de vista, mas num alvo que enxergamos com nossa imaginação e com nossa fé! É o período de ampliarmos nossas possibilidades, nossa percepção da realidade, de buscarmos nos expandir, material e filosoficamente. O trígono a Urano ressalta esse impulso para o futuro, entretanto, a conjunção a Saturno indica que precisamos olhar para este futuro com muito realismo, pragmatismo, pé no chão. Não dá para apostar alto demais sem medir as consequências; não dá para sermos ingênuos – não podemos nos dar a esse luxo! Não dá para fingir que não vemos as dificuldades e limitações que estão diante de nós! Não. Ainda assim, precisamos olhar para o futuro e acreditar que podemos aspirar a melhorias, desde que estejamos dispostos a assumir nossa responsabilidade e a trabalhar muito e conscientemente por tais melhorias! Precisamos ter fé e esperança, mas também precisamos trabalhar duro, e muito!

O grau 26° de Sagitário também é chamado o Centro da Galáxia, seria o “Sol” do nosso Sol, o coração do Sistema Solar! Uma lunação neste grau sugere que precisamos estar mais conscientes, atentos e despertos do que nunca, para nossos propósitos como indivíduos, como também para os propósitos da espécie humana, da vida na Terra. Isso aumenta nossa responsabilidade, não só no âmbito individual, mas também quanto à contribuição humana que damos no lugar em que estamos, naquilo que fazemos, no dia a dia e no longo termo. Qual a contribuição que damos? Aumentamos o peso ou trazemos leveza?

Lua Nova em Sagitário – Brasília, 18 de dezembro, 04h40min

Olhando este mapa mais de perto, além do que já foi dito sobre os aspectos que a Lua Nova faz, vemos que temos seis corpos celestes em Fogo: Urano em Áries e Mercúrio, Vênus, Sol, Lua e Saturno, todos em Sagitário. Apenas Plutão em Terra! Muitas aspirações, muito otimismo e idealismo, mas como vamos concretizar tais aspirações? Temos as condições necessárias? Em alguns casos ou situações, pode ser que resvalemos no oposto da polaridade, e nos tornemos céticos, duros, desconfiados da vida e de suas possibilidades, com medo do que nos espera ao virar da esquina… Um único planeta num elemento, muitas vezes, pode se manifestar com muita força, como mecanismo de compensação.

Também não há Ar neste mapa. Há três planetas em Água, o elemento oposto: Marte, Júpiter e Netuno, mais o asteroide Quíron. Então, não há objetividade para analisarmos e julgarmos as coisas adequadamente, vamos de um extremo a outro, sem conseguir achar o caminho do meio. Um mapa/céu composto de Fogo e Água nos diz há excesso de subjetividade, um olhar unilateral para as coisas, uma falta de imparcialidade. Pode ser então um ciclo em que estamos meio cegos pelas nossas paixões, pelas nossas convicções e crenças, o que requer cautela porque vemos tudo colorido pelas nossas próprias cores, e não como as coisas são realmente, com suas cores reais. Mais uma vez, a presença forte de Saturno aponta para a necessidade de realismo e atenção aos limites. Há que se ter cautela com a expressão de opiniões apaixonadas – característica do trânsito de Saturno por Sagitário e que nestas últimas semanas poderão ficar ainda exacerbadas. Não precisamos ter uma opinião sobre tudo, nem temos que expressá-la aos quatro cantos do mundo via redes sociais! Quem disse que o falamos sobre A ou B é tão notável? E de opinião, logo emitimos um julgamento, uma condenação, às vezes sem nem mesmo estar cientes de todos os fatos e detalhes… Precisamos ter mais humildade! Não somos tão importantes assim! Possivelmente o trânsito de Saturno por Capricórnio nos faça cair mais na “real”, dos exageros que andamos cometendo, em nome de expressar aquilo em que “acreditamos”.

Júpiter, regente da Lua Nova, está atualmente em Escorpião, simbolizando que muitos “podres” que ficaram escondidos por muito tempo agora chegam ao conhecimento público, são discutidos e abordados, para que a própria hipocrisia social seja enfrentada.  embora de uma forma diferente, Júpiter em Escorpião sugere algo parecido ao texto de Saturno em Sagitário: a verdade precisa ser vista, resgatada, purgada, ou nossos ideias cairão por terra, frágeis e ocos!

Além disso, precisamos nos dar conta de que estamos num tempo de transição, no limiar de algo novo, ainda obscuro e incógnito; estamos saindo de um mundo e uma realidade que conhecíamos, entrando num mundo e tempo desconhecidos e períodos de transição são sempre estressantes, porque trazem muita insegurança, muita incerteza, medo! Havemos de nos dar conta do que precisamos fazer, por nós mesmos, e vigiar para não cair presas do medo coletivo. Michael Lutin diz que Saturn representa a ansiedade atual presente na mente da massa e agora Saturno está, ele mesmo, em transição… Nossos medos se modificam junto, mas não podemos deixar que nos dominem e levem a melhor de nós. É necessário nos conscientizarmos sobre eles, para que não rejam nossa vida e nossas decisões. É necessário mantermos e preservarmos o senso de individualidade, num momento em que a massa está sintonizada com o medo, o terror, a rigidez, a intolerância. Num momento em que o discurso se tornou vazio e o falatório opinioso, ensurdecedor, é necessário calar, silenciar, para achar nossa própria voz interna e escutar o que ela tem a nos dizer. Seguir o ritmo to tambor interno, o coração, para nos preservar de batidas ilusórias que nos levarão ao precipício.

Este céu também traz uma forte concentração de planetas num espaço que compreende cerca de 170 graus, entre os signos de Escorpião e Áries, uma formação de Tigela, com Marte na liderança. Esse padrão e o fato de ser liderado por Marte, por um lado, aumenta a subjetividade e a “cegueira” intelectual, a paixão por nossas convicções o que pede mais atenção; positivamente sugere muita determinação e vontade de realizar os objetivos, sejam eles quais forem!

Neste mapa, Sol e Lua fizeram conjunção a Vênus, a beleza, o prazer, a harmonia, a leveza. Logo depois se depararam com o desprazer e a dor representados por Quíron; a percepção de que, mesmo as situações mais prazerosas e felizes às vezes não são suficientes para nos fazer esquecer das nossas chagas e feridas; tiveram ainda um encontro fortuito com Urano, aspirações de mudanças, frescor, novidades; por fim, Sol e Lua encontram, intimamente, a Saturno e precisam – precisamos – fazer um contraponto, uma síntese bastante realista entre – Vênus,  Quíron e Urano entre o prazer, a dor e a elaboração intelectual disso; a leveza e o peso de viver, de estarmos vivos, no aqui e agora, embora aspirando ao futuro e a novas possibilidades.

Portanto, apesar de Saturno entrar em Capricórnio no dia 20, depois de amanhã, muitos temas e assuntos relativos a Saturno em Sagitário ainda estarão repercutindo e ressoando até o dia 16 de janeiro, data da próxima Lua Nova. Que temas são estes? Leis, juízes, magistrados, relações internacionais, imigração, fé, religiões, espiritualidade, filosofias, educação, vida acadêmica, universidades, conhecimento erudito… Tudo o que foi auditado recentemente e no último minuto, ainda sobra uma lauda para escrever, uma questão para pontuar, um último puxão de orelha a dar ou a tomar.

O Símbolo Sabiano para o grau 27° (26°31’) de Sagitário traz uma imagem maravilhosa: “Um Escultor fazendo seu trabalho”. O tom principal deste símbolo, de acordo com Dane Rudhyar, é a capacidade de projetar uma visão e dar forma à matéria. Analisando este símbolo, Rudhyar nos diz que “nesse estágio, vemos o indivíduo expressar sua individualidade única. Ele tira os materiais do seu ambiente sócio-geográfico e os molda para que revelem a outras pessoas algo da sua vida interior e de seu propósito”.

Sagitário é um dos signos relacionados à figura do Puer Aeternus, a criança eterna, divina, cheia de potenciais criativos e luminosos. Sua versão moderna é o Peter Pan. Ocorre que Puer tem muita dificuldade de realizar esses potenciais criativos, porque luta com os limites impostos pela realidade, pela encarnação. Enquanto está elaborando, imaginando, suas ideias são brilhantes e perfeitas, mas, uma vez concretizadas, por mais que seja uma obra-prima, não será perfeita, porque é da natureza da realidade e da matéria serem imperfeitas, e a concretização de qualquer coisa se dá através da matéria, então, toda realização, é necessariamente imperfeita. Esse é o desafio do artista e de qualquer um que queira realizar qualquer coisa: lidar com a imperfeição, lidar com o desapontamento de ver seu feito e sua obra não fazerem jus à integridade e ao primor da imaginação e, ainda assim, ele precisa moldar a matéria e realizar sua obra. O Puer precisa crescer e integrar o Senex, o Velho arquetípico, o outro lado da polaridade: é preciso crescer e amadurecer, sem se tornar cínico, descrente, insípido, seco. É preciso amadurecer, mantendo a graça do encantamento, mesmo nos períodos incertos, difíceis, tenebrosos, de terror e dureza.

Nestes últimos anos fomos confrontados com o desmoronamento de muitas das nossas crenças e esperanças, aquelas crenças vazias, aquelas esperanças ilusórias… Muitas não passaram no teste de realidade de Saturno, algumas se provaram verdadeiras e confiáveis. O mundo mudou e está mudando cada vez mais rápido, de modo que o futuro que aconteceria amanhã, já bate na nossa porta hoje, tão vertiginoso é o ritmo das mudanças… Isso é assustador, especialmente porque muitas máscaras caíram e continuam a cair. Contudo, mesmo diante dessa instabilidade, é preciso reavaliar nossos recursos com olhar crítico, rever o curso da nossa jornada, checar a bússola e retomar o caminho, seja o caminho antigo ou um novo, numa mesma direção ou noutra, completamente diferente. Apontar a flecha para o alto, mirar nosso alvo, intuitivamente, mas também objetivamente, sem tirar os pés do chão – só conseguiremos mirar alto e atingir nosso alvo, se estivermos devidamente ancorados, solidamente, na realidade. Realisticamente, apostar feito o artista, que sabe que a matéria não fará jus à sua ideia criativa, e ainda assim, transpor a imaginação para tal matéria limitada e regozijar-se com os resultados. Para dar forma à imaginação, é preciso abrir mão dos ideais de perfeição.

Como diz Rudhyar, “O ‘escultor’ representa o homem como uma intenção individual criativa de deixar sua marca na sociedade. Este é um símbolo da capacidade do homem de transformar a matéria-prima de acordo com sua visão pessoal – assim, é um símbolo de auto-projeção num trabalho ou obra”. E se a matéria é a realidade, estamos falando de moldar nossa realidade, de estar conscientes da realidade que criamos – não estou falando da lenga-lenga da auto-ajuda, mas dos nossos pensamentos, ações e atitudes diários, dos hábitos que não nos damos conta que moldam nossa vida. Como moldamos essa realidade? Estamos conscientes disso?  Este símbolo ilustra perfeitamente os temas dessa lunação, acontecendo em conjunção a Saturno! Precisamos nos responsabilizar pela nossa visão, pelo sonho! A Criança Eterna precisa crescer, enfrentar a realidade, sem se deixar amargar ou paralisar pelo seu peso! A despeito de toda a descrença, dentro e fora de nós, ainda precisamos acreditar na obra criativa que queremos realizar e crer que ela fará diferença, apesar de tudo, ou talvez, por causa de tudo que temos visto acontecer. Insistir na obra criativa, insistir em se melhorar, mesmo com o mundo desmoronando ao redor. Quanto mais enlouquece o mundo, mais sãos e conscientes precisamos estar!

Feliz Novo Ciclo para você!

mariaeunicesousa

Maria Eunice Sousa é astróloga de orientação psicológica, formada pelo Centro de Astrologia Psicológica de Londres, fundado e dirigido por Liz Greene. Mora em Cuiabá, onde atende com Astrologia, trabalhando também como tradutora e intérprete (Inglês-Português). Além de Mapa Natal e Revolução Solar, também atende com Astrocartografia e Espaço Local (formada pelo Kepler College), Mapa Infantil, Mapa de Relacionamento e Mapa Vocacional.

5 thoughts on “Lua Nova em Sagitário – Moldando a realidade

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  • 19 de dezembro de 2017 em 13:27
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    Ah preciso dizer que te amo muito, Maria Eunice. De coração. Como sombra que busca a luz vim aqui atrás de suas palavras. Parabéns pelo excelente texto.
    Não é mesmo lenga-lenga de autoajuda… Há profunda compreensão na percepção de esferas sutis à algo demasiadamente humano aqui transcrito e que, enxugou minhas lágrimas, insuflou animo e vida ao meu espirito.
    Obrigada, Senhora das Estrelas!
    Feliz novo ciclo a todos nós.
    Abç.

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  • 22 de dezembro de 2017 em 16:14
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    Você é ótima . vou com certeza fazer meu mapa com vc

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  • 12 de janeiro de 2018 em 09:38
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    Bom dia, Maria Eunice. O blog parou? ou você está de merecidas férias? porque desde o dia 18/12 que não temos mais publicações. Não foi falado nada sobre a entrada do sol em capricórnio, a chegada de saturno no referido signo. Sobre a super lua no signo de câncer. Senti falta da interpretação desses eventos sob o seu olhar. Espero que retorne em breve. Abraço.

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